Não quero ser  pessimista, porém, embasado em fatos tenho, com segurança, a resposta. É claro que não podemos ser tão radicais na concepção, pois se fizermos uma retrospectiva com relação à educação brasileira, certamente, tivemos grandes avanços, todavia, é preciso avançar ainda mais. A meu ver somos, exageradamente, releitores de modelos de educação, protótipos esses que muitas vezes estão “vencidos”, passíveis de reavaliações, no entanto, continuam em pleno vigor em nosso sistema de ensino.

Temos um celeiro de grandes pensadores, intelectuais de alto nível, que nasceram, se formaram, contribuíram e continuam transmitindo seus conhecimentos às gerações, mas, segundo Darcy Ribeiro, nosso país padece de uma doença crônica: a tendência de copiar e imitar modelos.  Chegou a hora em que devemos pensar grande, aplicarmos nossas ideias, criar e buscar novos horizontes.

Recentemente presenciei uma cena assustadora em uma instituição de ensino onde, após análises, ficou constatado que haveria um alto índice de reprovação, aproximadamente, trinta e oito por cento dos alunos. Durante uma semana o clima foi tenso na escola, até que veio a ordem “suprema”. “Não aceito esse resultado, ou mudem esse percentual ou teremos aulas até o dia 24 de dezembro”. Adivinhem o que aconteceu! Após uma semana tudo estava resolvido, todos entraram de férias e o índice de reprovação caiu para nove por cento, [...].

Trabalhei durante quinze anos em escola pública, não como professor, mas como funcionário administrativo, foi uma ótima experiência, pois aprendi muito com as atividades educacionais e o convívio direto com professores e alunos. De todas as lições, cheguei a seguinte conclusão: “não basta ser professor, é preciso, acima de tudo, ter o dom, gostar e ter carinho pela profissão”. Infelizmente, nem sempre o educador é reconhecido como tal.

Sabemos que o problema da educação não é, exclusividade de uma  escola, mas, de todo o sistema educacional, temos profissionais capacitados e bem intencionados em realizar um bom trabalho, porém, estão alienados ao sistema. Cabe às autoridades constituídas e com poder de mudanças buscarem novos caminhos. Ainda há tempo. Ou faremos as correções necessárias ou continuaremos na dependência do “vizinho”. Só temos duas alternativas; mudamos o quadro da educação ou continuaremos “construindo” resultados em busca de uma vaga no “pódio”.

 

 

LAÉRCIO LEMMOS – Poeta, artista plástico e acadêmico da UFMS. -  Naviraí-MS.