A evolução da crise mundial provocada pela COVID-19 tem criado inúmeros desafios para todos os países. Empresas fechando, negócios declarando falência… Pessoas assustadas e muitas incertezas. O cenário é preocupante, mas o que podemos esperar nos próximos meses no Brasil e no resto do mundo?

Qual a perspectiva para os próximos meses?

  • Medidas do governo para vencer a crise começam a tomar corpo globalmente. O Senado Americano aprovou pacote de 10% do PIB, 2 tri USD. Câmara deve referendá-lo nessa sexta feira.

  • O consenso sobre a política pública para lidar com a nova doença evoluiu. Está se construindo a ideia de que não dá para parar o mundo por meses. Vão fazer em escala industrial respiradores, máscaras, leitos de UTI, álcool em gel. Aglomerações seguirão sendo evitadas. Os hábitos do contato social serão mudados. O tempo de quarentena será usado para fazer a infraestrutura necessária para reduzir a letalidade do vírus e tocar a vida para frente. Comunicado do G-20 data de 26/03 fala bastante da importância de salvaguardar a economia. Ninguém topa lockdown total para sempre.

  • Se mudança de curso será em 15, 30 dias ou um pouco mais de tempo, é difícil saber. Mas o ponto é que não se fala mais de meses! Estamos caminhando para um consenso de que para fazer a conta da parada brusca na economia ficar pagável e não destruir permanentemente capital demais precisamos ter um prazo limitado de quarentena e um plano de retomada.

  • Claro que o consenso ainda está em construção e há muita incerteza sobre o novo modus operandi da sociedade. Em especial a incerteza é brutal para setores como shoppings, restaurantes, vida noturna. Esses talvez tenham um repique num momento mais distante. Teremos muitas idas e vindas. Mas já está claro o ponto de chegada.

Como a economia está durante a crise?

Diante deste cenário, como a economia está resistindo à crise de COVID-19? Os dados econômicos do impacto da crise estão começando a sair reforçando a tese de que a estratégia de lockdown precisa ter um horizonte para evitar sofrimento econômico social profundo.

Além disso, inúmeros estudos mostram que para cada um ponto percentual de aumento do desemprego, X pessoas morrem. Um dos números vistos nos Estados Unidos é de 30 mil mortes para cada ponto percentual.

Se o desemprego aumentar em 30 pontos percentuais num eventual lockdown por período grande são quase 1 milhão de mortes.

Como o Governo Brasileiro está reagindo?

No Brasil a discussão de política pública caminhou na mesma direção, porém de uma forma um tanto atrapalhada: O presidente Bolsonaro fez um discurso político de dissenso, dizendo ser contra a quarentena para preservar a economia. A partir dessa polarização, começou a se procurar um meio do caminho por meio do estabelecimento de um prazo para quarentena. Prazo que permita a construção de infraestrutura da saúde necessária para reduzir a letalidade do vírus.

Com esse discurso, o presidente se isolou bastante politicamente e pode ter cruzado o Rubicão a respeito de sua permanência no cargo até o fim do mandato. Ele perdeu uma série de aliados, não pelo conteúdo de sua fala, mas sim pela forma. Essa incerteza política, é mais um risco para o desempenho do país, especialmente em meio a crise que estamos vivendo.

Na economia, publicou-se medidas fiscais de suporte a economia ainda tímidas da ordem de um quarto do que foi anunciado nos EUA em proporção do PIB. Apoio mais amplo vem sendo discutido. Mas o tempo é crucial. Uma semana de atraso representam milhões de empregos perdidos. Já deu tempo de consertar a MP 927 (trabalhista). Cadê a nova versão?

Pensando na fonte de recursos para pagar a conta a discussão sobre Imposto de Grandes Fortunas e empréstimo compulsório do lucro líquido de empresas caminham a passos largos no Congresso.