RESUMO

A evasão escolar é um fenômeno crescente na educação brasileira e possui consequências sérias para o desenvolvimento destes indivíduos. Sobretudo no Ensino Médio ela acontece com maior frequência por estar associados a indivíduos que precisam ajudar no sustento da casa e precisam evadir da escola por não conseguir conciliar estudo e trabalho.  O presente ensaio tem como objetivo propor uma reflexão sobre a Evasão no Brasil com ênfase n Ensino Médio, perpassando pelo Ensino Médio profissionalizante e trazer também a reflexão sobre as causas e consequências desta evasão escolar bem como discutir a parcela significativa do governo sobre este desestímulo frente a educação, abordando a falta de incentivos e políticas não somente de acesso mas sobretudo de permanecia destes alunos. 

Palavras-chave: Evasão escolar. Ensino Médio. Ensino Médio profissionalizante. Abandono escolar.

INTRODUÇÃO

A evasão escolar caracterizada pela saída da escola e o não retorno do estudante tem apresentado um crescimento considerável nos últimos anos, sobretudo no Ensino Médio segundo dados do Censo Escolar (2017) o número de matrículas caiu de 8.314.048 em 2013 para cerca de 7.930.384 em 2017. Essa queda brusca no número de estudantes matriculados no Ensino Médio na atualidade traz a necessidade de se identificar os principais motivos que levam jovens desta faixa etária (15 a 17 anos) a sair da escola.

O Ensino Médio integrado a educação profissional, segundo Grabowski e Ribeiro (2006) tem servido para preparar mão-de-obra (qualificação da força de trabalho) para as relações de produção capitalistas vigentes no Brasil. Por se tratar de um ingresso mais específico no mercado de trabalho as taxas de matrículas no Ensino Médio profissionalizante quando comparadas ao Ensino Médio não integrado a educação profissional, teve um aumento entre 2013 e 2017 de cerca de quase 10.000 matrículas (Censo, 2017).

Uma evasão característica nos cursos profissionalizantes é a evasão dos cursos, que se caracteriza pela não adaptação do curso escolhido, onde o aluno se vê desestimulado e busca ingressar em outros cursos disponíveis na mesma instituição ou em outra, visto que no momento em que o aluno se desvincula da rede de ensino que estava matriculado ele pode desistir dos estudos ou pode procurar outra instituição e realizar uma nova matrícula.

Durante as observações feitas no Componente Curricular Estágio Supervisionado III, foi possível perceber a evasão escolar muito presente no ambiente do Ensino Médio, onde diversos estudantes desistem de estudar por motivos diversos. Em especial, no cenário do estágio que aconteceu no Centro Territorial De Educação Profissional Recôncavo II Alberto Torres, Cruz das Almas, Bahia foi possível visualizar uma evasão também entre cursos, onde alguns alunos estando desestimulado em um determinado curso migra para outro. Sendo assim, o presente trabalho visa analisar o histórico da evasão escolar de estudantes, sobretudo do Ensino Médio e discutir sobre os principais motivos relacionados ao escape de alunos do ambiente escolar, o que os desmotivam no ambiente escolar e quais suas pretensões sobre a finalização do Ensino Médio. O trabalho se faz importante por refletir sobre um fenômeno constante e que afeta diretamente a educação brasileira e, sobretudo as classes menos favorecidas financeiramente.

 

 

 

DESENVOLVIMENTO

 

Evasão escolar no Brasil

A evasão escolar pode ser definida como a desistência de um aluno de frequentar a escola por um ou mais motivos. O que deve ser desassociada do abandono escolar, que pode ser definido como a desistência de um aluno de frequentar a escola, porém acompanhado no ano seguinte da reinserção deste aluno em uma instituição de ensino na série que reprovou ou desistiu. Filho e Araújo (2017) definem que o “abandono” significa a situação em que o aluno desliga-se da escola, mas retorna no ano seguinte, enquanto na “evasão” o aluno sai da escola e não volta mais para o sistema escolar. 

A Constituição Federal de 1988 traz como meta a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, porém com a crescente evasão escolar no Brasil isso se torna cada vez mais longe de ser alcançado. O Censo Escolar (2017) mostra um declínio nas matrículas no Ensino Médio total, tendo 2013 um registro de 8.314.048 alunos matriculados na rede pública no Ensino Médio e em 2017 um número decrescente de 7.930.384 alunos matriculados.

Segundo o site Uol Educação (2013) com a taxa de 24,3%, o Brasil tem a terceira maior taxa de abandono escolar entre os 100 países com maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), só atrás da Bósnia Herzegovina (26,8%) e das ilhas de São Cristovam e Névis, no Caribe (26,5%). Isso pode ser explicado pela falta de preferência do governo em investir o dinheiro público em políticas de permanência para alunos com renda mais baixa e para, além disso, é preciso valorizar a educação e seus agentes constituintes.

Professores e estudantes da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) desenvolveram um projeto de redução da evasão escolar, o “Encantar para ficar”. Esse projeto conta com o auxílio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) do Ministério da Educação e tem por objetivo diagnosticar os motivos para evasão escolar, ouvindo professores e alunos do Ensino Médio Público.

 

 

Evasão no Ensino Médio e no Ensino Médio profissionalizante

Segundo Filho e Araújo (2017) a escola pode ser responsável pelo sucesso ou fracasso dos alunos, pois os jovens perdem muito rapidamente o entusiasmo pelos estudos no ensino médio. Sendo assim, é necessária uma maior atenção para o Ensino Médio, visto que, é nesse momento na maioria das vezes que o aluno começa a se desinteressar pelo ambiente escolar por diversos fatores, como a busca por um sustento financeiro, a pressão imposta em casa, por exemplo.

Segundo dados do Censo Escolar (2017), apesar de ser uma minoria, a busca pelo Ensino Médio profissionalizante vêm crescendo no Brasil entre os anos de 2013 e 2017.Isso pode ser explicado pela vontade e necessidade que alguns jovens tem de ingressar logo no mercado de trabalho, isso faz com que esses procurem por um ensino profissionalizante, por achar que isso os levará mais facilmente a um futuro emprego.

A evasão no Ensino Médio profissionalizante traz um fator a mais, sendo este a evasão entre os cursos técnicos onde estes se encontram matriculados. Os estudantes se desestimulam em determinados cursos, como por exemplo o Técnico Agrícola, a Segurança do Trabalho que são cursos com menor número de alunos por turma. Já cursos como Técnico em Nutrição, Técnico em Informática e Técnico em Adminstração têm maior número de alunos por turma e despertam maior interesse nos estudantes por estarem mais relacionados a cursos de graduação elitizados.

 

Causas e consequências da Evasão Escolar

A decisão pela evasão escolar pode estar associada a mais de um fator, sendo fatores sociais, pessoais e até mesmo fincanceiro. Segundo Figueiredo e Salles (2017, p. 6 apud Rumberger (2011) uma grande variedade de fatores, dentre eles os relacionados à escola, família e trabalho, pode contribuir para o fenômeno da evasão e a interação entre esses fatores ao longo do tempo torna praticamente impossível demonstrar uma relação causal entre um fator isolado e a decisão de abandonar a escola.

As causas mais associadas a evasão escolar está entre a necessidade de trabalhar, a gravidez precoce e constituição de família, podem estar associados fatores como a o tráfico e uso de drogas e a criminalidade. Ainda podem ser citados fatores internos a escola como as reprovações, a estrutura escolar, a relação professor- aluno, as formas de avaliações. Todos esses são fatores que podem estar relacionadoscom os crescentes números de evasão escolar. Filho e Araújo (2017) afirma que:

Fatores internos e externos, como drogas, tempo na escola, sucessivas reprovações, falta de incentivo da família e da escola, necessidade de trabalhar, excesso de conteúdo escolar, alcoolismo, localização da escola, vandalismo, falta de formação de valores e preparo para o mundo do trabalho, podem ser considerados decisivos no momento de ficar ou sair da escola, engrossando a fila do desemprego”. (FILHO E ARAÚJO, 2017. p. 36)

 

Essa evasão escolar crescente é preocupante por ser reflexo de um sistema que pouco se importa com a educação de seu povo, que precariza e sucateia a educação brasileira por benefício próprio. Jovens fora da escola e sem estrutura familiar serão quase que majoritariamente adultos sem perspectivas de crescimento profissional e sem progressão de vida. Indivíduos que pouco estudaram ou que não têm acesso a informações corretas são eleitores que mal sabem votar e que são massa de manobra nas mãos de políticos mal intencionados.

A evasão escolar, consequentemente a falta de estudos produzem indivíduos desempregados ou com empregos desgastantes, mal remunerados famílias com diversos filhos sem o auxílio necessário para estudar e conseguir um emprego, o que faz com que esse ciclo se repita. Assim, o governo mantém a grande maioria da população com uma renda mínima para subsistir, enquanto uma minoria gerencia o país e seu capital.

É necessário que hajam políticas de conscientização da população de que a educação pode ser um instrumento de conquistas e mudança de paradigma, de que podem escrever uma história diferente para os eu futuro, com esforço e dedicação. Sem esquecer das políticas de permanência na educação básica que precisam ser revistas, repensadas e levadas a sério.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, podemos perceber que a evasão escolar é consequência de diversos fatores que podem ou não estarem associados. Os estudantes precisam estar atraídos pelo ambiente escolar e precisam ser assistidos enquanto estudantes, tendo não somente direito ao acesso, mas também a permanência nesse ambiente.

Os estudantes do Ensino Médio são a maior estatística de evasão escolar por estarem em um momento da vida que precisam ajudar no sustento da casa, que estão se descobrindo na vida e por estarem em uma fase da experimentação, o que pode acarretar em gravidez precoce e vícios.

Quando falamos em evasão, vale ressaltar que essas são taxas oriundas de pesquisas e que não há um controle para saber se estas matriculados que são desligadas de uma instituição está sendo feita em uma outra instituição, e isso acaba por ser considerado um dado de evasão escolar.

O presente trabalho é importante por ser reflexivo quanto a um fenômeno crescente na educação brasileira, que precisa ser pensando e solucionado, com políticas de acesso e permanência eficazes e sem fraudes governamentais.

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p. BRASIL. Constituição(1988). Constituição da República Federativa do Brasil.

 

FIGUEIREDO, N. G. S.; SALLES, D. M. R. Educação Profissional e evasão escolar em contexto: motivos e reflexões. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro. 2017.

 

FILHO, R. B.; ARAÚJO, R. M. L. Evasão e abandono escolar na educação básica no Brasil: fatores, causas e possíveis consequências. Educação Por Escrito, Porto Alegre, v. 8, n. 1, p. 35-48, jan.-jun. 2017.

 

GRABOWSKI, G.; RIBEIRO, J. A. R. Financiamento da educação profissional no Brasil: contradições e desafios. 2006. Disponível em: . Acesso em: 25 fev. 2013.

 

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Censo Escolar 2017, notas estatísticas. Brasília, DF. Janeiro de 2018.

 

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Paraíba promove diálogo com população sobre a educação. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/36092> Acesso em: 28 de jul. de 2018.

 

UOL EDUCAÇÃO. Brasil tem 3° taxa de evasão escolar entre 100 países. Disponível em< https://educacao.uol.com.br/noticias/2013/03/14/brasil-tem-3-maior-taxa-de-evasao-escolar-entre-100-paises-diz-pnud.htm> Acesso em: 27 de jul. de 2018.