Certo dia estava em casa quando recebi um telefonema que mudou a minha vida. Sempre tive vontade de morar sozinha em uma casa pois era traumatizada de crescer em um apartamento minúsculo. Quando o telefone tocou era um gerente de um banco dizendo que meu crédito tinha sido aprovado e eu finalmente conseguiria ter a minha tão sonhada casa. Comprei, me mudei e comecei a minha segunda etapa da vida: a independência. Adorava fazer as coisas do meu jeito e depois de uns meses comecei a me incomodar com a minha solidão. Mas demorei a perceber que a minha solidão estava me incomodando mas quando dei por mim tratei de dar um jeito nessa situação.

Comecei a procurar um cachorrinho para mim. Visitei muitos pets e feirinhas de adoção e não gostava de nenhum bichinho. Até que um dia eu voltava para casa e reparei que no meu portão tinha uma cachorra de rua sentada na sombra do telhadinho da entrada de pedestres. Eu bati o pé e ela saiu correndo assustada. 

No dia seguinte eu sai de carro pela garagem principal e ela saiu correndo assustada quando abri o portão. E isso passou acontecer com frequência, todos os dias ela estava no meu portão e eu espantava ela.

Até que um dia eu passei pelo portão e deixei aberto pois estava com sacolas nas mãos e a cachorra entrou na minha casa e trançou as minhas pernas. Naquele momento eu olhei pra ela e ela estava tão feliz e eu fiquei contente também e vi que minha solidão estava preenchida. 'Contente' levou tanta alegria para meu quintal somente naquele trajeto do portão até a porta da cozinha que eu fui andando rindo e feliz. Acho que o nome escolhido reproduz realmente o que eu senti e ela também: ficamos nós duas contentes.

Já tem 3 anos que contente está comigo e é uma verdadeira e fiel amiga. Não a escolhi, ao contrário, ela me adotou mas foi uma adoção perfeita. Eu não tive sensibilidade de escolher outro cachorrinho e fui escolhida. Não sei a origem de Contente nem sua idade nem se já teve cria, não sei seu passado, só sei o seu presente que é comigo e o seu futuro que será comigo, até o fim!