Entrei na pré-escola com sete anos. Apesar de não entender bem a realidade à minha volta percebia um grande distanciamento entre as crianças pobres e as ricas. Esse afastamento continuou nos anos seguintes. Sofri bullying por ser uma criança gordinha, chorava por causa disso, isolava-me nos cantinhos, não tinha amigos e nos jogos e brincadeiras era sempre excluída. Até a quarta série, hoje, quinto ano, eu odiava ir para a escola. Ia porque meus pais me obrigavam. Não me recordo se as professoras percebiam que eu sofria bullying. Nenhuma professora nunca fez nada para me ajudar ou me defender das outras crianças. Hoje, sou professora e vejo outras crianças sofrendo bullying todos os dias. Quando percebo que algum aluno está sendo ofendido por outro, corrijo imediatamente. Esse tipo de comportamento é inaceitável em qualquer ambiente, principalmente dentro de uma escola. Meu filho tem sete anos e está no terceiro ano e me relata casos de bullying que os colegas sofrem. Felizmente com ele não tive este problema. Minha filha, hoje com quatorze anos, já não teve a mesma sorte. Ela já sofreu bullying na escola. Através do meu relato é possível perceber que a escola pode ser um ambiente agradável ou hostil para as pessoas. Deixar boas recordações ou traumas que serão carregados por toda a vida. Nós, educadores, devemos estar sempre atentos para que a escola seja sempre um lugar de acolhida, de inclusão, de respeito ao outro.