Estudo para melhoria no processo de desenvolvimento de software
Publicado em 29 de novembro de 2016 por Marco Antônio Monteiro
As mudanças que ocorrem nos ambientes de negócios motivam as empresas a modificar estruturas organizacionais e processos produtivos, saindo da visão tradicional em direção a processos centrados no cliente. A competitividade, cada vez mais, depende do estabelecimento de conexões essenciais nas cadeias produtivas. Para as empresas de software, alcançar competitividade e qualidade implica na melhoria da qualidade dos processos, produtos e serviços.
Para que se tenha um setor de desenvolvimento de software competitivo, é essencial que a eficiência dos processos das empresas vise à oferta de produtos e serviços seguindo padrões internacionais de qualidade.
Seguindo estes preceitos, em dezembro de 2003 foi criado o MPS.BR, um programa motivador coordenado pela Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (SOFTEX), que conta com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID/FUMIN).
O objetivo do programa MPS.BR é a melhoria de processo de software e serviços, com duas principais metas: a técnica, que visa à criação e aprimoramento do modelo, e a de mercado, que visa à dispersão e adoção do modelo no país.
Em linhas gerais, o MPS visa implantar os princípios de Engenharia de Software adequadamente a realidade das empresas brasileiras, sendo compatível com as principais abordagens internacionais para definição, avaliação e melhoria de processos, melhoria da qualidade no desenvolvimento de produtos, baseando-se nos conceitos de maturidade e capacidade destes processos.
O MPS.BR é um modelo de melhoria de processo de desenvolvimento de software, criado para atender as micro, pequenas e médias empresas, oferecendo um custo baixo de implementação, se comparado aos modelos internacionais.
O programa MPS.BR vem ao encontro aos interesses da sociedade brasileira e conta com a participação de representantes do governo e do setor privado oferecendo grande apoio às micros, pequenas e médias empresas.
O programa foi planejado em 03 (três) períodos: Implantação (2004-2007); Consolidação (2008-2011) e Internacionalização (2012-2015), estando, portanto, em fase inicial de seu terceiro período.
Segundo o Guia Geral da SOFTEX (2012), o objetivo do MPS.BR é definir e aprimorar o modelo de melhoria e avaliação de processo de software e ser reconhecido nacional e internacionalmente como um modelo aplicável à indústria de software. O modelo MPS possui três componentes principais para seu desenvolvimento: o modelo de referência MPS (MR-MPS); o método de avaliação MPS (MAMPS); e o modelo de negócios MPS (MN-MPS).
O MPS.BR possui sete níveis de maturidade que são representados por letras em ordem decrescente e estão descritos abaixo (SOFTEX, 2012):
Nível G: Parcialmente Gerenciado - O nível indica pontos de melhoria de processo em gerenciamento de projetos e gerenciamento de requisitos.
Nível F: Gerenciado - Indica melhoria de processo em aquisições, gerencia de configuração, gerencia de portfólio de projetos, garantia da qualidade e medição (indicadores).
Nível E: Parcialmente Definido - Propõe melhorias em avaliação e melhoria do processo organizacional, definição do processo organizacional, gerência de recursos humanos e gerência de reutilização.
Nível D: Largamente Definido - Indica melhorias em desenvolvimento de requisitos, integração do produto, projeto e construção do produto e validação.
Nível C: Definido - Propõe melhorias em gerência de decisões, desenvolvimento para reutilização e gerência de riscos.
Nível B: Gerenciado Quantitativamente - Sugere que haja uma melhoria focada na evolução do gerenciamento de projeto.
Nível A: Em otimização - Neste ponto a organização deve buscar otimizar o processo implantado.
O progresso e o alcance de um determinado nível de maturidade do MR-MPS se obtêm quando são atendidos os propósitos e todos os resultados esperados dos respectivos processos e os resultados esperados dos atributos de processo estabelecidos (SOFTEX, 2012).
Para a implantação do modelo MPS.BR, independente de qual o nível em questão, é necessário cumprir atividades básicas definidas pela SOFTEX como principais atividades do programa, sendo elas (SOFTEX, 2012):
- Diagnóstico inicial: verificação dos processos atuais e da aderência ao modelo de referência.
- Consultoria: definição de plano de ações e realização das atividades nele definidas.
- Treinamentos: capacitação dos colaboradores nos principais conceitos do modelo de referência e sua aplicação na organização.
- Diagnóstico pré-avaliação: verificação de processos e aplicação nos projetos, com objetivo de verificação de prontidão para a realização de avaliação oficial/ auditoria de certificação.
- Avaliação oficial (MPS.BR/ CMMI): realizada para classificação do nível de maturidade da organização realizada por Instituição Avaliadora credenciada pelo SOFTEX (MPS.BR). Opcionalmente, caso seja de interesse realizar também a avaliação CMMI, por um Lead Appraiser autorizado pelo SEI (CMMI).
- Auditoria de Certificação (ISO 9000): realizada por Organismo Certificador Credenciado.
A qualidade é um pré-requisito importante para a produção de software, e as empresas já tiveram essa percepção. Os estudos de caso, analisados no decorrer deste programa de estágio, mostraram que o MPS.BR auxilia na evolução da qualidade do processo da empresa, e não apresenta grandes barreiras para implantação, como os demais padrões internacionais podem apresentar.
Pode-se concluir que mesmo com as dificuldades apresentadas pelos estudos de caso, é relevante a implementação do modelo MPS.BR nas empresas desenvolvedoras de software, pois todas elas apresentaram notáveis melhorias de processo, atingindo o objetivo do programa MPS.BR.
A implantação deste modelo proporciona comprovadamente melhorias no processo; permitindo um melhor gerenciamento de requisitos; diminuindo as não conformidades dos projetos; aumentando a produtividade e a uniformidade do trabalho; mudando a cultura organizacional; aumentando a organização dos processos e projetos; alcançando melhor adequação dos prazos estipulados para os projetos e melhorando as relações entre os clientes e a empresa.
Revisão Bibliográfica:
ASSOCIAÇÃO PARA PROMOÇÃO DA EXCELÊNCIA DO SOFTWARE BRASILEIRO – SOFTEX. MPS.BR – Guia Geral MPS de Software. Dezembro 2012. Acesso em: 25 mar. 2013. Disponível em: < http://www.softex.br/mpsbr >.
ASSOCIAÇÃO PARA PROMOÇÃO DA EXCELÊNCIA DO SOFTWARE BRASILEIRO – SOFTEX. MPS.BR – Guia de Implementação – Parte 1: Fundamentação para Implementação do Nível G do MR-MPS. Julho 2011(a). Acesso em: 10 abr. 2013. Disponível em:< http://www.softex.br/mpsbr >.
ASSOCIAÇÃO PARA PROMOÇÃO DA EXCELÊNCIA DO SOFTWARE BRASILEIRO – SOFTEX. MPS.BR – Guia de Implementação – Parte 2: Fundamentação para Implementação do Nível F do MR-MPS. Julho 2011(b). Acesso em: 15 abr. 2013. Disponível em: < http://www.softex.br/mpsbr >.
ASSOCIAÇÃO PARA PROMOÇÃO DA EXCELÊNCIA DO SOFTWARE BRASILEIRO – SOFTEX. MPS.BR – Guia de Aquisição. Outubro 2012. Acesso em: 25 abr. 2013. Disponível em: < http://www.softex.br/mpsbr >.