As mudanças que ocorrem nos ambientes de negócios motivam as empresas a modificar estruturas organizacionais e processos produtivos, saindo da visão tradicional em direção a processos centrados no cliente. A competitividade, cada vez mais, depende do estabelecimento de conexões essenciais nas cadeias produtivas. Para as empresas de software, alcançar competitividade e qualidade implica na melhoria da qualidade dos processos, produtos e serviços.

Para que se tenha um setor de desenvolvimento de software competitivo, é essencial que a eficiência dos processos das empresas vise à oferta de produtos e serviços seguindo padrões internacionais de qualidade.

Seguindo estes preceitos, em dezembro de 2003 foi criado o MPS.BR, um programa motivador coordenado pela Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (SOFTEX), que conta com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID/FUMIN).

O objetivo do programa MPS.BR é a melhoria de processo de software e serviços, com duas principais metas: a técnica, que visa à criação e aprimoramento do modelo, e a de mercado, que visa à dispersão e adoção do modelo no país.

Em linhas gerais, o MPS visa implantar os princípios de Engenharia de Software adequadamente a realidade das empresas brasileiras, sendo compatível com as principais abordagens internacionais para definição, avaliação e melhoria de processos, melhoria da qualidade no desenvolvimento de produtos, baseando-se nos conceitos de maturidade e capacidade destes processos.

O MPS.BR é um modelo de melhoria de processo de desenvolvimento de software, criado para atender as micro, pequenas e médias empresas, oferecendo um custo baixo de implementação, se comparado aos modelos internacionais.

O programa MPS.BR vem ao encontro aos interesses da sociedade brasileira e conta com a participação de representantes do governo e do setor privado oferecendo grande apoio às micros, pequenas e médias empresas.

O programa foi planejado em 03 (três) períodos: Implantação (2004-2007); Consolidação (2008-2011) e Internacionalização (2012-2015), estando, portanto, em fase inicial de seu terceiro período.

Segundo o Guia Geral da SOFTEX (2012), o objetivo do MPS.BR é definir e aprimorar o modelo de melhoria e avaliação de processo de software e ser reconhecido nacional e internacionalmente como um modelo aplicável à indústria de software. O modelo MPS possui três componentes principais para seu desenvolvimento: o modelo de referência MPS (MR-MPS); o método de avaliação MPS (MAMPS); e o modelo de negócios MPS (MN-MPS).

O MPS.BR possui sete níveis de maturidade que são representados por letras em ordem decrescente e estão descritos abaixo (SOFTEX, 2012): 

Nível G: Parcialmente Gerenciado - O nível indica pontos de melhoria de processo em gerenciamento de projetos e gerenciamento de requisitos. 

Nível F: Gerenciado - Indica melhoria de processo em aquisições, gerencia de configuração, gerencia de portfólio de projetos, garantia da qualidade e medição (indicadores). 

Nível E: Parcialmente Definido - Propõe melhorias em avaliação e melhoria do processo organizacional, definição do processo organizacional, gerência de recursos humanos e gerência de reutilização. 

Nível D: Largamente Definido - Indica melhorias em desenvolvimento de requisitos, integração do produto, projeto e construção do produto e validação.

Nível C: Definido - Propõe melhorias em gerência de decisões, desenvolvimento para reutilização e gerência de riscos.

Nível B: Gerenciado Quantitativamente - Sugere que haja uma melhoria focada na evolução do gerenciamento de projeto.

Nível A: Em otimização - Neste ponto a organização deve buscar otimizar o processo implantado.

O progresso e o alcance de um determinado nível de maturidade do MR-MPS se obtêm quando são atendidos os propósitos e todos os resultados esperados dos respectivos processos e os resultados esperados dos atributos de processo estabelecidos (SOFTEX, 2012).

Para a implantação do modelo MPS.BR, independente de qual o nível em questão, é necessário cumprir atividades básicas definidas pela SOFTEX como principais atividades do programa, sendo elas (SOFTEX, 2012): 

  • Diagnóstico inicial: verificação dos processos atuais e da aderência ao modelo de referência.
  • Consultoria: definição de plano de ações e realização das atividades nele definidas.
  • Treinamentos: capacitação dos colaboradores nos principais conceitos do modelo de referência e sua aplicação na organização.
  • Diagnóstico pré-avaliação: verificação de processos e aplicação nos projetos, com objetivo de verificação de prontidão para a realização de avaliação oficial/ auditoria de certificação.
  • Avaliação oficial (MPS.BR/ CMMI): realizada para classificação do nível de maturidade da organização realizada por Instituição Avaliadora credenciada pelo SOFTEX (MPS.BR). Opcionalmente, caso seja de interesse realizar também a avaliação CMMI, por um Lead Appraiser autorizado pelo SEI (CMMI).
  • Auditoria de Certificação (ISO 9000): realizada por Organismo Certificador Credenciado. 

A qualidade é um pré-requisito importante para a produção de software, e as empresas já tiveram essa percepção. Os estudos de caso, analisados no decorrer deste programa de estágio, mostraram que o MPS.BR auxilia na evolução da qualidade do processo da empresa, e não apresenta grandes barreiras para implantação, como os demais padrões internacionais podem apresentar.

Pode-se concluir que mesmo com as dificuldades apresentadas pelos estudos de caso, é relevante a implementação do modelo MPS.BR nas empresas desenvolvedoras de software, pois todas elas apresentaram notáveis melhorias de processo, atingindo o objetivo do programa MPS.BR.

A implantação deste modelo proporciona comprovadamente melhorias no processo; permitindo um melhor gerenciamento de requisitos; diminuindo as não conformidades dos projetos; aumentando a produtividade e a uniformidade do trabalho; mudando a cultura organizacional; aumentando a organização dos processos e projetos; alcançando melhor adequação dos prazos estipulados para os projetos e melhorando as relações entre os clientes e a empresa. 

 

Revisão Bibliográfica:

ASSOCIAÇÃO PARA PROMOÇÃO DA EXCELÊNCIA DO SOFTWARE BRASILEIRO – SOFTEX. MPS.BR – Guia Geral MPS de Software. Dezembro 2012. Acesso em: 25 mar. 2013. Disponível em: < http://www.softex.br/mpsbr >. 

ASSOCIAÇÃO PARA PROMOÇÃO DA EXCELÊNCIA DO SOFTWARE BRASILEIRO – SOFTEX. MPS.BR – Guia de Implementação – Parte 1: Fundamentação para Implementação do Nível G do MR-MPS. Julho 2011(a). Acesso em: 10 abr. 2013. Disponível em:< http://www.softex.br/mpsbr >. 

ASSOCIAÇÃO PARA PROMOÇÃO DA EXCELÊNCIA DO SOFTWARE BRASILEIRO – SOFTEX. MPS.BR – Guia de Implementação – Parte 2: Fundamentação para Implementação do Nível F do MR-MPS. Julho 2011(b). Acesso em: 15 abr. 2013. Disponível em: < http://www.softex.br/mpsbr >. 

ASSOCIAÇÃO PARA PROMOÇÃO DA EXCELÊNCIA DO SOFTWARE BRASILEIRO – SOFTEX. MPS.BR – Guia de Aquisição. Outubro 2012. Acesso em: 25 abr. 2013. Disponível em: < http://www.softex.br/mpsbr >.