ESTUDO DE CASO SOBRE AS MEDIDAS DE CONTROLE DA DRENAGEM URBANA ENTORNO DO CÓRREGO ÁGUA SUJA

 

Vitor de Melo Barbosa Santos1*, Kéllima Martins Andrade1**, Lara Faria Gobbi1***

 

1 Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara. Curso de Engenharia Civil. Avenida Beira Rio, 1001 , St.  Nova Aurora, cep 75.522-330,  Itumbiara-GO.

 

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RESUMO

 

 

A respeito da drenagem urbana faz-se necessário compreender que o ciclo hidrológico sofre alterações devido ao aumento da impermeabilização do solo. O presente resumo trata-se de uma revisão bibliográfica de estudos sobre a influência da impermeabilização do solo no planejamento de um sistema de drenagem. O objetivo principal é analisar a proporção em que o solo foi ocupado entorno do córrego Água Suja, em Itumbiara-GO, nos últimos anos e como esse aumento interfere no sistema de drenagem das águas pluviais da cidade. O sistema de informações geográficas dispõe de ferramentas que permitem estudar o espaço natural e geográfico, gerando dados que comprovam a alteração do uso do solo. Dessa forma, constatou-se que na cidade de Itumbiara-GO, de 2003 a 2018, houve um acréscimo 23,73% na área impermeabilizada e uma redução de 12,92% de área permeável entorno do córrego Água Suja. 

 

PALAVRAS-CHAVE: Planejamento, Drenagem urbana, Plano diretor.

 

 

1. INTRODUÇÃO

O processo de urbanização é constante nas cidades brasileiras. A partir disso, o homem deve buscar promover o equilíbrio entre a transformação do uso do solo e o meio ambiente a qual se encontra. Logo, deve-se procurar abordagens interdisciplinares para que haja a melhora do planejamento urbano. (Rocha e Fernandes, 2014).

O sistema de drenagem urbana é um problema comum no que tange à falta de planejamento. É de conhecimento geral que quando as águas pluviais não possuem extensões de solo suficiente para se infiltrar, ocorre uma sobrecarga no sistema, popularmente conhecida pelas enchentes. Segundo Souza (2013) a Drenagem Urbana no Brasil deve ser tratada e relacionada ao saneamento básico, tendo consciência de que há uma dificuldade em utilizar as diversas teorias já estudadas e aplica-las na prática.

Nesse sentido, a impermeabilização do solo ligada a falta de planejamento pode ser um fator impactante em uma região. Logo, o uso e a ocupação do solo de forma descontrolada, pode acarretar impactos devido a alteração do processo hidrológico. Por fim, no planejamento de uma área, a utilização de ferramentas relacionadas aos SIGs (Sistemas de Informações Geográficas) é importante para a determinação dos impactos resultantes da urbanização, auxiliando na procura de alternativas para a solução desse problema (Almeida e Ferreira Neto, 2017).

Além do mais, cabe analisar de forma específica a diferença da ocupação do solo entre os anos de 2003 e 2018, e buscar compreender a razão desse processo intenso de urbanização naquela região. E por fim, definir do método mais efetivo a ser aplicado no espaço estudado, sendo capaz de atender as necessidades da sociedade.

 

 

2. METODOLOGIA

O projeto desenvolvido teve por base a extração de imagens de satélites através do Google Earth, disponível gratuitamente na plataforma online. O software em questão foi utilizado para captar as imagens espaciais que correspondem a cidade de Itumbiara-GO em 2 anos distintos- 2003 e 2018.

Dessa maneira, fez-se necessário o uso de um software SIG. Levando em consideração os objetivos almejados, constatou-se que o QGIS (Quantum Geographic Information System) obtinha todas as características que eram relevantes para este estudo: um software gratuito, com funções e ferramentas necessárias. Desse modo, as imagens extraídas do Google Earth no formato KML foram georreferenciadas, ou seja, cada ponto possuía uma coordenada geográfica (x e y), possibilitando as demarcações das áreas permeáveis e impermeáveis.

 

2.1. Caracterização da área de estudo

O município de Itumbiara localiza-se no sul do estado de Goiás, possui uma área de 2.461 km², o que representa 0,7237% do território total do estado, 0,1538% do território da região Centro-Oeste e 0,029% do território nacional. A área urbanizada do município é considerada uma das maiores entre todos os municípios goianos, com uma extensão de 19,3424 km². A cidade está situada a uma altitude de 320 a 448 metros, variando de acordo com o ponto de referência, podendo chegar, no máximo, a 800 metros.

De acordo com o IBGE, (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2016 as estimativas demográficas apresentaram que o município contava com uma população de 102.513 habitantes, com uma densidade populacional de 40,85 habitantes por km². Na última década, o crescimento populacional foi de 14,14 %.

Seguindo o contexto da cidade, a estação chuvosa é compreendida entre outubro e abril, o que acarreta grandes problemas devido à falta de drenagem urbana. Dessa forma, têm-se como objeto de estudo o córrego Água Suja, que detém suas nascentes estabelecidas em área de expansão urbana, próximo aos bairros Paranaíba e Cidade Jardim. Tais regiões têm em comum suas áreas alagadiças, interceptadas por ruas e quadras que por muitas vezes possuem pontos de entulhos. O córrego sofre, também, com uma constante poluição generalizada, consequência da ligação direta do esgotamento sanitário e da drenagem urbana.

 

2.2 O uso de tecnologias SIG e softwares de geoprocessamento

O uso de tecnologia SIG ajuda a gerenciar as informações de forma quantitativa. Seu objetivo principal se dá pela análise de modo eficiente e rápido para auxiliar nas decisões a serem tomadas (Garcia, 2014). Dentro dessa perspectiva, o uso dos SIG se destaca na resolução de impasses quantificados com rapidez e eficácia. Porém, se faz necessário o uso de uma base de dados georreferenciados, as quais são associadas a um sistema de coordenadas.

Para se realizar uma análise precisa de uma determinada área, no SIG existe a possibilidade de utilizar mapas com o formato vetorial, ou seja, possuem a representação de ponto, linha e polígono. Os pontos contém um conjunto de duas coordenadas para ser utilizado na localização de uma árvore ou algum objeto. Já a linha, que também pode ser um arco, possui vários pontos as quais são conectados, um dos exemplos se encontra em extensões de estradas e rios. O polígono possui uma área, logo, há uma sequência de linhas que se encontra em um nó, uma visualização disso se dão em lotes, demarcações de municípios e etc. Em contrapartida, existe outro formato de armazenamento chamado de raster, o qual é feito através de uma estrutura matricial com imagens de satélites, as quais possuem células- também chamadas de pixels-, e um tamanho fixo, reproduzindo um valor quantitativo (Coelho apud Silva, 2009).

 

2.3 Aplicação dos softwares na área de estudo

O projeto desenvolvido teve por base a extração de imagens de satélites através do Google Earth, disponível gratuitamente na plataforma online. O software em questão foi utilizado para captar as imagens espaciais que correspondem a cidade de Itumbiara-GO em 2 anos distintos - 2003 e 2018.

Através da análise das informações obtidas através do Google Earth, constatou-se que as imagens referentes aos anos de 2003 e 2018 apresentavam características que se assemelhavam ao tema em questão- áreas permeáveis e impermeáveis da bacia do córrego Água Suja - visto que o intervalo entre elas resultaria em fatos embasados por dados estatísticos.       

Diante disso, utilizou-se um critério de avaliação para a demarcação: foram vetorizadas as áreas (permeáveis ou impermeáveis) de maior predominância naquela região, considerando as ruas. Esse procedimento é importante para utilizar o tempo de forma eficiente.

Dentro desta perspectiva, quando se vetoriza uma quadra de um bairro/cidade, o software cria uma tabela própria de acordo com as informações dela, além de oferecer ao usuário a oportunidade de criar uma coluna com uma expressão matemática que representa o cálculo da área daquele local, seja em m², hectares e várias outras unidades de medida.

 

 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As vetorizações consistem na elaboração de polígonos responsáveis por diferenciar áreas permeáveis e impermeáveis. No método adotado, considera-se áreas impermeáveis àquelas dotadas de edificações ou materiais de cobertura superficial que impede a infiltração das águas, como calçadas e ruas. No caso das áreas permeáveis, os polígonos foram representados apenas em locais onde é possível identificar a infiltração das águas no solo.

Mediante os métodos apresentados, foi possível obter os resultados a serem expostos a seguir. Além disso, foram geradas imagens que representam as vetorizações correspondentes nas figuras 1 e 2. Cabe expor também que a área total a qual se desenvolve o estudo é de 28.068.958,171 m².

 

3.1 Vetorização do ano de 2003 

Na vetorização do ano de 2003 os polígonos na cor verde representam as áreas permeáveis, enquanto os de cor amarela representam as áreas impermeáveis e as ruas na cor cinza. O córrego Água Suja foi demarcado pela cor azul.

No ano de 2003 o somatório das áreas impermeáveis foi 7.894.449,04 m².

Já no somatório das áreas permeáveis encontrou-se 18.621.693,78 m².

 

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Figura 1. Vetorização da Área Urbana em 2003

Fonte: QGIS, 2020.

3.2. Vetorização do ano de 2018 

Na vetorização do ano de 2018 na figura 2, os polígonos na cor verde representam as áreas permeáveis, enquanto os de cor amarela representam as áreas impermeáveis e as ruas na cor cinza.

No ano de 2018 o somatório das áreas impermeáveis foi 9.767.674,006 m².

Já no somatório das áreas permeáveis encontrou-se 16.215.153,73 m².

Analisando os dados obtidos através das vetorizações, observa-se que as áreas ao entorno do córrego Água Suja teve um acréscimo de 1.873.224,966 m², em sua ocupação desde o ano de 2003 até 2018, o que representa 23,73%, enquanto houve uma redução de 2.406.540,05 m² nas áreas permeáveis, equivalente a 12,92%.

 

 

Figura 2. Vetorização da Área Urbana em 2003.

Fonte: QGIS, 2020.

 

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dessa forma, Macintyre (1996) aborda técnicas que visam solucionar de forma rápida, eficiente e econômica os problemas enfrentados pela população naquela região. O levantamento topográfico e o projeto de urbanização fornecem as declividades dos arruamentos e das áreas a drenar, um fator indispensável dentro de um sistema de drenagem das águas pluviais.

Em virtude do que foi mencionado, relacionando com os dados apresentados pelo software utilizado no estudo, seria interessante em uma pesquisa futura analisar os fatos relatados no parágrafo anterior utilizando programas de SIG e dividir essas áreas de acordo com cada bairro, cuja a área se encontra próximo ao córrego água suja, efetivando assim dados para a elaboração de um projeto de urbanização.

 

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ALMEIDA, Antonio José Pereira; FERREIRA NETO, José Vicente. Mapeamento de Áreas Impermeáveis para Caracterização da Urbanização da Bacia Endorreica do Tabuleiro do Martins, Maceió/al. Revista Contexto Geográfico Maceió-AL v. 2. n.3 julho/2017 p. 100 – 109. Disponível em: . Acesso em: 24/05/2020.

COELHO, André Luiz N. Sistema de Informações Geográficas (SIG) como suporte na elaboração de planos diretores municipais. Uberlândia, Minas Gerais, 14 de maio de 2009. Disponível em: < http://www.seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/article/view/15920#:~:text=O%20presente%20artigo%20tem%20como,e%20espacializa%C3%A7%C3%A3o%20das%20%C3%A1reas%20de>. Acesso em: 30/09/2020.

GARCIA, Monika Christina Portella. A Aplicação do sistema de informações geográficas em estudos ambientais (livro eletrônico). InterSaberes: Curitiba, 2014.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA- IBGE. Cidades e Estados, Itumbiara. Disponível em: < https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/go/itumbiara.html>. Acesso em: 30/09/2020.

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA- INMET . Estações e Dados. Disponível em: < http://www.inmet.gov.br/portal/> Acesso em: 04/06/2020.

ITUMBIARA (município). Sobre Itumbiara.  Disponível em : Acesso em: 01/05/2020.

MACINTYRE, Archibald Joseph. Instalações Hidráulicas: Prediais e Industriais. 3 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1996.

ROCHA, Luciana Santiago; FERNANDES, Vivian de Oliveira. Análise de áreas de vulnerabilidade hídrica na bacia hidrográfica de pedras/pituaçu através de SIG. Geo UERJ. Rio de Janeiro - Ano 16, nº. 25, v. 1, 1º semestre de 2014, pp.138-160. Disponível em: . Acesso em: 24/05/2020.

SOUZA, Vladimir Caramori Borges de. Gestão da drenagem urbana no Brasil: desafios para a sustentabilidade. Gesta, v.1, n.1 – Souza, p. 057-072, 2013 – ISSN: 2317-563X. Disponivel: < https://portalseer.ufba.br/index.php/gesta/article/view/7105 >. Acesso: 01/04/2020.

6. AGRADECIMENTOS

 Os autores agradecem o apoio, orientação e a supervisão dos professores M.Sc. Rubens Villar Siqueira e M.Sc Kevin Reiny Rocha Mota. Estende-se também a toda equipe do corpo docente do Iles/Ulbra, especialmente à coordenação do curso de Engenharia Civil da instituição.