PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANO - PI

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

 

ESTUDO DE CASO (L. F.)

FLORIANO/PI

ESTUDO DE CASO

               

Este estudo de caso foi um trabalho           desenvolvido pela prefeitura de Floriano, com aluno especial da rede pública de ensino a fim de possa melhorar e educação com criança especial.

Luisa Faustino de Sousa, psicopedagoga, professora de rede pública de ensino

                            Floriano, Dezembro de 2013

1 INTRODUÇÃO

1.1 DEFINIÇÃO

O autismo é um transtorno, de desenvolvimento que aparece nos três primeiros anos de vida, e afeta o desenvolvimento normal do cérebro relacionado às habilidades sociais e de comunicação. É uma alteração “cerebral”, “comportamental” que afeta a capacidade da pessoa comunicar, de estabelecer relacionamentos e de responder apropriadamente ao ambiente que a rodeia.

            Algumas crianças apesar de autistas, apresentam inteligência e fala intactas, algumas apresentam também atraso mental, mutismo ou importantes atrasos no desenvolvimento da linguagem. Outros aparecem fechados e presos a comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento.

            O autismo é mais conhecido como um problema que se manifesta por um alheamento da criança ou adulto acerca do seu mundo exterior, encontrando centrado-se em si mesmo, ou seja, existem perturbações das relações afetivas com o meio.

A palavra “autismo” deriva do grego “autos” que significa “voltar-se para si mesmo”. A primeira pessoa a utilizá-lo foi o psiquiatra austríaco Eugen Bleuler para se referir a um dos critérios adotados em sua época para a realização de um diagnóstico de esquizofrenia. O adjetivo “autismo” foi introduzido na literatura em 1906, pelo estudioso Plouller, mas foi Bleuder em 1911, o primeiro a difundir o termo autismo, definindo-o como perda de contato com a realidade. Referindo-se a transtorno básico da esquizofrenia, que consistia na limitação das relações pessoais e com o mundo externo, parecendo excluir tudo que parecia ser o “eu” da pessoa.

1.2 SINTOMAS E SINAIS

A criança autista demonstra alguns problemas específicos como medo, fobias, alterações do sono e de alimentação e ataques de birra e agressões, na ocorrência do retardo mental são bastante comuns a autoagressão, essas crianças apresentam problemas na comunicação e linguagem, apresentam também déficit em quatro áreas: pobreza de jogos imaginários, compreensão de gestos, linguagem como objeto de comunicação social e presença de respostas estereotipadas ou ecolalias. 

1.3 CARACTERÍSTICAS

De acordo com Belisário Filho (2010) as principais características da criança apresentada antes dos 3 anos de idades:

  • Dificuldade em estabelecer contatos com os olhos;
  • Parece surdo, apesar de não ser;
  • Age como se não tomasse conhecimento do que acontece com os outros;
  • Apresenta certos gestos repetitivos e imotivados como balançar as mãos, ou balançar-se;
  • Arruma seus brinquedos sempre da mesma forma e, mesmo que fique sem vê-los durante um tempo, lembra-se da sua posição;
  • Pode haver atraso ou ausência do desenvolvimento da linguagem;
  • Prejuízo no desenvolvimento da interação social e da comunicação;
  • Demonstra ansiedade frequente;
  • Usa as pessoas como instrumento para satisfazer suas necessidades.

É importante ressaltar que, quanto mais cedo se identificar o autismo, mais eficaz será o tratamento e, em alguns casos, a sua recuperação.

1.3 TIPOS DE TRATAMENTO

Não existe uma cura completa porque a personalidade está distorcida e a maturidade mal estruturada, o que pode ser feito é um tratamento especializado, o mais indicado é a psicoterapia prolongada, é importante também um tratamento multidisciplinar composta por psiquiatra, fonoaudióloga, psicólogo, pedagogo, psicopedagogo, terapeuta ocupacional, dentre outros mais diversos especialistas que ajudam no tratamento com o autista.

No tratamento com criança autista é importante e necessária a manutenção de uma rotina diária, a rotina é fundamental para O estabelecimento de hábitos higiênicos, alimentares e posturais corretos e, é fundamental para que a criança consiga um nível de desempenho que possibilite sua integração na família e na sociedade.

O tratamento psicanalítico visa oferecer condições para que a criança autista constitua a noção dela mesma e dos outros, e ao ser aplicado leva-se em conta dois aspectos bem distintos. De um lado a singularidade de cada relação analítica e as peculiaridades do mundo interno de uma criança em desenvolvimento e do outro a compreensão da doença autismo infantil precoce, que afeta igualmente o desenvolvimento das crianças acometidas. Com o tratamento medicamentoso, comportamental e psicopedagógico da criança autista espera-se a redução dos sintomas e a adaptação da mesma à vida social, escolar e familiar.

Atualmente, a grande maioria dos psicanalistas realiza o tratamento da criança autista com a participação dos pais. Tanto o tratamento da criança autista quanto o dos pais são realizados, hoje, sob novo enfoque teórico-clínico, muito distinto do modelo da década de 60. O tratamento psicanalítico é, geralmente, complementado por outras modalidades terapêuticas, incluindo a medicalização, quando necessária.

1.4 MÉTODOS EDUCACIONAIS

 O atendimento pedagógico da criança com distúrbios severos de comportamento requer uma estrutura muito bem preparada. Os programas trabalhados nas escolas devem procurar melhorias na qualidade de vida da criança, através de uma melhora de comportamento que facilite sua integração na família e na sociedade. O espaço escolar deve levar em conta o desenvolvimento humano estimulando a manifestação de potencialidades, a integração e o crescimento individual, grupal e social.

O educador deve dispor de maior número de recursos na sua prática educacional. Dentre as quais destacamos:

  • Manter na medida do possível uma rotina (hora/atividades/local/objetos);
  • Manter condições de certa estabilidade evitando muitas transições, com frequências (mudar de escola, empregadas, tipos de alimentos);
  • Oferecer um ambiente previsível, e com segurança (evitar surpresas);
  • Explicar com clareza as ideias implícitas que eles não conseguem entender;
  • Dar oportunidades de mostrar suas habilidades, suas áreas mais bem desenvolvidas;
  • Ensinar regras sociais simples, aquelas que as demais crianças aprendem sozinhas;
  • Encorajar nas amizades, nas pequenas iniciativas de contato social;
  • Ensinar a eles como melhorar a expressar seus sentimentos de medo e suas ansiedades;
  • Oferecer explicações mais concretas, dar exemplos a situações muito abstratas;
  • O educador é fundamental como modelo, ser calmo e afetuoso;
  • Ensinar ou mesmo treinar as normas sociais, o que é certo e o que é errado, o que pode e o que não pode fazer em determinados espaços;

1.4.1 A MUSICOTERAPIA

A musicoterapia que é a aplicação da música com objetivos terapêuticos, a pessoas com Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID) costuma ser bem aceita nos tratamentos, pois a música faz parte de situações vividas por estes em todas as fases de sua vida. Desde a escuta dos movimentos corporais da mãe na fase intra-uterina (batimento cardíaco, movimentos sanguíneos e peristálticos, músicas ouvidas pela mãe durante a gestação) até as canções de ninar dos primeiros dias de vida e as canções socialmente significativas ouvidas nos rituais de seu grupo social. A música constitui o primeiro espaço psíquico da criança, referência de segurança e saúde, podendo ser usada como uma ponte de acesso à expressão e comunicação das crianças com TID.

 No trabalho musicoterápico a criança com TID vive situações de pertinência, capacitação, planejamento, divisão de tarefas, expressão adequada dos sentimentos e gratificação, entre tantas outras. Em diferentes atividades, diversas regiões do cérebro recebem estímulos para novos aprendizados e para a atitude de aprender, em experiências assimiladas no plano musical e levadas a outras áreas de sua vida.

Além do mais existem dois tipos de atendimento musicoterápico, que são o individual e o grupal, O atendimento grupal acontece quando representa um benefício para a criança com TID, quando este já está apto a perceber outras pessoas e realizar tarefas simples com elas. Possibilitando o estabelecimento de vínculos com outros membros do grupo que deve ser estimulados nos indivíduos com TID.

1.4.4TERAPIA OCUPACIONAL

            A atuação do terapeuta educacional se dar por vários modelos de intervenção e uma das áreas mais utilizada na área infantil, é a terapia de integração sensorial.  É um mundo vasto de informações sensoriais, que precisam ser organizadas, caso contrário, bombardeadas por estímulos, nossa atenção vai flutuar de um ponto a outro, sem conseguir focar em algo e aprender com as interações com o ambiente. E a integração sensorial organiza todo esse processo.

            Neste caso Crianças com falhas de processamento sensorial tendem a ser mais desorganizadas, muitas vezes tem dificuldade para prestar atenção e se relacionar com as pessoas, pois não organizam e interpretam informações sensoriais da mesma maneira que os outros.  Na maioria das pessoas os mecanismos de integração sensorial se desenvolvem normalmente, como resultados das brincadeiras infantis e interações com o ambiente, pessoas e objetos.

            Não podemos deixar de lado o problema sensório-motor na observação. E uma das formas de melhorar a situação da criança é reconhecer que o problema existe e interfere de forma importante no desempenho funcional e na interação da criança com o meio. Entender esses problemas nos dá uma nova forma de ver a criança, que de birrenta ou agressiva, passa a ser vista como a mercê das falhas de processamento sensorial, que resultam no comportamento observado.

1.4.5 MÉTODOS DE TRATAMENTO

            Vários métodos são utilizados com alunos autista em sala de aula dentre os quais destacamos: o ABA, vem de um linha de tratamento chamado terapia comportamental, que é usado para reduzir os comportamentos educacionais. Quando a criança realiza o comportamento desejado recebe a recompensa, quando não ocorre, não recebe.

            Há também, o método conhecido com Teacch (Treatment and Education of autistic and related communication handpped children), que é também um método comportamental, mas voltado fundamentalmente para o ambiente pedagógico. O ambiente deve der organizado por meio de rotinas expostas em quadros e murais.

            Dependendo do grau de gravidade do transtorno, ela não precisa frequentar um ambiente pedagógico com esse método e, sim uma escola regular.

            Outro método mais utilizado, é o PECS (Picture Exchange Communication System), é um método de comunicação alternativa nos indivíduos que não conseguem falar, mas apontam para figuras como forma de conversação.

            Essa forma de comunicação substitui a verbal com as figuras sendo apontadas pelas pessoas. O material são cartões com figuras que representam objetos e situações que a criança utiliza para expressar aquilo que deseja. Esse método não atrapalha o desenvolvimento da fala das pessoas com autismo. Pelo contrário, ela ensina uma forma alternativa de comunicação, que pode até ajudar a fala.

1.5 MATERIAL DIDÁTICO

           

2 ESTUDO DE CASO

            O aluno L. F., nasceu no dia 17/02/2009, hoje com quatros anos de idade, está matriculado no Pré I, na Escola Municipal Eduardo Neiva (creche).  Ele é uma criança diagnosticada com Espectro Global Autista, com distúrbio comportamental grave, nasceu de uma cesariana, com tempo normal de gravidez nove meses.

                Depois do nascimento a sua mãe nunca percebeu nada de diferente com o seu filho, sempre vendo-o como uma criança normal e saudável, uma família feliz, com seu filho, depois de um ano ela percebeu que as outras crianças da mesma idade eram diferentes, com seus movimentos, mas nada fez, com um ano e seis meses L. F. bateu muito forte a boca na bicicleta ao andar com sua mãe, cortou a boca, e por isso a única palavra (bau) que pronunciava não pronunciou mais, preocupada e vento sua lentidão, sem fazer movimento, sem falar, só chorava, no entanto já andava, começou a andar com uma ano e três meses.

  Preocupada, levou-o na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais  (APAE) de Floriano, para fazer uma triagem com a psicóloga e a fonoaudióloga, as quais recomendaram que o levasse para um neuropediatra. Depois do laudo, constatando autismo infantil,  a mãe do mesmo levou-o para fazer o acompanhamento com a equipe da APAE, onde o fonoaudióloga indicou que matriculasse em uma escola regular para socializar com outras crianças.

L. F. tinha três anos ao matricular na creche, a mãe levou o laudo, falou com diretora que a criança era autista,e a mesma com toda a equipe escolar recebeu com muito carinho, ela ficou na escola acompanhando o filho de março até junho para que ele acostumasse na escola, mas a professora percebeu que era melhor  que a mãe não ficasse diretamente perto do filho, ele teria que separar dela para poder acostumar com a escola e sua turma; logo depois no segundo semestre L. F. ganhou uma cuidadora, a professora que tem sido excelente profissional.

A comunidade escolar o  recebeu com muito carinho, sendo que o mesmo a princípio rejeitava o espaço escolar, chorando muito, não brincava com os demais alunos, era uma criança agitada, não sentava, não ficava na sala, só andava segurando a mão de alguém, a mãe tinha que ficar na sala para que ele se sentisse mais seguro. Mediante essa situação a professora, se sentiu insegura, sem saber como trabalhar com uma criança autista. Com o passar do tempo e o grande empenho da equipe escolar L. F. hoje é uma criança mais calma, brinca sozinho, assiste TV, se relaciona com os colegas, e o desenho animado preferido é “as aventuras de Dora” e o “pato Donald”, segundo a mãe.

            Após frequentar a escola a mãe tem visto muita diferença do comportamento de agora para o de antes, ele fala muitas palavras, como foi citado antes, hoje ele fala: xixi, tchau, água, suco, carne, comer, papai, mamãe,chama para sair, imita sons de animais e sabe o nome de todos os animais que imita.

 A alimentação está muito modificada, ele não comia carne, verduras, ovos, hoje ele se alimenta de tudo, só não gosta de frutas, antes a única coisa que ele comia era salsicha, era uma preocupação para a mãe. Hoje L. F. está muito bem, relata a mãe que, deixou de trabalhar para cuidar do filho; ela diz:

 eu espero com fé em deus que ele vai aprender a ler e escrever, ser muito educado ele já é educado, já diz: bom dia, quando chega na escola, e nos lugares, eu farei tudo o que eu puder para ver o meu filho vivendo como as outras crianças (relato da mãe).

            L. F. é um filho muito querido e protegido por seus pais, o pai não quer que o filho nada sofra, por exemplo: cair, se machucar; ele gosta muito de brinquedos em formatos de animais como zebra, cavalo, camelo, vaca, leão, gosta de olhar movimentos de ventiladores, de andar de carro, de moto, durante as entrevistas ficou horas rodando os pneus de uma moto.

                Ao começar a trabalhar com o novo aluno, a professora afirma ter usado a mesma metodologia que usavam com os outros alunos, apenas no inicio da aula ela direcionava mais para L. F. de forma especial.

Algumas atividades como apresentação das figuras era mais detalhada, como por exemplo: um animal, perguntava se ele conhecia, se ele sabia o que era, o aluno olhava e ficava atento, parecia nunca ter visto, não fazia nem um gesto, nem um sorriso.

 L. F. não falava quando chegou na escola, não olhava diretamente para a professora, procurava algo que lhe chamasse a atenção, como ventilador , ficava horas naquele mundo só seu. hoje ele interage muito com a turma, “é o mais interessante possível” relata a professora “procuro sempre acolher co carinho e atenção, fazendo com que ele se sinta seguro e interaja muito mais com os alunos e com toda equipe escolar, é bem aceito, os colegas procuram ajudar nas tarefas, nas brincadeiras, ele geralmente tem muita dificuldade em aceitar ajuda dos alunos e  não gosta de apertos de mãos.

Para trabalhar na sala de aula os recursos usados são os disponíveis na escola, são os brinquedos educativos, como: encaixe, quebra cabeça, as forma geométricas, pinturas , colagens, recortes, músicas, cd, DVD. E os recursos PECS confeccionados pela cuidadora, que tem sido de muita importância com toda a equipe escolar, o aluno é muito habilidoso sabe fazer  todas as atividades e monta quebra cabeça, encaixe com mais facilidade do que as outras crianças.

Há uma boa interação família e escola, a mãe mantém sempre um bom relacionamento com a professora e cuidadora, sempre preocupada e procurando saber sobre seu filho, a situação dentro da sala de aula se ele se comportou, se fez as atividades, se alimentou bem, se houve um bom relacionamento entre todos da escola, se ele aprendeu, se deu muito trabalho.

É importante ressaltar que as crianças com autismo levam mais tempo para aprenderem o que os outros pensam ou sentem, como, por exemplo, saber que a outra pessoa está satisfeita porque deu um sorriso ou pelo sua expressão ou gesticulação.   Além da dificuldade de interação social, comportamentos agressivos são comuns especialmente quando estão em ambientes estranhos ou quando se sentem frustradas.

BIBLIOGRAFIAS:

1-    TRANSTORNOS INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO, 3º Milênio    2005, 2º Edição. Walter Camargo Jr. E Colaboradores; Coleção Estudos e Pesquisa na Área de Deficiência.

2-CandIME ROSA 5, Ricardo Drumond.

                                Luis Alfredo V. de Vasconcelos.

           3-DRAUZIOVARELLA.COM.BR.

4-Wikipédia, a enciclopédia livre.