Estudo de campo sobre as Pinturas Rupestres de Ncoca posto administrativo de Massangulo, distrito de Ngauma província do Niassa

Por: Nelson Pinto

INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como tema “ Pinturas Rupestres de Ncoca, posto administrativo de Massangulo, distrito de Ngauma-Niassa, que surge no âmbito da cadeira de Historia de Moçambique com vista a possibilitar a melhor compreensão no Processo de Ensino e Aprendizagem. O tema em destaque constitui como base de aquisição competêncial ao estudante. Tendo Noções de que pinturas rupestres são figuras representadas em montanhas como o resultado da arte dos primeiros povos que viveram entre 10.000 e 300 anos atrás a excursão estudantil teve como objectivo geral: Conhecer as Pinturas rupestres no terreno de forma singular enquanto colectivo. Para que o objectivo geral tenha credibilidade sublinhou-se os seguintes objectivos específicos: Colher e descrever os dados que o régulo ia dando enquanto observava-se as pinturas; Interrogar o regulo as inquietações confrontadas as mesmas pinturas;

Ter explicação de como foram preservadas as pinturas ate chegar aos nossos dias Metodologia consagrada foi de abordagem sobretudo indutivo e a técnica usada foi a entrevista e bibliográfica. Pois o artigo tem a seguinte estrutura: introdução, desenvolvimento, conclusão e bibliografia. Entretanto o artigo é o fruto de uma investigação científica como referiu-se a cima. Criticas e sugestões são bem-vindas para o melhoramento e consolidação do tema.

Localização geográfica do Distrito de N’gauma

N’gauma é um Distrito situado na província de Niassa, com sede na localidade de Massangulo, tem limite a noroeste com o Distrito de Lichinga, a sodoeste a Republica de Malawi, a sudeste com o distrito de Mandimba e a nordeste com o distrito de Majune, pois fica a 90km^2 da cidade de Lichinga (MAE, 2005, p.2; INE, 2011, p.1) MAE

(IBID), afirma ainda que o Distrito possui uma superfície de 3025 Km2 e uma população recenseada em 1997 de 33721 habitantes e estimada, à data de 1/1/2005, em 46427 habitantes, este distrito tem uma densidade populacional de 15,4 hab/Km2.

Para INE (2011, p.1), em 2007, o Censo indicou uma população de 64 049 residentes no distrito. Com uma área de 2421 km², a densidade populacional rondava os 26,46 habitantes por km² Apresentação do régulo, historial da rainha e explicação das regras para se chagar as pinturas rupestres

Ritual

O régulo apresentou-se «o meu nome completo é Morisse Cassimo Quanda, sou o régulo desta região»

Continuamente o régulo apresentou o seu cunhado que se chama Chíssiva, de origem dos primeiros povos a se instalarem na região de Nkoca, isto é a rainha e o rei eram os seus bisa-vos, por isso o velho Chíssava é uma das pessoas mais importantes na orientação e participação dos rituais, em particular quando se trata da memória dos seus antepassados.

A ancestral Rainha respondia pelo nome Akhumbule e o Rei chamava-se Chehiwa e que este nome de Chehiwa é usado pelo velho Chíssiva (cunhado do regulo). O régulo explica que a rainha não era daquele território mas devido ao “encontro” com o Rei ela acabou adquirindo uma parte do território, uma vez que o rio lutempe dividia o território enquanto único.

Assim, o régulo diz que actualmente a região é ocupada por mil oitocentas e trinta (1830) pessoas segundo o senso feito pelo régulo em 2015. Como de hábito cultural, sempre que se chega ao local é inviolável o pedido de boa recepção aos ancestrais usando a farinha de mapira ou arroz, porque a farinha destes cereais é fácil consumir sem passar ao lume.

A fonte explica que as regras a se cumprir para chegar-se e voltar-se sã, as pinturas rupestres, são as que se sequem: «Antes de chegarmos as pinturas passaremos num grande cemitério onde tem a campa da Rainha, para fazermos um pedido, a nossa protecção do local onde posteriormente iremos aos ditos feitos dos nossos antepassados»

Assim na campa da Rainha não se chega enquanto a pessoa ingeriu drogas como bebidas alcoólicas, cigarros, surumas (uma planta que altera o sistema nervoso) entre outras drogas de qual seja a natureza.

A fonte, acrescentava ainda que antes de chegar a campa da rainha a/s pessoa/s deveria/m tirar camisas, os calçados, meias se caso usou, telefones, relógio, amuletos, colares e entre outros materiais, só ficando a pessoas e as calças e para mulheres de capulana sem nenhum outro material adicional.

A nossa fonte salientava ainda, que o não comprimento das normas, as consequências são desastrosamente perigosas, como por exemplo o desaparecimento da pessoa, que não quisesse seguir as regras, e até por casos complicados, pode atingir as consequências de forma colectiva.

Pois a fonte fez nos saber que as consequências são misteriosas não se sabendo assim o porque ocorre o desaparecimento das pessoas enquanto fazer uma irregularidade contra as crenças do lugar, o regulo falava isso a partir dum exemplo de um acontecimento vivido que ocorreu a um tempo, em que um grupo havia chegado na região com o propósito de ver as pinturas, e um dos membros do grupo não cumpriu com as regras e como o resultado desapareceu e nunca mais voltou ou seja já mais foi visto. Para efeitos, de forma científica o autor sustenta que, o local não é tão perigoso como explica o régulo mas o importante é seguir e cumprir os rituais.

II Ritual

A partir da casa do régulo a campa da rainha são possivelmente 120 metros. Assim, saindo em casa do régulo em direcção a campa da rainha, poucos metros antes de chegar-se a campa, estima-se 15 metros onde a pessoa ou as pessoas tiram as vestes proibidas. O começo do segundo ritual, é acompanhado de acocora cantando em Nyanja: "ttapuittha, ttapuittha, ttapuittha, ttapuittha, ttapuittha"…. Acompanhadas com palmas, 5 vezes consoante as palavras (que em português significa, "estamos a ir",), depois as pessoas levantam e andam um pouco e continuamente ficam de acocora,

cantando-se em simultaneo com as palmas, assim quando se aproximavam cantava-se: ttabuela, ttabuela, ttabuela, ttabuela, ttabuela… (em Português significa, "já chegamos"), pois o processo era contínuo até chegar-se a campa da ancestral.

Assim quando são duas ou três pessoas o processo tem sido directo mas quando os pesquisadores forem de um número elevado tem se feito duas filas para melhor organização. Chegados a campa da rainha faz-se uma limpeza com as mãos afastando o lixo, e depois faz-se um círculo, a campa ficando no meio, depois o régulo coloca a panela de barro na campa da perecida rainha e começam a pedir, implorando a rainha que a viagem ou a excursão de estudo ocorresse bem.

O segundo ritual usa-se duas línguas yão e Nyanja, em particular nos cânticos. A imagem a baixo ilustra como as pessoas ficam organizadas em filas, de acocora e descamisados ao aproximar a campa da Rainha. Fonte da imagem: Autor Feito o segundo ritual, segue-se as pinturas rupestres em que as pinturas são representadas nas paredes das montanhas que lá estavam desenhadas animais como: tartaruga, lagarto, cágado, cobra, galinha-do-mato, como mostram as imagens a baixo.

Assim na primeira pedra ou a pequena montanha estava de forma de uma varanda onde tudo indica que tudo indica que estes bantu no tempo de lazer iam pintando as imagens mostrando os que os antepassados faziam.

A segunda montanha estão representadas também de forma de uma varanda, pois tinha uma caverna, ou seja eles viviam nas cavernas, onde servia de seus esconderijos contra os animais ferozes, as altas temperaturas e entre outras situações que lhes impediam estarem fora da gruta. A figura a cima ilustra a caverna onde era abrigo dos primeiros povos na região de Ncoca. 

Assim a pintura a baixo já da segunda montanha encontrou-se pinturas da sua maior parte, pintados animais do tipo quadrúpedes e aves que representam aquilo que era o quotidiano do povo ligados a caça.

Nesta segunda montanha de pinturas encontra-se também pintada um homem atingindo um animal com uma Azagaia. 

A 1ª figura representa um homem atingindo um animal com azagaia. Não há uma nitidez na visualização do homem, porque a sua figura foi apagada pelas águas das chuvas. (erosão)

A 2ª figura está representada os animais quadrúpedes e aves, como as informações a cima supracitadas.

Causas do desaparecimento de algumas figuras no local Histórico de Ncoca e como preservar as pinturas rupestres da mesma região.

O régulo explicava que algumas figuras estão desaparecendo devido a erosão provocada pelas chuvas e, murche. A figura representa o muche a tomar conta na aniquilação das pinturas. Fonte: autor Questionado a fonte como preservar as pinturas rupestres, respondeu-nos o seguinte: uma das formas de preserva-las naquele local era de todo individuo que queira chegar/visitar as pinturas deveria ser devidamente acompanhado com o régulo e seu cunhado, seguindo todas as regras recomendadas para não vandalização das fontes históricas, para dar respeito do local.

A comunidade da região sabe do local e respeita as pinturas rupestres e as crianças e caçadores não chegam porque têm medo. Nas considerações finais sobre o local deixou-se uma questão pendente: como preservar as pinturas rupestres da erosão e de outros casos no sentido de não desaparecimento e vandalização das mesmas.

Entretanto a questão a cima tornou base e seria discutida no período das Jornadas Cientificas no ano corrente (2015)

Conclusão

Tendo em conta daquilo que se presenciou nas pinturas rupestres de Ncoca no posto administrativo de Massangulo distrito de N’gauma, o presente artigo conduzido a cabo, acentua de uma forma geral, que a excursão sucedida.Esta convicção tem como a fundamento o facto da cadeira de Moçambique para a percepção da história local. Entretanto para se chegar as pinturas rupestres de Ncoca é necessário que se acate algumas normas: primeiro a/as pessoa/as não podem ir enquanto consumiram drogas como: bebidas alcoólicas, cigarros, surruma entre outros tipos de drogas e depois faz-se um ritual, usando-se farinha de mapira ou de arroz, por estes serem fácil de consumo antes de cozidos, pois o ritual consiste em tirar-se camisas, para os homens ficando de calças e as mulheres de capulana, onde vai-se cantando e batendo-se palmas ate na campa da rainha, pois os cânticos ou melhor o ritual são usadas duas línguas Yão e Nyanja.

Entretanto na campa da Rainha vai-se pedir para que nada ocorra de mal ao se penetrar no interior das pinturas rupestres.

Bibliografia

MAE. Perfil do Distrito de N’gaúma Província do Niassa. MAE, 2005.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. Página do Distrito no Portal da Ciência e Tecnologia de Moçambique. Acesso 02 Setembro de 2015. [online] Disponível em www: https://pt.wikipedia.org/wiki/N%27gauma_ (distrito).

QUANDA, Morisse Cassimo. Entrevistado em 1 de Setembro de 2015, Nkoca-Massangulo-Ngauma.