RESUMO

Este trabalho foi realizado na Escola Superior de Ciências Marinha e Costeira da Universidade Eduardo Mondlane, localizada na Província da Zambézia, cidade de Quelimane no Bairro Chuabo Dembe, cujo objectivo foi de avaliar a eficiência do dessalinizador solar de baixo custo. Construiu-se uma estufa de dessalinização de água constituída por plástico transparente e preto. Foram medidos as temperaturas de atmosfera, do ambiente e da água no interior da estufa, de uma e uma hora, das 7h as 17h, durante 23 dias, nos meses de Novembro a Dezembro 2009. O nível de água na estufa variou de 9.8 cm a 1.1 cm de altura, durante o período de observação, numa área de 9m2 e com uma cobertura de um ângulo de 45º de cobertura em relação o eixo vertical. As temperaturas médias foram de 32.1 ºC, 43.9 ºC e 47.2 ºC para a atmosfera, ambiente dentro da estufa e água na estufa, respectivamente. A produção máxima e mínima diária foi de 2.9 litros/m2 e 1 litro/m2, sendo assim mas influenciada por temperatura atmosférica e temperatura ambiente no interior da estufa; O rendimento do sistema foi de 27%, percas da energia solar durante a absorção, por condução da base do reservatório ou rupturas de plásticos, do plástico, ângulo de inclinação da na cobertura e influência do vento na vibração do plástico de cobertura. Conclui-se que o sistema de dessalinização solar tem um rendimento que se situa dentro dos padrões economicamente viáveis.

Palavra-chave: Energia solar, temperatura da estufa, calor latente e produção da água destilada.

I. INTRODUÇÃO, OBJECTIVOS E HIPÓTESES

I.1. Introdução

Uma das necessidades básicas para a sobrevivência de um ser humano é a ingestão de água potável, na base de um a dois litros por dia. Entretanto, em muitas partes do planeta a única água disponível é salobra (de um a dez gramas de sais por litro) ou salgada (com mais de 10 gramas de sais por litro). A água do mar é altamente salgada, com uma concentração típica de sais de 35g por litro (dos quais 28g são Cloreto de Sódio, ou sal comum de cozinha). Cerca de 97% da água existente no planeta estã contida nos oceanos. Dos 3% restantes, cinco sextos são de água salobra, deixando um restante de apenas 0,5% de água fresca. O resultado disso é a falta de acesso à água potável de baixo custo para milhões de pessoas, o que leva a uma concentração de população em torno de fontes de água potável já conhecidas, baixas condições sanitárias e baixo padrão de vida (Maluf, 2005).

O tratamento solar de água, implica fazer o melhor aproveitamento dos recursos para benefícios sociais para a comunidade, com os custos minimizados pela adopção de uma tecnologia limpa e de uma fonte energética gratuita e danos ambientais.

Moçambique possui um grande potencial em recurso hídricos, cuja maior parte deste é constituída de água salgada, que não é devidamente aproveitada para o consumo devido ao seu grande teor de salinidade. Entretanto, há necessidade de se criar formas de transformação de água salgada em água doce, visto que a maior parte da população deste país enfrenta grandes dificuldades na aquisição de água potável.

O presente trabalho consistirá no estudo da eficiência do dissalinizador, tendo em consideração o grau de influência das temperaturas da água dentro da estufa, temperatura da estufa e insolação, na produção da água destilada com a variação do nível de água do reservatório.

Estudos de género contribuem para o conhecimento de factores mais influentes na produção da água dessalinizada, pois isto permite o melhor aproveitamento dos recursos hídricos em disposição tendo em consideração a capacidade de produção do sistema construído, bem como na avaliação das quantidades de dessalinizador que podem ser construindos numa região ou país em função de número de agregado familiar assim como o melhoramento de sistema de dessalinização de água.

I.2. Local de estudo

O estudo foi realizado na Escola Superior de Ciências Marinha e Costeira, Universidade Eduardo Mondlane, localizada na província da Zambézia, cidade de Quelimane no bairro Chuabo Dembe nas latitudes 17o, 53' e 23.6" e longitude 36 o, 51’ e 29.67 " .

I.3. OBJECTIVOS

Geral

Estudar a eficiência do dessalinizador solar de baixo custo.

Especifico

  • Analisar a relação entre, temperatura ambiente no interior da estufa, temperatura atmosférica, temperatura da água do reservatório dentro da estufa, nível da água dentro da estufa em função da produção da água destilada;
  • Estimar o rendimento do dessalinizador;
  • Verificar o nível de significância entre temperatura ambiente no interior da estufa, temperatura atmosférica, temperatura da água do reservatório dentro da estufa, nível da água dentro da estufa em função da produção da água destilada;
  • Verificar a influência da nebulosidade e a temperatura na produção da água dessalinizada.

I.4. HIPÓTESE

  • A produção da água dessalinizada depende da temperatura dentro da estufa;
  • O parâmetro que mais influencia na produção da água dessalinizada é a radiação solar.

II. JUSTIFICATIVA

Moçambique é um pais rico em recursos hídricos, e a maior parte destes apresentam um teor de salinidade elevado; logo há necessidade de se criar forma de fazer aproveitamento destas águas, uma vez que maior parte da população costeira enfrenta grandes dificuldades de aquisição de água potável, há necessidade de fazer o aproveitamento destes recursos de forma mas barata e através de energias renováveis.

Segundo Pinto (2002), mais de 2/3 da superfície da terra está coberto com água, sendo 97% salgada, e do restante apenas 1% pode ser utilizada para o consumo humano. A escassez da água aumenta dia após dia devido ao aumento da população, crescimento industrial e da agricultura e mudanças climáticas, torna-se mais evidente a preocupação de como adquirir água potável para o consumo humano. Uma das alternativas é a dessalinização da águas utilizando energia solar, uma vez que o sol é uma fonte “inesgotável” de energia, totalmente limpa. É preocupação nos países cuja utilização das técnicas de dessalinização é factor determinante na produção de água potável para o abastecimento de cidades.(Miriam, 2007).

III. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Luz do Sol

O sol é fonte de energia responsável existente na superfície do globo terrestre. Ainda de acordo com esse autor a quantidade de energia solar é caracterizada pela constante solar que, fora da atmosfera terrestre, é da ordem de 1,37 kW/m2 e ao atingir a superfície terrestre, a energia solar já se encontra bastante diluída, motivo pelo qual os sistemas de captação da energia do sol ocupam áreas tão grandes. Com respeito à qualidade dessa energia, sua convertibilidade em trabalho é de aproximadamente 95 %, e é idêntica à radiação do corpo negro a 6000 K, (Bezerra, 2004).

A energia Solar faz parte das renováveis e alternativas, incluem a energia eólica, a biomassa, a energia geotérmica, a energia hídrica e a energia dos oceanos (ondas, marés, correntes e gradiente da temperatura). Estas energias renováveis são pouco poluentes, espalhadas, estando assim mais próximo dos consumidores de energia e estão disponíveis em vários países. A utilização das energias renováveis conduz também a uma redução dos custos energéticos, pois a utilização da maioria dos recursos renováveis é gratuita (sol, vento, geotermia, hídrica, oceanos).

Segundo Brito (2005), o aproveitamento da radiação solar pode ser utilizada não só para produzir electricidade ou aquecer água mas também para um melhor controlo térmico dos edifícios sem necessidade de recorrer a sistemas activos de aquecimento /arrefecimento.

3.2. Dessalinização solar

A destilação há muito é considerada uma maneira de transformar a água salgada em água potável, em lugares remotos. Já no século IV A.C. Aristóteles descreveu um método para evaporar água salgada e então condensá-la para poder ser consumida. Os alquimistas árabes já usavam no século XVI a destilação solar para produzir água potável. Em 1593, o navegador Richard Hawkins já usava a destilação solar para obter água potável da água do mar em suas viagens aos mares do sul. O primeiro dessalinizador solar moderno foi construído em Las Salinas (Chile) em 1872, por Charles Wilson. Esse dessalinizador solar apresentava 64 tanques de água (num total de 4.459m2) feitos de madeira pintada

de negro, com coberturas inclinadas, de vidro. Essa instalação foi usada para produzir 20 mil litros de água potável por dia de água para trabalhadores das minas. A maioria dos destiladores solares que vieram depois deste segue seu desenho. Durante a década de 1950, o interesse em destilação solar foi reavivado, e praticamente em todos os casos o objectivo era construir grandes destiladores centralizados. Entretanto, após cerca de dez anos, os pesquisadores concluíram que a destilação solar para grandes demandas era demasiadamente cara se comparada com sistemas baseados em combustíveis fósseis ou electricidade. Assim a pesquisa se volta para sistemas de destilação de pequeno porte. (Maluf, 2005).

Segundo Maluf (2005), apesar de ser uma tecnologia relativamente cara para a produção de água potável, se sua construção objectiva um funcionamento adequado e uma longa vida útil, ela pode produzir água pura a um custo razoável. Para tanto deve ser construída, operada e mantida propriamente, dentro de padrões rígidos. Além disso, a escolha do local para à sua implementação é fundamental, pois somente existe uma adequação da tecnologia para locais com grande insolação, baixo nível pluviométrico, pouca electricidade disponível, abundância de água imprópria ao consumo e pouca demanda (uso familiar).

Segundo Soares (2004), dessalinizador é sistema construído de diversos materiais com objectivo de transformar água salgada em água doce e fazer o seu tratamento; Esta conversão ocorre dentro da estufa no processo de condensação e evaporação causada pelas elevadas temperaturas criada pela intensidade da luz do Sol e de acordo com Sousa (2009), a dessalinização solar é uma técnica eficiente para remoção de sais.

Segundo Melo (1997), o destilador solar clássico é conhecido do homem há muito tempo. Esse modelo de destilador repete o ciclo hidrológico natural, e consiste de uma câmara (de fundo negro) com água, coberta com vidro transparente, levemente inclinado, a luz do sol atravessa o vidro e é absorvida pelo fundo negro. A água aquecida evapora e condensa na parte interna do vidro, escoando para uma calha, onde é recolhida.

3.3. Temperatura

A temperatura é um dos parâmetros de grande importância. No processo de dessalinização solar, quanto maior for a temperatura maior será a taxa de evaporação da água, conduzindo a maiores rendimentos. Esse parâmetro tem influência directa também na determinação de vários parâmetros.

As pressões de saturação atingidas no destilador serão função da temperatura da água ou vapor. Além disso, os gases normalmente dissolvidos na água perdem solubilidade com a elevação no grau de aquecimento, por isso é tão importante que após a destilação a temperatura do destilado não esteja muito elevada para que seu teor de OD (oxigénio dissolvido) não caía abaixo dos limites desejados.

(Bezerra, 2004).

IV. METODOLOGIA

4.1. Análise de Regressão e Correlação

Compreende na análise de dados de uma amostra para saber como as duas ou mais variáveis se relacionam uma com a outra numa amostra. A regressão estuda o relacionamento entre as variáveis dependente e independentes. Este analise usa o modelo matemático que associa a variável dependente com a variável independente, que e designado por modelo de regressão linear simples.

4.1.1. Correlação e o coeficiente de determinação

Segundo Henriques (2005), O coeficiente de determinação dá-nos a percentagem da variabilidade de uma parâmetro, que pode ser atribuída á sua relação linear com outra variável ou indica a quantidade que as duas variáveis tem em comum, em quanto que coeficiente de correlação linear simples mede grau de associação linear entre as variáveis X e Y ou e a medida de intensidade de relação entre as variável.

Segundo Pereira et al (2000) a correlação é medida por coeficiente de correlação (de Pearson), através de uma recta de regressão. Para Dinis (2000), Correlação linear é utilizado para verificar, num determinado conjunto, a de dependência entre duas séries de variáveis. A correlação pode ser denominada positiva ou negativa. Positiva quando se verifica a variação positiva da variável dependente (Y) e variação variável independente (X) vice-versa. Negativa quando se verifica a variação negativa de Y e positiva na variável independente X e vice-versa.

Segundo Rodrigues (2006), o valor de coeficiente de correlação (r) é determinado pela raiz quadrada de (r²) conhecida como coeficiente de determinação que expressa a percentagem de variação dos valores de Y em função do valor X. Os valores de r variam entre -1 a 1; que podem ser classificada em negativa quando o -1 0 e positiva quando estar 0 1, perfeita positiva quando r=1 e perfeita negativa quando o r=-1 e nula quando r=0.

4.2. Significância

Nível de significância (α) é um valor fixado pelo pesquisador como o erro máximo aceitável para tomada de decisão, enquanto o valor (p) é a probabilidade mínima de erro ao concluir que existe significância. O nível de significância e o valor p embora estejam relacionados, estes apresentam valores distintos. O nível de significância é o valor arbitrário previsto pelo pesquisador, enquanto que o valor p e calculado de acordo com os dados obtidos que deve ser comparada com nível de significância fixado para a tomada de decisão. (Pereira, 2000).

4.3, Termómetro de Mercúrio

O termómetro é um aparelho que é usado para a medição de temperatura. Este aparelho contem um bolbo com um filamento onde mercúrio se delata e se expande medindo assim o comprimento numa escala graduada; Este aparelho possui um erro padrão de +0.1°C e -0.15°C.

4.4. Caracterização do sistema

O sistema apresenta-se sob forma dum prisma com uma inclinação de 45º, 9 m2 de área e é constituída de plástico preto na sua base, plástico transparente na cobertura, suportado por barrotes e corda de néon.

4.5. Material

Termómetro de mercúrio de 100oc – Aparelho que serve para medir a temperatura;

Uma régua – Instrumento de madeira que serve para controlo de nível de água no reservatório;

4.6. Método

1º Etapa:

Medição de temperatura em três meios, controlo de nível e qualidade de água dessalinizada em litros.

A medição de temperatura decorreu diariamente das 7h as 17h, num intervalo de uma em uma hora, determinou-se a média diária das temperaturas, em três meios e relacionaram-se com a quantidade de água produzida em litros no dia posterior as 7h, assim sucessivamente, num período de 23 dias. Nível de água a variar de 9.8cm a 1.1cm de altura no reservatório.

2º Etapa:

Análise dos dados com ajuda do Excel e o pacote estatístico SPSS.

O Excel foi usado para a determinação de nível de correlação através da raiz quadrada do coeficiente de determinação obtidos na comparação dos parâmetros e a produção da água dessalinizada por unidade de área, enquanto o pacote estatístico SPSS foi usada para avaliar o nível de significância entre os parâmetros em estudo em comparação com a produção da água dessalinizada.

3º Etapa:

Cálculo de rendimento de dessalinizador

Determinou-se o rendimento do sistema, com base na Equação [2], através da produção total média da água dessalinizada, energia total média de radiação solar e energia necessária para evaporar (calor latente), calculada com base na Equação [1].

Le=597,3-0,57*T média =578,999cal/g e a =395cal/cm2 [1]

Equação (2): =0.27; [2]

Onde: - Produção média diária da água (litros/m2);

- Energia necessária média para evaporar ou calor latente (Cal/g);

-Energia de radiação solar (cal/cm2);

Tmédia - é a temperatura média da água (ºC).

V. RESULTADO E DISCUSSÃO

5.1.Variacão de temperatura, nível de água no interior do reservatório, água dessalinizada em função de dias.

Ilustra variacão de producão da água dessalinizada, temperatuta da água no dentro do sistema, atmosferica e ambiente no interior do sistema. Nesta existe um pico máxima produção da água dessalinizada de 26.5 litros, a 6.2cm de nível de água e a temperatura da água dentro do sistema, atmosférica e ambiente apresentavam os valores de 53.7°C, 35.3°C e 50.7°C; em quanto que pico mínimo produção da água dessalinizada foi de 9 litros, no nível de 2cm e com valores de temperaturas de 42.5°C, 30°C e 38°C respectivamente.

 

Tabela (1): Variação da produção da água dessalinizada em comparação com a temperatura e

nebulosidade.

Produção Água

Temperatura de água

Nível

Temperatura atmosférica

Temperatura Ambiente

Tempo de insolação

Nebulosidade

(lit/m2)

(°C)

(cm)

(°C)

(°C)

(horas)

             

1,6

46

5,7

31,5

42,4

7,7

Nublado

1,4

44,3

4,2

31,5

40,5

4,5

Muito nublado

2,6

50,6

7,5

33,9

48,2

10,3

Pouco nublado

 

Na Tabela (1), constata-se que nos dias de pouca nebulosidade, o tempo de absorção da luz solar foi muito alta comparado com o dia de muita nebulosidade, que proporcionou maior produção da água dessalinizada resultante de valores elevado de temperatura atmosférica, ambienta e da água do reservatório no interior da estufa, enquanto nos dias de muita nebulosidade a produção foi baixa, devido os baixos valores das temperaturas atmosférica, ambienta e da água do reservatório no interior da estufa. Comparadas as variações de temperaturas constatou-se que a temperatura ambiente apresentou grandes variações comparadas com a temperatura da água e atmosférica, sendo assim este o provável parâmetro que influencia directamente na variação da produção da água dessalinizada.

5.2. Análise de correlação da temperatura, nível de água no interior do sistema com a produção da água dessalinizada.

A análise consistiu em verificar a correlação da temperatura atmosférica, temperaturas da água dentro de reservatório e temperatura ambiente com a produção da água dessalinizada apresentada.

Relação entre a temperatura ambiente e a produção da água

Mostra a comparação entre a temperatura ambiente e a produção da água dessalinizada, esta apresenta uma tendência positiva e indica que o aumento da temperatura ambiente influencia no aumento da produção da água dessalinizada, isto porque este factor aumenta e prolonga o período da evaporação dentro do sistema. A relação teve um coeficiente de determinação na ordem de 58%, o que comprova a existência de maior variabilidade entre a temperatura ambiente em relação produção da água dessalinizada.

Figura (5): Relação entre nível da água do reservatório e a produção

da água dessalinizada

A Figura (5), mostra a comparação entre o nível da água do reservatório no interior da estufa e a produção da água dessalinizada, esta apresenta uma tendência positiva, sendo assim o aumento de nível da água no interior do reservatório influencia na produção da água dessalinizada. O coeficiente de determinação esteve na ordem de 24%, o que indica a menor variabilidade entre o nível de água em relação à produção da água dessalinizada.

A fraca variabilidade pode ter sido resultado de roturas do plástico transparente (Figura4), pode-se ter uma fraca produção da água dessalinizada; Isto por que a diferença de pressão entre a atmosfera e o ambiente do interior da estufa pode conduzir à uma transferência de calor do interior do sistema para fora até se estabelecer o equilíbrio térmico entre os dois meios, fazendo com que o processo de evaporação torne-se curto devido ao arrefecimento rápido da água do reservatório no interior da estufa.

Segundo David et al (2004), quando o sistema é posto em contacto por uma parede adiabatica, a troca de energia provoca uma mudança das propriedades macroscópicas dos dois sistemas; as mudanças são relativamente rápidas no início e tornam-se mais lentas no fim na medida em que o tempo passa, ate as propriedades macroscópicas aproximarem valores constantes, e daí verifica-se o chamado equilíbrio térmico, neste caso o calor só pode fluir de corpos quentes para corpos frios.

Segundo Martins et al, (1994), A cobertura plástica da estufa altera o balanço de radiação e o balanço energético, com relação ao exterior. Em consequência, altera também a evapotranspiração (PRADOS, 1986). No interior da estufa, a evapotranspiração é, em geral, menor do que a verificada externamente, o que atribui-se, basicamente, à parcial opacidade da cobertura plástica à radiação solar e à redução da acção dos ventos, que são os principais factores da demanda evaporativa da atmosfera. A diferença entre a evapotranspiração interna e externa varia de acordo com as condições meteorológicas.

Segundo Bezerra (2004), a temperatura ambiente e atmosférica são parâmetros com influência na produção de água dessalinizada.

Tabela. (2): Comparação de níveis de correlação

 

Produção da água dessalinizada

Parâmetros

Coeficiente de determinação (R=r2 )

Coeficiente de correlação (r)

Correlação

Variação de nível

0,244

0,5

Correlação fraca

Temperatura da água

0,31

0,6

Correlação fraca

Temperatura atmosférica

0,493

0,7

Correlação média

Temperatura ambiente

0,557

0,8

Correlação forte

 

 

Fonte: Rodrigues (2004)

5.3. Rendimento do sistema

O rendimento do sistema foi de 27%, este resultado é considerado positivo. Segundo Maluf (2005), no sistema de dessalinização verificam-se perdas de energia durante a absorção da luz, por convecção do vidro ou plastico para o ambiente, por condução da base do reservatório, velocidade do vento e as diferenças de temperatura contribuem para os vazamentos de calor, proporcionando uma perda de energia que varia de 38% a 43%, contudo pode ser melhorado se utilizar material que reduza a reflexão de energia solar, fazendo com que a eficiência máxima atingida não passe de 60% da energia solar recebida pelo destilador seja utilizada no processo de transferência de massa da evaporação.

Tabela (3): Análise de nível de significância da temperatura, nível da água com a produção da água

dessalinizada.

 

Soma dos quadrados

Df

Media do quadrado

F

P

Nível de água

Entre grupos

Dentro dos grupos

Total

84.278

69.044

153.322

13

9

22

6.483

7.672

0.845

0.621

Temperatura ambiente

Entre grupos

Dentro dos grupos

Total

330.936

61.343

392.278

13

9

22

25.457

6.816

3.735

0.027

Temperatura atmosférica

Entre grupos

Dentro dos grupos

Total

57.971

8.328

66.298

13

9

22

4.459

0.925

4.819

0.012

Temperatura da água dentro de reservatório

Entre grupos

Dentro dos grupos

Total

320.706

126.542

447.249

13

9

22

24.670

14.060

1.755

0.201

Tempo de insolação

Entre grupos

Dentro dos grupos

Total

187.905

54.373

242.277

13

9

22

14.454

6.041

2.394

0.097

 

A Tabela (3), mostra que a temperatura ambiente e a temperatura atmosférica são os parâmetros mais significativos em relação a produção da água dessalinizada por apresentar valor de significância inferior que 0.05; enquanto que a radiação solar e a temperatura da água do reservatório no interior da estufa, não são significativos por apresentar valores de significância maiores que 0.05; sendo a temperatura atmosférica a mais significante.

Segundo Pereira (2000), o nível de significância corresponde a um erro associado a regeção de hipótese nula. Ela e expressa pela letra (α) de origem grega que é usualmente adoptados por 5%, 1% e 0.1%. Pode-se definir o P como a probabilidade mínima de erro ao concluir que existe uma significância estatística ou menor significância (α), que pode ser enunciado para se rejeitar. Neste caso se o P < α deve-se concluir que o resultado é significante, pois o erro esta dentro do limite fixado, mas quando o P> α , significa que o erro que está sendo cometido é maior do que o erro máximo permitido e conclui-se assim um resultado não significante.

Tabela (4): Comparação de produção da água dessalinizada em comparação ao ângulo de cobertura

Autor

Inclinação da cobertura (graus)

Tipo de cobertura

Produção (L/m2.dia)

Local

Torres (1983)

10

Uma água

4.1

Paraiba

STEC (1984)

10

Uma água

5

Recife

Elkader (1998)

35

Duas águas

5.6

Egipto

Akash et al (1998)

35

Uma água

2.1

Jordânia

Senem (2000)

45

Pirâmide

3.5

Florianópolis

Soares (2001)

45

Pirâmide

1.3

Florianópolis

 

45

Uma água

1.8

Itália

João (2009)

45

Quatro águas

1.9

Moçambique

 

 

De acordo com a Tabela (4), o ângulo de cobertura do sistema de dessalinização solar poderia ter contribuído para a redução na produção da água dessalinizada, esta provavelmente fazia com que algumas gotículas de água resultado da evaporação voltassem-se para reservatório e não para valas colecta. A maior perda de gotículas de água ocorreu nos dias de maior pressão atmosférica comparada com os dias de menor pressão atmosférica (vento). Segundo Soares (2004), a inclinação de 25º é que melhor produziu em maioria das temperaturas testadas.

VI. CONCLUSÃO

  • Observou-se uma tendência positiva e uma correlação aceitável na relação entre a temperatura ambiente, temperatura atmosférica com a produção da água dessalinizada, por apresentar coeficiente de determinação na ordem de 58% e 49%.
  • O parâmetro com maior significância para a produção da água dessalinizada é a temperatura atmosférica em seguida a temperatura ambiente por apresentar o nível de significância menor inferior ao erro máximo fixado de 5%.
  • O rendimento do sistema foi de 27%, correspondente à quantidade de energia que o sistema usou produzir uma média diária total de 1.9lit./m2de água dessalinizada.
  • A produção da água dessalinizada foi maior no dia de pouca nebulosidade comparativamente aos dias de muita nebulosidade e de nebulosidade com 2.6, 1.4 e 1.6 litros/ m2 respectivamente.

VII. RECOMENDAÇÕES

Recomenda-se que:

  • Para os próximos sistemas de dessaluinizador solar, se usem ângulos inclinação de cobertura de 25ºC ou 35ºC;
  • O material de cobertura do sistema seja mais tranparente para maior aproveitamento da luz e mais resistente à vibração, devido a influencia do vento;

VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Bezerra, M. A., (2004) - Desenvolvimento de um destilador solar para tratamento de águas de produção

Bertolo L. A.(2010) - Probabilidade e estatística aplicada no Excel, IMES Catandura

Brito, Miguel C. (2005) - Energias renováveis, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

de petróleo com vistas a sua utilização na agricultura e geração de vapor.

Cleide, M. et al (2007) - Evaporação solar como alternativa de reuso dos efluentes da dessalinização por osmose inversa, XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental.

Dinis, A. (2000) - Estatística Básica e Geoprocessamento, UFMG.

Carvalho A. M. (2001) – Ministerio do desenvolvimento, industria e comercio exterior, INMTRO.

Ferreira, J. L. 2002-Simulação do comportamento térmico de estufas agrícolas com cobertura plástica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Henriques, A. et al (2005) – Estudos correlacionais e estudos causal comparativos, DEFCUL

Holliday, David e tal, (2004) - fisica2, 4o edição.

J. R. B. Farias, H. Bergamaschi e S. R. Martins (1994) - Evapotranspiração no interior de estufas plásticas, Revista Brasileira de Agro meteorologia, Santa Maria.

Neto C. B. (2009) -Transferência De Calor (Tcl), Volume II – Isolamento térmico, Instituto Federal de Santa Catarina Campus são José, área técnica de refrigeração e condicionamento de ar.

Maluf, A. P. (2005) - Destiladores solares no Brasil, monografia apresentada ao departamento de engenharia mecânica da universidade federal de lavras.

Rodrigues W. C. (2006) - Panejamento e Gestão Ambiental, Estatística Ambiental, Universidade Severino Sombra

Soares, C. (2004) -Tratamento da água unifamiliar atravez de destilacao solar natural utilizado água salgada, salobra e doce contaminada, Universidade Federal de Santa Catarina