Estudante x Aluno
Publicado em 30 de maio de 2019 por NERI P. CARNEIRO
Estudante x Aluno
Vivemos num mundo repleto de contradições e que pode ser explicado pelas oposições. Podemos até dizer que vivemos num mundo movido pelo princípio da dialética, onde os elementos se explicam pelos seus opostos: sabemos que alguém está em pé porque a comparamos com uma pessoa que está sentada...
Um bom exemplo desse emaranhado de explicações, oposições, contradições, complementações e tentativas de compreensão nos foi oferecido já há algumas décadas, quando Raul Seixas cantou “Caminhos”. Ele começa dizendo:
“Você me pergunta
Aonde eu quero chegar
Se há tantos caminhos na vida
E pouca esperança no ar”
E aquele “maluco beleza” conclui sua filosofança afirmando:
“O caminho do risco é o sucesso
O do acaso é a sorte
O da dor é o amigo
O caminho da vida é a morte!”
No universo da escola, também existem alguns elementos que não se casam. Não por falta de afinidade, mas porque são excludentes. Quem é um deles, não pode ser o outro, ao mesmo tempo e na mesma circunstância. Estamos falado do estudante e do aluno.
Isso posto, podemos assinalar algumas das diferenças que caracterizam os alunos e os estudantes. É fato que há diferenças enormes entre o ser aluno e ser estudante.
Aluno é aquele que não possui luz e depende do outro para entrar na luz do saber. Não tem iniciativa e sempre dependerá do outro para estimulá-lo no processo do crescimento pessoal. Só cresce a partir dos empurrões.
O aluno até parece galinha tomando chuva. Durante as aulas e as explicações, não se liga e da mesma forma que a galinha, após a chuva se sacode e se livra da umidade. O aluno se sacode na sua condição de ser improdutivo, estéril... sobre o aluno cabe a palavra de Jesus: “É como o solo pedregoso, recebe a semente, mas por ser seco, nada produz”.
O aluno, terminado o tempo escolar, estaciona. Vira folha de verão...perde o verde da vida, amarela, cai e seca... e passa a ser sacudido pelo vento e vai para onde o vento o levar.
Estudante é aquele que se dedica ao aprendizado a partir de suas motivações. Recebe ajuda porque vai buscá-la. A iniciativa no caminho do conhecimento vem de si mesmo. Não é autossuficiente, mas é interessado em aprender. Move-se por iniciativa e pelas motivações que vai criando e se propondo. Gosta de receber impulsos, mas o impulso externo, geralmente de um professor, origina-se de sua motivação. Busca ajuda, pois entende que é um ser limitado e as ajudas o complementam. E quanto mais ajuda recebem, mais crescem!
O estudante pode até concluir um ciclo de estudos, mas tão logo isso ocorra, corre para iniciar outro... e quando se despede da escola formal, dedica-se ao estudo pessoal... é um ser sedento de saber e só sacia sua sede quando pode se dedicar ao estudo... ele se rejuvenesce nessa busca e vive a vida na busca pelo saber!
Os professores, cotidianamente, por obrigações do ofício, convivem com ambas as espécies em cada sala de aula. Mas todo professor sabe que seu trabalho é salutar, saudável, significativo, superinteressante... somente quando pode lecionar para estudantes. Esses enobrecem seu ofício, pois cada professor sabe que, de alguma forma, por meio de sua aula e a partir do que leciona, está ajudando alguém a crescer!
Já os alunos... Os alunos são um saco!
Neri de Paula Carneiro
Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador
Rolim de Moura – RO