ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO

O significado da palavra “stress”, oriundo da física, no século XIX, consiste no esforço de adaptação do organismo para enfrentar situações que considere ameaçadores a sua vida e, a seu equilíbrio interno. São situações em que a pessoa percebe seu ambiente como ameaçador as suas necessidades de realização pessoal, profissional, a saúde física ou mental e, social (PAIVA; MARQUES, 1999). Hans Selye foi considerado o “pai da estressologia” que ampliou seu estudos e pesquisas ao longo de quatro décadas (1936-1976) diante dos trabalhos de Cannon.

Hans Selye foi o primeiro estudioso que tentou definir estresse, atendo-se à sua dimensão biológica. O estresse é um elemento inerente a toda doença, que produz as modificações na estrutura e na composição química do corpo, as quais podem ser observadas e mensuradas. O estresse é o estado que se manifesta através da Síndrome Geral de Adaptação (SGA). Esta compreende: dilatação do córtex da supra-renal, atrofia dos órgãos linfáticos e úlceras gastro-intestinais, além de perda de peso e outras alterações (FILGUEIRAS, 1999, p. 40-51).

O transtorno do estresse pós-traumático – (TEPT), desenvolve-se após a exposição a um evento traumático grave, onde o indivíduo apresenta sintomas de revivescência e evitação de estímulos associados e hiperexcitabilidade. O indivíduo pode evitar situações ou conversas associadas para lembrar de aspectos relevantes associados ao evento. De acordo com Margis (2003), é importante ficar atento aos eventos estressores, como também destacando que algumas pessoas podem desenvolver Reação Aguda ao Estresse ou apresentar crises de pânico ou depressão. O desequilíbrio ocorre quando a pessoa necessita responder a demanda, a qual aumenta a capacidade adaptativa, ocasionando tensão e, ruptura ao equilíbrio interno, causando um estado de tensão patogênico do organismo. Frequentemente, com pessoas de temperamentos diferentes do que esperávamos em nosso projeto de vida, pode configurar um desafio à sobrevivência diante do modo de ser, de pensar e de manter nosso bem estar biológico, psicológico e social. Devemos cumprir metas, executar múltiplas tarefas e atender a funções nem sempre compatíveis com os nossos desejos pessoais e, profissionais. Tentando ao mesmo tempo, preservar a nossa necessidade de autoestima.

Após a segunda metade do século XIX e início do século XX, diante das inovações tecnológicas nos meios de transporte, se esboçaram de experiências traumáticas, referente as locomoções a vapor, transporte ferroviário de passageiros, onde desfrutavam do conforto, como também de acidentes frequentes que ofereceram grandes quantidades de intervenções terapêuticas variadas.  Os geradores de estados tensionais, como o transtorno de ansiedade, o qual pode ser uma fonte poderosa de estresse, pois o ser ansioso possui a tendência a ver o mundo de modo ameaçador, vendo risco em grande maioria das atividades a serem realizadas. O estresse que é nosso companheiro no cotidiano é um profundo sinal de alerta ao organismo, que aciona mecanismo de defesas neste processo para uma internalização das experiências vivenciadas no meio em que vive. A relação entre o estado psicológico e as doenças não ocorrem apenas nas situações de estresse, mas também de frustrações, tristezas, perdas e, principalmente quando acontecem repetidas vezes, sobrecarregando e gerando tensão emocional, a qual pode ser a causa de uma doença (ARAÚJO, 2009).

De acordo com Kristensen (2006), o diagnóstico do transtorno do Estresse Pós-traumático é fundamentalmente clínico, com critérios de diagnósticos válidos e confiáveis, pois prejuízos no funcionamento foram incluídos nos relatos iniciais das reações sintomatológicas do estresse, como também tem sugeridos para a avaliação a análise dos prejuízos cognitivos.

O eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, têm sido privilegiado na investigação neurobiológica, como também o sistema simpático pelo papel fundamental destes na resposta ao estresse, pois ocorre uma hiperativação do sistema nervoso simpático, caracterizada pela produção de adrenalina e noradrenalina nos próprios terminais simpáticos e pela medula supra-renal. Diferentemente do que ocorre em outros transtornos, na resposta imediata ao sistema estressor evidencia-se o aumento da sensibilidade, que é resultado na diminuição do cortisol plasmático e urinário (KRISTENSEN, 2006).

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Marley Rosana Melo de et al. Andar de bicicleta: contribuições de um estudo psicológico sobre mobilidade. Temas em Psicologia, v. 17, n. 2, p. 481-495, 2009.

______________________________. Transporte público coletivo: discutindo acessibilidade, mobilidade e qualidade de vida. Psicologia & Sociedade, v. 23, n. 3, p. 574-582, 2011.

ROZESTRATEN, Reinier JA. Psicologia do trânsito: o que é e para que serve. Psicologia: ciência e profissão, v. 1, n. 1, p. 141-143, 1981.

________________________. Psicologia Social e o trânsito. Psicologia: ciência e profissão, v. 6, n. 2, p. 22-23, 1986.

MARGIS, Regina; PICON, Patrícia; COSNER, Annelise Formel; SILVEIRA, Ricardo de Oliveira. Relação entre estressores, estresse e ansiedade. Rev. Psiquiatr. RS, 25 (suplemento1): 65-74, abril 2003.

MEDEIROS, L. F.D, Estresse e Estressores, UFRRJ. Instituto de Zootecnia. Departamento de Reprodução e Avaliação Animal. Seropédica, Rio de Janeiro, 2007.

MOFFAT, Alfredo. Psicoterapia do Oprimido. Ideologia e técnica da psiquiatria popular. São Paulo: Cortez Editora, 4ª Ed. p.231, 1983.

SELYE, Hans. Stress: a tensão da vida. 1965, 2.ed. Tradução de Frederico Branco. IBRASA: São Paulo.

THIELEN, Iara Picchioni. Perspectivas para a Psicologia do Trânsito. Interação em Psicologia (Qualis/CAPES: A2), v. 15, 2011.