Ultimamente, os estudos sobre as competências de literacia têm trazido várias discussões científicas, demonstrando a necessidade da escrita como o instrumento e, no caso da academia, um factor de sucesso de considerar ( Bahkhin, 1981; Siopa, 2015; Faquir, 2016). Depois de constatar os diversos problemas de escrita nos alunos e, partindo do pressuposto de que os professores de Português  não usam estratégias de promoção da  competência da escrita, a presente pesquisa tem o objectivo de conhecer as estratégias  usadas pelo professor de Português do ensino secundário com vista a desenvolver a competência de escrita nos alunos da 12ª classe. Esta investigação parte da seguinte pergunta: Quais são estratégias usadas pelos professores de Português com vista a desenvolver a competência de escrita nos alunos da 12ª classe? A metodologia consiste no inquérito por questionário  feito a cinco professores da disciplinas de Português de duas escolas moçambicanas. Relativamente às estratégias, os resultados apontam para exposição, produção textual e Feedback e, em relação aos instrumentos, incedem na gramática e dicionário. Nesta Circunstância, as conclusões desta investigação revelam que alguns professores desconhecem as estratégias, por isso, e, por um lado, e, por outro lado, usam, apenas, a estratégia de retorno correctivo/ Feeback.

Palavras-chave: Estratégias. Professor. Competência  de escrita.

Introdução

A construção do conhecimento é feita por intermédio da escrita que permite passar o saber actual pela geração em geração. Sendo uma forma de interacção social, a escrita é utilizada por determinada pessoa para partilhar um conhecimento com uma outra, tendo em conta o meio social do interlocutor dela. Este processo expressivo implica, de qualquer forma, que o escrevente tenha competências que lhe permitam distinguir ‘o eu do outro’, entidades estas que facultam a interacção que culminará com (re) surgimento de conhecimentos que podem solucionar os problemas sociais (Antunes, 2003; Bakhitin, 1981; Tovela, 2012). Contudo, os alunos do ensino secundário, sobretudo os da 12ª classe, revelam dificuldades de produzir um texto coeso e coerente através do escrito, por mais que o Programa Oficial, que é o repositório de sugestões metodológicas e organização dos conteúdos, preveja: “Os alunos deverão ser encorajados a ler obras diversas e a fazer comentários sobre elas e seus autores, a escrever sobre temas variados, a dar opiniões sobre factos ouvidos ou lidos nos órgãos de comunicação social, a expressar ideias contrárias ou criticar de forma apropriada, a buscar informações e a sistematizá-la (MEC,2008).” Esta citação demonstra que os alunos da classe em pesquisa devem praticar a escrita através dos livros que irão resumindo, desenvolvendo, assim, a capacidade crítica face aos problemas da sua sociedade. Neste caso, como se pode verificar a partir da definição da escrita, esta engloba vários elementos que devem ser tidos em conta aquando do ensino desta competência. Todavia, esta pesquisa que se enquadra na área da competência de literacia sobretudo a escrita pretende conhecer as estratégias utilizadas pelo professor de Português no desenvolvimento da competência de escrita da população em análise. Para o efeito, em relação à sua estrutura, para além desta introdução, este trabalho abarca, também, o enquadramento teórico, metodologia, 2 apresentação e discussão dos resultados,bem como as respectivas conclusões. Finalmente, em anexo, há o instrumento de recolha de dados que é o inquérito por questionário.

Enquadramento teórico

A escrita é uma actividade que comporta a interacção expressiva na qual determinada pessoa vai manifestando as suas ideias, informações, intenções, crenças e sentimentos que necessita de partilhar com alguém de forma verbal (Antunes, 2003). Nesta perspectiva interaccionista que a escrita assume, Bakhitin (1981) defende que a expressividade evoca dois elementos fundamentais, nomeadamente, o conteúdo interior que é a ideia que se pretende transmitir e a sua objectivação exterior, que é a materialização do pensamento direccionado a outrem ou a si mesmo. Embora estes autores vejam a escrita na perspectiva interaccionista, Tovela (2012) ressalta que a construção de conhecimento depende da escrita que é um instrumento fundamental na divulgação de saberes. Portanto, como se pode perceber, a actividade de escrita é definida de várias formas, pois, entende-se que esta é um processo complexo que leva o escrevente a ter em atenção o destinatário ou a pessoa para quem os objectivos comunicativos que presidem ao acto comunicativo e ao contexto social onde acontece. Sendo a escrita um instrumento de perpetuação do saber que de qualquer forma obriga o escrevente a ter a consciência das regras textuais e sociais, então, de forma dedutiva, a pessoa que redige o texto deve ser dotada de habilidades e competências. No processo de ensino-aprendizagem, no que diz respeito ao desenvolvimento de competências dos alunos, o professor tem um papel importante na medida em que este tem as teorias pedagógicas (Silva & Felicetti, 2014). Segundo Fleury & Fleury (2001), a competência é uma especificidade que flui numa pessoa, quando esta, casualmente, está a realizar uma tarefa em determinada situação, concordando, desta forma, com Dias (2010), quando este autor afirma que a competência é caracterizada pela tomada de decisão, mobilização de recursos e pelo saber agir conforme a situação em que a pessoa se encontra. Relativamente ao desenvolvimento de competência, Silva & Felicetti (2014), na vertente construtivista, advogam que as situaçõesproblema usadas pelo professor são primordiais para a evolução das competências, pois, 3 permitem que o aluno mobilize os conhecimentos adquiridos e os associe ao contexto. Além destas situações em que o professor se vai envolver com vista ao crescimento das competências nos seus alunos, esses autores exortam que é necessário que o docente tenha o domínio das tais habilidades, porque vai ajudar os alunos a identificarem e criarem estratégias que lhes permitem a ultrapassar as dificuldades. No entanto, Tovela (2012) define a competência discursiva escrita como uma capacidade que o discente tem de produzir certo texto de forma coesa e coerente e que seja apropriado à diversidade social. Percebe-se que a função do professor é fundamental para determinar as tais estratégias, pois, estas compreendem várias definições. Segundo Mainardes, Ferreira & Raposo (2011) estratégia é o estabelecimento político, directrizes, práticas e planos de acção num grupo, partindo de um objectivo comum e o relacionamento desta organização com o seu ambiente externo. Também na visão de Santos (2011), baseado nas perspectivas militar e empresarial, é a disposição dos tropas para alcançar a vitória sobre o inimigo. Empresarialmente, é a formulação de um plano que reúne de forma integral, os objectivos políticos e as acções da organização com vista a alcançar o sucesso. Igualmente, no campo educacional, as estratégias são recursos que podem agregar valores no processo de ensino- aprendizagem cuja importância está directamente ligada aos objectivos pretendidos (Rodrigues, 2005). Destas definições que estão na esteira da complexidade, é possível recolherem-se alguns elementos comuns que são objectivo, situação e sucesso, isto é, positivamente, as estratégias são aplicadas para alcançar um objectivo que determinará a nova situação que, por consequente, após aplicação, verificar-se-á o sucesso. Paralelamente à competência de escrita, baseando-se nestas definições, dir-se-á que estratégias de desenvolvimento da escrita são planos sistemáticos que possibilitam a promoção desta competência. Por isso, Dias (2010) certifica que a preocupação da escola no século XXI é de preparar o educando para a vida e a sua atenção é centrada no aluno para que este, de forma independente, pesquise ou recolha as informações sobre uma investigação. No contexto moçambicano, o processo de ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa baseia-se no Programa Oficial que engloba os conteúdos que serão tratados pelo professor aquando das suas aulas. O Programa do Ensino Secundário Geral da 12ª classe prevê formar um aluno que tenha habilidades e competências para intervir na sociedade de forma activa e crítica. Para tal, o professor deve ter a capacidade criativa, saber regular os recursos e ainda aplicar a Pedagogia Construtivista. Para o desenvolvimento da competência de escrita, este documento oficial compreende tipologias textuais (normativos, administrativos, jornalísticos, multiusos, literários e 4 pesquisa e organização de dados). Para além desta composição e formação daquele tipo de indivíduo, o Programa contempla, também, diversos objectivos dos quais se destacamʺ Produzir textos orais e escritos de natureza diversa de forma lógica, estruturada, criativa e espontânea; Resumir textos de natureza diversa; Produzir trabalhos de pesquisa devidamente estruturados e produzir textos com correcção ortográfica, obedecendo às regras de acentuação e de pontuaçãoʺ( M.E.C, 2008.p.8). Por mais que haja as ínfimas sugestões metodológicas quer para desenvolvimento de escrita, quer para o da leitura, a população deste ensino revela dificuldades significativas quanto à escrita (Tovela, 2012). Isso torna-se mais claro num estudo feito a nível de três regiões deste país (Sul, Centro e Norte), no qual Faquir (2016) constatou que, ao nível da metodologia e estratégias, os professores da língua portuguesa não usam procedimentos que estejam sistematizados, programados e intencionais com vista a materializar as actividades de ensino de escrita. Assim, se o professor não aplica as estratégias, logicamente, os alunos terão uma escrita não proficiente, os objectivos sugeridos pelo Programa não serão atingidos e a construção do conhecimento terá um carácter deficitário. [...]