Professor Mestre:Claudio Pinheiro 

   Resumo: Com o presente artigo pretende-se evidenciar os caminhos percorridos pelo professor no que diz respeito á aprendizagem significativa no ensino de História para as séries iniciais, acreditando que o atuar docente deve estar voltado para o universo da criança e que as habilidades do professor devem estar à altura para proporcionar ao educando o seu direito a grandeza e alegria de aprender História de forma a ajuda-lo a construir já nas primeiras séries uma visão parcial da Historia do mundo que os cercam.

   Palavras-chave: criança; educação; professor; aprendizagem; história.

 

   1.Introdução

      Pensar no papel que deve desenvolver o pedagogo nas séries iniciais requer muito esforço e muita reflexão diante das políticas educacionais, da escola e da ciência  que  alicerça o profissional.

      O tema ora escolhido tem sua origem no interesse de analisar e compreender melhor como A matéria de História é aplicada no ensino fundamental l e principalmente, como é que deve se portar o professor no sentido de dar o seu melhor ás crianças em formação.  Portanto, esta pesquisa tem como objetivo abrir portas que venham dar ao pedagogo estratégias que possam ser usadas para que suas aulas sejam no final de cada período, algo prazeroso entre docente-discente onde a mais valia seja o aprendizado enriquecedor sobre a matéria em questão. Sendo assim, a reflexão sobre a prática se faz presente para que o educador tenha a plena consciência de que:

                                     “Ensinar, então, ao contrário do que muita gente imagina, vai muito

                                       além do promover condições para a construção do conhecimento –   

                                       tarefa que, sozinha, já constitui uma nobre missão. Ensinar, na verdade,

                                       é também desenvolver, junto aos alunos, uma série de importantes e

                                       imprescindíveis papéis, nos quais o professor investe a fim de que se

                                       tornem paradigmáticos na estruturação da personalidade de seus

                                       alunos”.  (AYRES, 2007, P.16).

      De acordo com o autor, evidencia-se a necessidade do profissional descruzar    

os braços, ou seja, agir de forma a alcançar cada criança, seja pelo olhar a cada uma delas, seja pelo diagnostico coletivo previamente discutido nas reuniões pedagógicas, para assim proceder na busca de soluções que desencadeiem ações motivadoras para as aulas de história para ambas as partes: professor e aluno.

     Considerando até aqui que cada aluno dentro do processo de ensino-aprendizagem, tem seu ritmo próprio de ver, analisar e aprender, observação que tem que ser levada em consideração por parte do professor que deseja atuar com amor e respeito à diferença discente. Visto que essas crianças trazem parte de suas experiências do convívio familiar e da interação com a sociedade.

      Sendo assim:

                                     “ A sólida aprendizagem decorre da consolidação de conhecimentos e

                                      métodos de pensamento, sua aplicação em situações de aula ou do dia-a-

                                     dia e, principalmente, da capacidade de o aluno lidar de modo

                                      independente e criativo com os conhecimentos que assimilou. Tudo isso

                                     requer tempo e trabalho incessante do professor.” (LIBÂNEO, 1994, P. 87)

                                                                                                                        

      Consoante ao autor, acredita-se em primeiro lugar, que o professor tem que estar além da crise paradigmática que há entre o mesmo e seus alunos, ou seja, deve entender que seus pupilos vivem no século XXI, portanto, pensam e agem de acordo com o seu presente.Cabendo ao professor a mudança; a adaptação necessária e não ao aluno, afinal, o profissional da educação que nasceu, viveu e se formou no século XX não pode levar consigo apenas este aprendizado como algo pronto e acabado para a educação do novo milênio por destoar com as novas necessidades de aprendizagem dos alunos. A escola já não é a mesma que a maioria dos professores estudaram. Por esta razão, se a escola muda, isso ocorre porque as pessoas mudam; com isso a aprendizagem necessita ser revista continuamente e com isso o trabalho docente é algo a ser analisado pelo professor e pela escola todos os dias.

      No entanto, em se tratando do ensino de História, entre outros fatores, para que a aprendizagem seja significativa, se faz necessário abordar com os alunos três conceitos básicos: fato histórico, tempo histórico e sujeito histórico; sabendo que os fatos históricos até podem ter conceitos diferentes, como apregoa o PCN (2007), o professor tem a liberdade de escolher as ações humanas que ao seu olhar marcaram de forma significativa a vida em sociedade atuando de forma facilitadora para a construção do conhecimento de seus pupilos. Estes três conceitos devem estar na pauta das aulas de história devidamente articulados por se tratar de conceitos que dependem um do outro para a compreensão da aula/tema proposto. Portanto, nos anos iniciais do ensino fundamental l, a abordagem histórica, a partir das narrativas bem aplicadas através destes três conceitos certamente proporcionará uma aprendizagem mais significativa, seja num contexto local, estadual, federal e até mundial.

     O professor tem que ter bom conhecimento histórico para assim estabelecer metodologias sempre interligadas com a realidade da comunidade local para agregar significado a proposta curricular. Tem que ser motivado e ter motivação para inovar sua técnica sempre que se fizer necessário, pois só assim estimulará, despertará e incentivará seus alunos em buscar o aprendizado na  construção da autonomia docente-discente:

                                         

                               " É esta percepção do homem e da mulher como seres “programados, mas

                                para aprender” e, portanto, para ensinar, para conhecer, para intervir,

                                que me faz entender a prática educativa como um exercício constante       

                                em  favor da produção e do desenvolvimento da autonomia de    

                                 educadores e  educandos".                                 (FREIRE, 2006, P. 145)

 

     Parafraseando Paulo Freire quando diz que “não há docência sem discência”, evidencia-se que ambos (professor/aluno) são essenciais e imprescindíveis à escola e, portanto, para a educação. Todavia, mesmo sabendo que há barreiras estruturais, econômicas e politica que impedem o professor de adquirir o conhecimento necessário para atuar; que a academia não prepara o profissional adequadamente; isso não diminui a responsabilidade do professor em formar seus pupilos. Ele é o adulto em sala de aula e é ele que tem que propiciar aos seus alunos um universo de informações que venham acrescentar valores na vida de cada ser em formação. Isso independe da formação adquirida pelo professor, seja ela de qualidade ou não, cabe a ele inovar e buscar o melhor em seu atuar docente sempre. Afinal, um professor de vocação, tem zelo, respeito e amor ao próximo e, por esta razão  procura se capacitar para atender dentro do possível o que pede a educação presente.

    Lembrando aqui que o pedagogo não recebe de forma aprofundada na academia aprendizado sobre história/geografia, entre outros, o que faz com que os mesmos busquem em livros o conhecimento necessário para que desenvolvam suas habilidades aula após aula. Isso reafirma que a academia não termina com a conclusão de um curso superior. Ela permanece em cada mergulhar na ciência, quando se busca informações para aprimorar o aprendizado, seja ele em história ou em qualquer área do conhecimento.   

   Contudo, para a matéria de história, não cabe conteudismo porque o mesmo não contribui para a formação crítica dos alunos, pois ao efetuarem cópias de textos que não foram habilmente debatidas, problematizadas pelo professor ao ponto de que eles possam entender o que leram ou pesquisaram, torna a matéria desinteressante e por esta razão, sem sentido algum para os alunos que acabam se dispersando e desprezando tanto a aula proposta como as demais se estiverem fora do contexto e desarticuladas. É preciso ter habilidade e conhecimento, isto é, estudo prévio para proceder de forma significativa no ensino-aprendizagem. Dito de outra forma para que fique mais claro o entendimento de como ensinar e aprender história evidencia-se o aporte teórico para nos conduzir a uma melhor compreensão:

                                                                  

                              “ ensinar e aprender História no atual contexto sociopolítico e cultural   

                                requer que retomemos uma velha questão, que é o papel formativo do

                                ensino de História. Devemos pensar sobre a possibilidade educativa da

                                História, ou seja, a História como saber disciplinar que tem papel

                                fundamental na formação do homem, sujeito de uma sociedade   

                                marcada  por diferenças, desigualdades e contradições múltiplas”.

                                                                                                   (FONSECA, 2009. p.83)

      A partir da contribuição de Fonseca, podemos entender que o professor tem que trazer á sala de aula assuntos facilitadores que prendam a atenção dos alunos levando-os a estabelecerem ideias reflexivas de acordo com o tema abordado para que eles possam abstrair criticamente. Desta forma aprendemos até aqui que:

                               

                                 “O ensino e aprendizagem de História envolvem uma distinção básica

                                   entre o saber histórico, como um campo de pesquisa e produção de

                                   conhecimento do domínio de especialistas, e o saber histórico

                                   escolar, como conhecimento produzido no espaço escolar.”

                                                                                                    (BRASIL, 1997, p: 35)

 

      Partindo dessa afirmativa, as escolas e seus professores devem criar e aplicar métodos que coloque por terra a memorização em história e isso requer vontade por parte da instituição e de seus profissionais que realmente tem compromisso com a educação, pois o conhecimento só terá valor para os alunos se as informações possibilitarem uma compreensão simplificada do convívio em sociedade/comunidade. Mas é preciso muito cuidado na tomada de decisões, como exemplo: as comemorações festivas devem ter um olhar atento do professor para não esbarrar em preconceitos e ferir/destruir o pensar e acreditar de cada criança que construiu uma visão diferente do que a história porventura pode relatar. Diante disso, para evitar aborrecimentos, a habilidade urge no sentido de promover em cada criança um olhar crítico frente a um tema festivo, contudo de maneira respeitosa. A criança é capaz de construir pontes e de até mudar sua forma de pensar quando se coloca em evidencia algo que a sociedade concebe por certo, mas que a ciência histórica distorce. Cabe ao professor sempre ter a ciência ao seu favor porque é ela que dará a argumentação caso o mesmo seja cobrado pelos pais ou direção. Deve ter objetividade e clareza em suas escolhas e acima de tudo, que sua escolha seja pedagógico-metodológica para enriquecer o ensino-aprendizagem. Neste sentido, o professor não pode usar a liberdade que tem para se valer da ciência de acordo com o que ele concebe e sim com o respeito pela diversidade discente no ato da escolha; tem que procurar ser o mais neutro possível para obter sucesso em suas aulas tendo a ciência como norte, como fio condutor para que de forma estratégica ele possa fazer o aluno pensar criticamente sobre determinada comemoração e/ou determinados assuntos que são polêmicos na matéria de história. Sendo assim, o ensino de história tem como objetivo o desenvolvimento da consciência histórica nos indivíduos, uma vez que o raciocínio elaborado com a finalidade de entender as ações individuais e coletivas num contexto de tempo e espaço dão condições para que estes se orientem em sua vida prática no tempo presente.

      Fica evidente que se faz necessário viabilizar o pensamento histórico,  e para isso é preciso tempo e espaço e inferência na vida cotidiana dos alunos, para que os mesmos possam refletir e construírem novos olhares frente ao que é proposto pelo tema/matéria de história. O ensino de história só será significativo e eficiente quando promover a compreensão de diferentes temporalidades e realidades dando o valor necessário a cada uma delas. Por esta razão é que é preciso conhecer a realidade presente da comunidade escolar para proceder na confecção de diferentes contextos, o que por sua vez, ira contribuir, a partir de uma nova leitura da história, a ações mais humanizadas e a grandeza ainda maior que é a pratica da cidadania.

     Entretanto, o objetivo central deste artigo é o de proporcionar estratégias significativas ao pedagogo em suas aulas de história nas séries iniciais, mas os profissionais seja por  um ou mais motivos,(o que não é objeto de investigação neste trabalho), não recebem em sua formação a ajuda devida para atuarem em sala na matéria em questão.  Como não bastasse esse problema que é grave, segundo Oliveira (“1995, p. 263-264).” Poucos historiadores interessam-se pelo processo de construção do conhecimento histórico em crianças. Muitos sequer acreditam na possibilidade da criança aprender história nas séries iniciais”. 

      Em concordância com o autor, fica evidente que o pedagogo tem que dar mais de si para a boa formação discente, já que este apoio não é ofertado na academia e menos ainda pelos profissionais da área de história. Deve o profissional recorrer, alem do que, já foi mencionado em paginas anterior aos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (BRASIL, 1997), em que  um dos objetivos mais relevantes quanto ao ensino de História relaciona-se à questão da identidade e é ela que funcionará como leme para que o professor possa navegar rumo ao porto seguro da construção cidadã o que por sua vez, é o objetivo central da escola e da educação:

 

                         " A opção de se introduzir o ensino de História desde os primeiros ciclos do ensino  

                        fundamental explicita uma necessidade presente na sociedade brasileira  e    

                          acompanha o movimento existente em algumas propostas curriculares  

                          elaboradas  pelos estados. (...)   A demanda pela História deve ser entendida      

                          como uma questão da sociedade  brasileira,  ao conquistar a cidadania, assume    

                          seu direito de lugar e voz, e busca  do  conhecimento de sua História o espaço

                          de construção de sua identidade".                                 (BRASIL, 1997, P. 4)                                                                                

                                                                                            

 

 

    Por fim, considera-se ao pedagogo iniciante um desafio enorme a ser enfrentado e superado em suas aulas no que diz respeito ao ensino de história, porém, espera-se deste profissional atitude e vontade de fazer o possível na e para a educação, mesmo que a escola ou a ciência, ou seja, qual for o impedimento social, venham minar, distorcer seu atuar docente. Independente dos impedimentos que este profissional venha ter em seu atuar, fazer a diferença é o que valerá a pena em sua formação para a lenta e gradual transformação pessoal e social a começar pelos seus alunos. Portanto, as estratégias só terão significados ao pedagogo se o mesmo entender o seu papel na educação  e, a aprendizagem só será significativa aos alunos, principalmente em história, se este profissional estiver engajado, comprometido com a educação de tal forma que queira acima de tudo e de “todos” fazer a diferença para que tenhamos uma sociedade diferente, pensante, crítica e capaz de provocar mudanças, ainda que pequenas, contudo, mudança de habito, pensamento e olhar para o que está posto política/educacionalmente. Afinal, o autogoverno ou a autonomia propriamente dita tem em seu bojo a transformação e enriquecimento da própria cultura social, abolindo o condicionamento, a mesmice alicerçada por uma política ideológica reinante que precisa ser combatida severamente por um único e solitário soldado chamado Educação. 

   REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS  

   AYRES, Antônio Tadeu. Prática Pedagógica Competente: Ampliando os saberes do professor. - 3ª Ed.- São Paulo: Vozes, 2007. 

   LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. 

 

   FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 

   FONSECA, Selva Guimarães. Fazer e Ensinar História: Anos iniciais do Ensino Fundamental. Belo Horizonte: Dimensão, 2009. 

 

   BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros curriculares nacionais: História e geografia/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, MEC / SEF, 1997.