Resumo

Objetivo: correlacionar a gordura corporal de cada indivíduo com o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, a partir de medição, análise e avaliação de dados coletados, para, assim, intervir com ações preventivas. Metodologia: estudo de coorte realizado por meio de uma pesquisa de campo que foi feita com cinco indivíduos frequentadores da Academia da Saúde da cidade de Jundiaí. Foi feita coleta de dados, os quais foram analisados por índices que permitiram fazer a avaliação. Foram administradas palestras e dinâmicas de grupo educativas como forma de intervenções nutricionais. Ao final da pesquisa foi realizada outra coleta de dados para comparação com a primeira e para avaliação dos resultados das intervenções. Resultados: antes das intervenções nutricionais, 40% dos participantes foram classificados com obesidade, 20% com sobrepeso e apenas 40% com eutrófia e todos apresentaram risco muito alto para doenças cardíacas. Após as intervenções nutricionais 80% reduziram tanto a circunferência da cintura quanto a circunferência do quadril, alterando assim as classificações nos indicadores CC, RCEst e Índice C. Conclusão: com os resultados positivos apresentados neste estudo, se mostra necessária a realização de ações de educação nutricional locais e regionais, para o controle do peso e redução da obesidade abdominal, objetivando diminuição de riscos cardíacos.

Palavras-chave: Obesidade; Doenças cardiovasculares; Alimentação; Intervenções nutricionais.

1 INTRODUÇÃO

Um dos maiores problemas que a saúde pública vem enfrentando como epidemia global é a obesidade, considerada uma doença que é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal (NASCIMENTO et al., 2011, p. 41). Estudos realizados no Brasil, como o Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF) nos anos de 1974/1975 e a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN) de 1989, mostraram a gravidade deste problema de sobrepeso/obesidade entre os brasileiros adultos. Estas pesquisas também mostraram que, além de a obesidade vir aumentado notavelmente, o público mais afetado são as mulheres (TEIXEIRA et al., 2013, p. 348). Esse excesso de gordura pode trazer diversas consequências para a saúde das pessoas, pois afeta o sistema cardiovascular. Segundo Oliveira et al. (2010, p. 479), em países como o Brasil, o excesso de peso tem crescido consideravelmente, o que t 3 cardiovasculares se desenvolvem durante décadas, sendo que altos níveis de colesterol, triglicérides, diminuição de HDL-c, bem como hipertensão arterial, diabetes mellitus e obesidade acabam contribuindo para a formação de placas de ateromas nas paredes dos vasos sanguíneos (SANTOS et al., 2013, p. 4). Alguns estudiosos, como Berenson et al. (1998 apud CAMPOS et al., 2010, p. 602), constataram a forte relação que existe entre as elevações no índice de massa corporal, pressão arterial, LDL-C e triglicérides e as lesões ateroscleróticas, mesmo em indivíduos jovens. Esses estudos são de grande importância, pois estes fatores podem acabar se agravando ao longo dos anos (FONSECA et al., 2010, p. 208). A forma como os indivíduos constroem seus hábitos alimentares influi muito em sua saúde e desenvolvimento de uma forma geral. Segundo Neutzling et al. (2007, p. 337), uma alimentação rica em fibras protege contra obesidade, DCV, diabetes e alguns tipos de câncer. No Brasil, existem poucos estudos de grande abrangência populacional sobre hábitos alimentares, especialmente com adolescentes. No estudo realizado por Costa et al. (2005 apud NEUTZLING et al., 2007, p. 337), foi analisada a disponibilidade alimentar em domicílios do Brasil, e foi constatado maior consumo de açúcar e menor consumo de frutas e hortaliças. Em locais mais desenvolvidos, houve também excesso de consumo de gorduras, em geral as saturadas. A mídia e a indústria alimentícia têm pressionado muito a população para que adote um estilo de vida voltado ao aumento do consumo de produtos ricos em calorias e, dessa forma, as pessoas são conduzidas a ingerirem carnes, leite e derivados ricos em gorduras, e a reduzirem o consumo de frutas, cereais, verduras e legumes. Este estilo de vida é fomentado pelo acesso a refeições de fácil preparo e consumo, como enlatados, congelados, pré-cozidos, prontos, fast-food (TEIXEIRA et al., 2013, p. 348). Nesse cenário, um fator que contribui muito para o surgimento de riscos para DCV é a falta de qualquer tipo de prática de atividade física, associada a uma alimentação muito calórica, pois o pouco gasto energético resulta em balanço positivo, caracterizando excesso de peso. Isso pôde ser observado no estudo de Souza, Garcia e Ferreira (2017, p. 227), em que a comparação dos dados antropométricos feita em indivíduos ativos (IA) e em indivíduos sedentários (IS) mostrou aumento de adiposidade abdominal e do IMC no grupo de indivíduos sedentários, embora a avaliação da qualidade de vida feita pelo questionário SF-36 não mostrou diferença entre os grupos IA e IS. Seguindo a linha do estudo anterior, Osawa, Urbano e Suzuki (2016, p. 111), ao avaliarem cerca de 380 trabalhadores de condomínios na cidade de Londrina, observaram que 4 o sedentarismo associado com maus hábitos, como tabagismo, contribuiu muito para o aumento do sobrepeso e obesidade, pois chegaram muito perto dos 50% em ambas as classificações, tendo em vista que metade dos trabalhadores eram hipertensos. Em outro estudo, Amanda Ribeiro, Rosângela Cotta e Sônia Ribeiro (2012, p. 9-10), chegaram à mesma conclusão: a qualidade de vida da maioria dos indivíduos pesquisados estava inadequada. Para modificar esta cena atual, vivida tanto no Brasil como no mundo de uma forma geral, é preciso reduzir os fatores de risco para o desenvolvimento de distúrbios metabólicos que podem levar à aterosclerose. Esta situação pode ser revertida em tempo diante de mudanças comportamentais, e isso pode ser feito como medida preventiva ainda na fase de crescimento (GUERRA et al., 2003, p. 10). Primeiramente, para se determinar quais estratégias a serem usadas, é necessário estar a par do estado nutricional das pessoas. A classificação do estado nutricional pode ser obtida a partir de indicadores antropométricos, que são eficientes na determinação de gordura corporal. Beck, Lopes e Pitanga (2011, p. 127), ao realizarem estudos epidemiológicos com adolescentes entre 14 e 19 anos, notaram a eficiência dos indicadores antropométricos, sendo eles: índice de massa corporal (IMC) que analisa a gordura geral, circunferência da cintura (CC) e o índice de conicidade (Índice C) que ajudam a identificar a gordura visceral do corpo e a razão cintura/estatura (RCEst) que relaciona a gordura visceral com a altura do indivíduo. [...]