Resumo

O crescimento acelerado das trocas de informações sigilosas na internet levou à necessidade de ampliação da segurança das mesmas, já que ataques maliciosos estão cada vez mais iminentes. Dado isso, a esteganografia é de vital importância no auxilio da proteção digital, assim como na observação dos impactos causados pelo mau uso dela. Ela inclui um amplo conjunto de métodos de camuflagens secretas desde os tempos mais antigos, tal como o uso de tintas “invisíveis”, micro pontos, tabletes de cera, até o uso de canais escondidos (técnica do LSB), marcas d’água, assinaturas digitais dentre outras. O presente artigo se propõe a expor a história, significado, técnicas e aplicações da esteganografia, diferenciando-a da criptografia, e dando ênfase em dois aplicativos gratuitos, OpenPuff e Quick Stego, com a discussão das formas de uso deles. . Palavras-chave: Esteganografia. Criptografia. Segurança da Informação. OpenPuff. Quick Stego. 1. Introdução e História A expansão da internet tornou mais fácil o compartilhamento das informações, levando ao aprendizado de ferramentas diversas, as quais em muitos casos são usadas para práticas indevidas e maliciosas, feitas quase sempre no anonimato. Dentre essas ferramentas discutiremos sobre as técnicas de esteganografia, juntamente com análise dos aplicativos OpenPuff e Quick Stego. A esteganografia é uma palavra que vem do grego e significa “escrita oculta” (stegano= escondido ou secreto e grafia= escrita ou desenho). Trata-se do estudo de técnicas que permitam camuflar informações dentro de outros arquivos sejam eles imagens, músicas, vídeos ou mesmo textos (ATTABY, 2017). A menção histórica mais antiga e confirmada dessa técnica advém do célebre livro “As Histórias”, de Heródoto, data de cerca de 440 a.C onde é relatado o caso de certo grego que precisava fazer contato com o seu superior(um tirano de nome Aristágoras de Mileto), de uma forma oculta. Sendo assim, ele escolheu um escravo que lhe era muito fiel, e raspou-lhe a cabeça, escrevendo em seu couro cabeludo a tal mensagem. Em seguida aguardou que os cabelos do mesmo crescessem, e só então o enviou ao encontro de Aristágoras. O serviçal recebera a instrução de raspar novamente a sua cabeça perante o tal tirano, com o intuito de que ele pudesse ler o aviso secreto. A partir desse tempo, a esteganografia passou a ser utilizada de 2 várias formas com o objetivo de que as mensagens não fossem interceptadas por pessoas não autorizadas. Sabe-se ainda de narrativas sobre recados impressos em tabletes(KUMAR, 2010), os quais eram recobertos por cera (escondendo a verdadeira mensagem), ou ainda gravados em seda fina (típicos da China), das quais eram feitas bolinhas envoltas por cera, que deveriam ser engolidas por mensageiros e enfim regurgitadas no local de destino (tudo isso em tempo suficiente para que o organismo não a digerisse). O termo “esteganografia” só ficou conhecido no século XV, quando o monge Johannes Trithemius (Figura 01) publicou o livro Steganographia, escrito em três volumes. Na época em que foi publicado, acreditava-se que esse livro tinha como assunto principal magias, espíritos, entre outros. Porém, mais tarde, a “chave” para a decodificação do livro foi identificada, e descobriu-se que, na verdade, o livro falava sobre esteganografia e criptografia, detalhando várias técnicas destinadas a enviar mensagens sem que elas fossem percebidas (GIL et al., 2008). Figura 01: Johannes Trithemius, considerado o pai da esteganografia Fonte: https://www.nndb.com/people/790/000115445/ Durante a segunda guerra mundial, devido ao aumento na qualidade das câmeras, lentes e filmes, tornou-se possível aos espiões nazistas, a criação de uma das formas mais interessantes e engenhosas de comunicação secreta. As mensagens nazistas eram fotografadas e, posteriormente, reduzidas ao tamanho de pontos finais (.) em uma sentença. Assim, uma nova mensagem totalmente inocente era escrita contendo o filme ultrarreduzido como final das sentenças. A mensagem gerada era enviada sem levantar maiores suspeitas. Esta engenhosidade ficou conhecida como tecnologia do micro ponto (SINGH, 2001). Estas histórias (JOHNSON et al., 1998) mostram uma esteganografia primitiva. Hoje as mensagens são embutidas em imagens, som, protocolos como TCP/IP (AHSAN et al., 2002); em geral meios digitais. A esteganografia está presente em nossas vidas de uma forma bem constante, tal qual nas cédulas monetárias (figuras 02,03 e 04), ou ainda nos documentos de identificação (RG, CPF, etc.), onde podemos verificar a existência de inúmeras 3 mensagens escondidas, através do auxílio de equipamentos como lentes, reagentes químicos, foto reagente, luz, tato, etc. É importante diferenciar esteganografia de marca d´água, apesar de muitas vezes os métodos serem tratados juntos. No primeiro, o foco está em esconder uma mensagem, não se preocupando se o método é robusto e busca a maior quantidade possível de espaço para a mensagem. No segundo, a marca d´água não deve necessariamente estar escondida, o método deve ser robusto e não majora o espaço. [...]