Brasileiro gosta de um bom papo, né! Um dia desses, eu estava na fila do banco e ouvi um senhor falando assim: “Esse país não tem jeito, o menino roubou a bicicleta do deficiente e ainda tem gente que defende o malandro!” O tal senhor falava do caso do menino Ruan, de São Bernardo do Campo (SP). Em julho de 2017, o menino teve a testa tatuada com a frase: “Eu sou ladrão e vacilão”. Respirei, com medo, e pensei: as pessoas andam desesperançosas, não acreditam mais no poder público. Pudera, né! É tanta roubalheira, corrupção e violência que já não acreditamos mais naqueles que deveriam defender a população. Será que estamos perdidos? Mas o fato é que é inadmissível praticarmos violência com as próprias mãos. É preciso ler, conhecer as leis para não cometermos infrações ou até mesmo injustiças. Por isso, é muito importante conhecermos a nossa lei maior, a Constituição Federal. Ela traz no inciso III do artigo 1º a dignidade humana como princípio fundamental que vem para ser garantida a todos, sem distinção e, sim, até mesmo aos infratores da lei. Dessa forma, fica claro que não vale a pena agirmos por conta própria. Temos que acreditar e cobrar através dos meios legais!  A nossa cobrança também se faz através do voto consciente. É o nosso instrumento de mudança social e política.

Enfim aquele papo me fez refletir sobre varias situações. A verdade é que fiquei me perguntando: aonde iremos parar? É a tal justiça com “as próprias mãos”. É claro que essa atitude é arriscada e pode  desencadear em uma verdadeira barbárie! Quantas vezes vemos a população agredir violentamente alguns sujeitos. Sabemos que alguns cometeram, de fato, ações terríveis. Mas cabe ao povo fazer justiça de forma violenta?  Não seria mais eficiente se cobrássemos do poder público? Eles têm obrigação de resolver as questões culturais, sociais, de priorizar a saúde e a educação. Já presenciamos tantos abusos e atos de violência no nosso cotidiano. Já vivemos amedrontados. Uma mudança depende também do nosso comportamento. Cobrar mais das autoridades e, além disso, dar um basta em atos violentos dentro e fora dos estádios, dentro das escolas e tantas situações que podem ser evitadas com o nosso comportamento pautado no respeito e na ética.

É necessário buscarmos alternativas para promovermos a paz no país. A verdade é que as pessoas não aguentam mais viver amedrontadas com medo da violência. No entanto, não podemos ser a favor de agressões. É claro que, dependendo da situação, a indignação e a sensação de impunidade nos tomam de tal maneira que se não abrirmos o olho, certamente, cometeremos atos impensados que podem nos levar de uma condição de vítima para a condição de réu.  É importante buscarmos meios legais para fazermos justiça. Além disso, cobrar políticas mais eficazes através de passeatas, redes sociais entre outros. Facebook, Instagram  servem para isso também, gente!

Luciana Luiza de França- Professora de Língua Portuguesa, Literatura, Língua e Cultura Espanhola e Hispano-Americana.  Pós-graduada pela UERJ.  [email protected]