Feito por Edilce Teresinha de Barros Miercalm

Estágio, planejamento, formação inicial e continuada dos professores

Segundo Pimenta e Lima (2008, p. 99 a 141) O estágio é um campo de conhecimento que se produz através da interação dos cursos de formação com a área social, que se traduz em políticas expressas pelo discurso da qualificação e têm trazido para as universidades um grande número de professores que já exercem o magistério, que se somam aos que não têm experiência profissional.

Pimenta e Lima (2008) expõem que é preciso realizar pesquisa no estágio de forma a contribuir sobre as dicotomias teorias e práticas, como uma melhor formação dos professores que irão exercer a profissão docente, bem como para formação dos que já atuam como docentes. Ou seja, propõe uma compreensão do estágio como uma prática de imitação em duas dimensões: a do aprender a profissão através da observação para alunos que ainda não exercem o magistério e a do estágio como formação contínua,  com a finalidade de ampliar a abrangência do caminho conceitual e metodológico, bem como as duas possibilidades de estágios em ambas as situações. Porém, explica que aprender só por imitação é insuficiente, tradicional e reducionista.

Pimenta (2008) parte do pressuposto que o que ainda não exerce o magistério deve durante o exercício de estágio refletir sobre as funções específicas do estágio, trazendo elementos para a sua compreensão e a aproveitar bem a ocasião de aprendizagem para a sua futura atuação na profissão docente e para a construção da sua identidade profissional e ao mesmo tempo possibilitar o aprendizado para os já experientes.

          O Estágio como reflexão da Práxis possibilita aos alunos que ainda não exercem o magistério aprender com aqueles que já possuem experiência na atividade docente. (PIMENTA, P. 103).

A obrigatoriedade legal para carga horária em cursos de formação profissional é de 800 horas do estágio para Pimenta (2008, p. 100- 101) o cumprimento de sua respectiva carga horária nos cursos de formação de professores é requisito indispensável para conclusão do curso universitário. E ainda explicita que a fragmentação do estágio ocasiona dificuldades globais do sistema de ensino e da educação, tornando a prática curricular insuficiente.

E que essa questão transforma o estágio em uma atividade simplesmente instrumental, a margem do projeto pedagógico do curso. “Acrescenta-se, ainda que, professores das demais disciplinas nem sempre são preparados, ou não estão comprometidos com a atividade de estágio, pois ao desconhecer o universo das escolas acaba por considerar o estágio um fardo”.  Isso porque o estágio não é valorizado como um campo de conhecimento que poderão mobilizar as aprendizagens adquiridas em todas as disciplinas. A falta de intencionalidade e de reflexão sobre o caráter formativo, que constitui a essência do estágio termina se dissipando.

Pimenta e Lima (2008) defendem o estágio supervisionado para os alunos que ainda não exercem o magistério e esclarecendo que o mesmo pode ser um espaço de convergências das experiências pedagógicas vivenciadas no transcorrer do curso e principalmente, ser uma reserva de aprendizagem para atuação na profissão docente, mediada pela aprendizagem da profissão docente, mediada pelas relações sociais. Isso porque a aprendizagem do trabalho docente também se realiza na prática, nas ações e não somente nas formações teóricas. E que os professores atuantes e futuros professores devem estar preparados para lançar mão de técnicas de acordo com a situação e criar e recriar conforme a necessidade no ensino aprendizagem.

Para Pimenta e Anastasiou (2002), o significado social que os professores atribuem a si mesmos e a educação escolar exercem um papel fundamental nos processos de construção da identidade docente.

Fontana e Pinto (2002) abordam sobre o trabalho escolar e a produção do conhecimento nas atividades de prática de ensino, atentando para a compreensão do encontro e do confronto que acontece entre professores de ensino fundamental e médio, os professores da universidade e os educadores em formação, cada um com seus saberes, histórias de vida e experiências individuais e coletivas.

  • Aprendizagens Sobre o projeto político pedagógico da escola este têm como objetivo tornar concreto o planejamento elaborado pela comunidade escolar.
  • Aprendizagens sobre as formas de organização do processo de ensino-aprendizagem currículo, seriação, ciclo, gestão pedagógica, planejamento, avaliação, eventos culturais, sociais e esportivos e suas vinculações com o projeto pedagógico.

Assim sendo, o formando deve estar sempre atento a observação, investigação, intervenção e questões do sobre o cotidiano escolar em que o estagiário possa aprender a profissão docente e encontrar elementos de formação de sua identidade.

A formação continuada do Professor e a gestão do seu processo de aperfeiçoamento permanente segundo Ferreira (2006) o professor tem que estar em sintonia com seu tempo e ter como horizonte de aperfeiçoamento, um processo de aprendizagem contínua, estando em condições de responder às demandas e aos desafios do tempo presente.

Assim, as discussões e reflexões sobre a formação de professores devem incorporar necessariamente os processos de aprendizagens destinados á participação dos professores, de modo contínuo, em um contexto de mudanças, de novos desafios e de oportunidades para a educação e seus atores principais os professores e os dirigentes.

Ferreira (2006) parte do pressuposto que é necessário, pois criar condições para uma aprendizagem contínua que possa reforçar a autonomia do docente para aprender permanentemente, aperfeiçoando as suas competências intelectuais e técnicas, de forma a transformá-lo no legítimo gestor do seu processo de aprendizagem. Esclarece ainda, uma formação continuada concebida como uma ajuda aos professores  para que possam modificar e rever a relação estabelecida na sua prática, percebendo – se como profissionais da educação, ou seja, como docentes atuantes que diagnosticam e compreendem os processos pedagógicos e que, por isso mesmo, detém melhores condições de participar de maneira efetiva da elaboração da proposta pedagógica da escola.

Segundo Nunes Pietro (1999) a concepção de formação continuada que fundamenta a perspectiva de associá-la com nova maneira de promover a inovação nos processos de formação e aperfeiçoamento, em especial na graduação.

Formação continuada ou educação continuada tem se constituído em busca permanente dos professores, seja pelo despertar da consciência de que é preciso manter-se atualizado constantemente para poder conduzir um processo de formação com pertinência e relevância social, seja porque os desafios provocados pela pesquisa sistemática demandam estudos e reflexões constantes.

Para Furter apud Collet (1997) “a educação permanente pode ser entendida como a concepção dialética da Educação, um duplo processo de aprofundamento, tanto da experiência pessoal, quanto da vida social global, que se traduz pela participação efetiva, ativa e responsável de cada sujeito envolvido, qualquer que seja a etapa da existência que esteja vivendo.” Ou seja, a educação continuada ou permanente é a idéia de um processo contínuo, que se desenvolve durante a vida e que supera dicotomias, unindo o saber e o não saber, como indicadores da necessidade de aperfeiçoamento contínuo.

Sobre a prática pedagógica Ferreira (2006) explicita que é um dos primeiros indicadores de que aos poucos vem sendo construída uma perspectiva de busca do novo, da colocação em prática de uma nova compreensão do papel da instituição universitária e, conseqüentemente, do papel do professor na sociedade do conhecimento em gestação. Esclarece ainda, que as trocas características do intercâmbio que se instala no processo coletivo de pensar a prática além de facilitar a autocompreensão de cada processo individual de formação, possibilitam que cada sujeito possa refletir sobre a sua própria prática pedagógica.

Todos sabemos que o sucesso da implementação e construção de um plano estratégico e pedagógico requer a participação e envolvimento daqueles que serão os responsáveis pelas decisões e ações. Assim um processo participativo e democrático, como preconiza a nova LDB, é o caminho a ser trilhado para definição das diretrizes de um sistema educacional que busca a sua mudança cultural.

No exercício de elaboração coletiva foi essencial que o grupo compreendesse a razão de ser da escola. Quando direção, professores e funcionários têm clareza do propósito de seu trabalho e quando todos compartilham deste propósito, a escola conquista uma identidade, uma imagem que pode ser exibida e defendida diante da comunidade. Todos expressam o mesmo objetivo, a mesma atitude. A equipe unida pode visualizar o futuro desejado e as trilhas que levam a ele.

Assim, conforme todos os autores citados perceberam o estágio juntamente com a formação continua prepara o futuro professor e mesmo o profissional que já atua na área para o trabalho docente coletivo com objetivo de alcançar resultados do ensino aprendizagem.

Referências

PIMENTA, Selma Garrido. LIMA, Maria Socorro Estágio e docência. 3ª Ed. São Paulo: Cortez, 2008 Série Saberes Pedagógicos.

FERREIRA, Naura Syria Carapeto Ferreira (Org.). Formação continuada e gestão da educação. 2ª Ed. São Paulo: Cortez, 2006.