ESTAÇÃO DO METRÔ



Era tarde da noite quando sai do teatro no centro de São Paulo após assistir uma peça primorosa.Cheguei à Estação Sé do Metrô exatamente quinze minutos para a meia noite, percebi a atmosfera diferente, ausente de inquietação. Seria a noite calmaria, passíveis de sensações muitas vezes despercebidas? Seria o dia a tempestade, tumultuada por uma sociedade indiferente, escrava do tempo?
Sem o tumulto, comum nos horários de pico, a estação do metrô torna-se atraente aos olhos, as paredes coloridas sobressaem naquele vasto espaço, semelhante ao palco. E ali havia um piano.
Estava descendo a escada rolante quando ouvi o som, a princípio, estranhei a melodia, logo, percebi que o som vinha de um piano, exposto em um mezanino.Os usuários podiam encantar-se com o instrumento, tocando livremente algumas notas para aliviar as tensões que geralmente, a própria estação proporcionava.
O homem tocava o piano e balançava a cabeça como se fosse perito na arte, livre de críticas, aplausos ou público, quase nulo no momento, pois tarde da noite os trauseantes tinham pressa em chegar em suas residências.
Ouvindo aquele som, surgiu o desejo de repetir o gesto daquele homem, embora nunca tenha tocado um piano na vida.
Talvez retornasse ao local e produzisse algum som, em época de calmaria, jamais de tempestade.