Quando começamos a nos comunicar com alguém, é muito natural que tenhamos uma preocupação em nos fazer entender, em sermos captados e que a mensagem fique bem clara.

Está me entendendo?

O ato de escrever, é oferecido em um espaço onde não há mais a chance de mudar o que está publicado e, se escrevemos algo que não fica claro, ou pior, algo que não era o que queríamos dizer, a coisa complica ainda mais.

Está me entendendo?

Aqui para nós, eu não suporto pessoas que não tem segurança e firmeza, principalmente quando vão transmitir uma mensagem, seja falada ou escrita, e que ficam o tempo todo te perguntando: "Está me entendendo?"

As pessoas tem que ter auto-crítica e corrigir seus defeitos de comunicação, principalmente se vão se aventurar no mundo da escrita.

Escolher os termos que serão usados no texto, por exemplo, é outro pesadelo que se enfrenta, pois apesar de ser uma obrigação técnica do escritor, saber qual o público que ele vai atingir, e qual o vocabulário mais adequado para esse público, tem caras que não tão nem aí. Colocam termos incomuns, ou desnecessariamente eruditos, para dar uma falsa impressão de cultura.

Eu sei que a literatura serve, principalmente, para divulgar a língua e, se os termos "incomuns" nunca forem usados, sempre serão incomuns.

Muitos bons escritores utilizam uma linguagem mais rebuscada, não para impressionarem e sim, para homenagearem a própria língua, além de ser uma pincelada a mais para eternizar sua obra e o fazem com um naturalidade genial.

A forma de se incorporar um termo mais rebuscado ao texto é que é o divisor de águas.

Se podemos dizer "uma paisagem campestre" para que vamos dizer "uma paisagem bucólica".

Se podemos dizer "a adolescente se assustou com sua primeira menstruação" para que vamos dizer "a adolescente se assustou com sua menarca".

A definição de dialética explica bem isso, que pode ser positiva, como um diálogo com força de argumentação, quanto pejorativa, como um diálogo com excessivo emprego de sutilezas.

Falando em dialética, me lembrei de uma história em que eu estava com um amigo pouco afeito ao dicionário e falávamos da dificuldade que ele tinha de se expressar, quando lhe disse que a comunicação falada era só uma questão de dialética.

Ele ficou parado me olhando, coçou a cabeça e eu lhe perguntei se ele não sabia o que era dialética.

Com um sorriso angelical, me olhou e disse:" Di elétrica eu entendo, só não sei o que é questã!"

Está me entendendo?

Sérgio Lisboa.