À época da construção da usina hidroelétrica de Itaipu, muitos tiveram suas terras desapropriadas para dar espaço a barragem. Os fazendeiros, em sua maioria de origem europeia como italianos, alemães e até slavos, receberam indenização não suficiente para adquirir novas terras comparadas com as expropriadas, migraram então para o pais vizinho, o Paraguai em sua região fronteiriça com o Brasil, onde as terras eram bem mais baratas e onde recentemente havia sido revogada uma lei que impedia estrangeiros de comprar terras há uma certa distância da fronteira, condições ideais para reconstrução de suas vidas naquele momento.

Esses brasileiros, e seus descendentes nascidos no Paraguai, foram intitulados “Brasiguaios”. Esse movimento de migração trouxe benefícios à região, movimentando-a economicamente principalmente com a produção e exportação de soja, porém também trouxe conflitos. Formou-se um conflito organizacional bastante complexo. Os paraguaios movidos por um nacionalismo extremo, quase xenofóbico, passaram a conflitar com os imigrantes alegando que perderam para estes as melhores terras, e que estavam perdendo sua identidade, pois os filhos do Brasiguaios tinham como segunda língua o português e não o guarani, além de que eram diferentes por contas das feições europeias, tendo o conflito evoluído de emocional para real com a invasão de terras dos Brasiguaios pelos Sem-terra usando a violência.

Este conflito não foi resolvido, mesmo com as promessas do atual governo do Paraguai de regularizar a situação e manter as terras dos que possuem títulos definitivos, brasiguaios vem sendo desapropriados e suas terras tomadas para a demarcação de lotes e distribuição aos Sem-terra. Em meio a tanta corrupção e crise no Brasil, não temos ouvido notícias oficiais de ações do Itamaraty junto ao Governo paraguaio para a manutenção dos direitos e a segurança dos Brasiguaios, e o conflito persiste. E agora, o que será dos Brasiguaios?