Esqueça O Cartão Megabônus

Por Nilo Bezerra | 15/12/2008 | Economia

Apesar de todos os erros primários conceituais cometidos (alguns continuam até hoje), não há como negar que o Cartão MegaBônus é um tremendo sucesso. Sem que se investisse sequer um centavo em mídia paga, o programa extrapolou em muito todas as suas metas. Causou um vendaval no mercado de cartões, explodiu o segmento de marketing de relacionamento (ou marketing multinível, marketing de rede, ou o nome que se lhe queira dar), e tenho certeza deixou absolutamente atônitos os que, na corporação Unibanco, sabiam da sua existência. Foi algo que mesmo nos meus quase onze anos trabalhando nessa área, nos Estados Unidos e no Brasil, jamais havia visto.

Imagino quão difícil foi “vender” essa idéia dentro de um conglomerado financeiro desse porte (entre os cinco maiores do Brasil) e certamente um dos mais conservadores nos seus mais de oitenta anos de atividade no país. Um estupro! Afinal, essa atividade que “nós” sequer sabíamos que existia, serve apenas para vender perfumes, creminhos, pílulas e beberagens “milagrosas” e outros que tais.

Equivocam-se aqueles que insistem em divulgar o MegaBônus como um cartão. Mesmo antes da mudança para cartão pré-pago, o MegaBônus já se desenhava como uma Plataforma de Negócios, muito mais abrangente do que a idéia inicial de apenas um cartão de crédito. Entendemos que o Cartão MegaBônus é hoje apenas a porta de entrada dessa plataforma. Um instrumento para a geração de renda, viabilizando a comercialização de um sem número de produtos financeiros.

Trata-se pois de uma plataforma a ser explorada através da rede montada e mantida viva pelo cartão. E a um custo ridículo para aqueles que se propõem a desenvolver o programa. A fazer deste sua principal fonte de renda.

E o futuro? O que se delineia para o futuro?

Com o advento da fusão do Itaú e Unibanco, criando “o maior conglomerado financeiro do Hemisfério Sul”, estabeleceu-se a interrogação nos corações e mentes dos que fazemos o MegaBônus. Seja nos empregados do Unibanco direta e indiretamente envolvidos com o programa, seja naqueles que emprestam o melhor de suas inteligências e talentos para divulgar e fazer crescer o programa.

Tivemos o cuidado de ler cada matéria jornalística e notas oficiais, conferências de imprensa, alem de assistir às raras entrevistas dos responsáveis pelas duas corporações. Ouvimos do Sr. Roberto Setubal, em entrevista a Míriam Leitão na Globo News, que a megacorporação resultante da fusão, tem como objetivo primeiro sua internacionalização, com foco inicial na América Latina. Citou nominalmente os países Chile, México, Peru e Colômbia como alvos prioritários desse movimento. Por serem países aonde há estabilidade política e econômica, segundo a avaliação do entrevistado.

Ora, não há nenhum instrumento - vou repetir para que não pareça uma citação ocasional - não há nenhum instrumento com capacidade de ocupar um mercado mais ràpidamente e de forma mais abrangente, com um custo razoávelmente baixo, como o marketing de relacionamento. Tome-se como exemplo o México, com quase 110 milhões de habitantes, dos quais cerca de 60% formam a população econômicamente ativa (em números redondos). A incapacidade da economia mexicana de gerar emprego formal já era um problema crônico antes da crise atual. Resta-nos apenas definir o objetivo. O que queremos?

* 1 - Novos correntistas - lance-se o Programa MegaBônus de Contas Correntes, distribuindo MXN $100 (100 pesos equivalentes a algo como US$ 7.40) como bônus pela rede. Em seis meses teremos um milhão de contas correntes.
* 2 - Se o alvo é fixar a imagem da Corporação no mercado - lance-se a Plataforma Itaú Unibanco MegaBônus de Negócios, com três ou quatro produtos (Cartão MegaBônus, Seguro, Plano de Capitalização, Conta Corrente, etc.) escolhidos usando uma simples pesquisa de mercado. O México inteiro saberá quem é o Itaú Unibanco após três meses.
* 3 - Se queremos apenas vender seguros através de uma eventual Itaú Unibanco Seguros & Previdência, criemos o programa MegaBônus México Seguro (ou México Seguro MegaBônus, como queiram). Exija-se para a participação, o equivalente ao kit inicial de outros programas, a obtenção de pelo menos uma apólice de seguro popular (MXN $90 ao mês), distribuindo 40% do valor para a rede.
* 4 - Mas se queremos mesmo é “vender” cartão, pegue-se o programa MegaBônus, implantado com sucesso num irmão do sul chamado Brasil, crie-se um Plano de Compensação que permita uma receita residual atrativa às dezenas de profissionais de marketing com talento e arte, e com um bônus inicial (”quick start” ou “fast track”) que retenha os novos afiliados, e entregue-se ao mercado mexicano. Antes disso, instale-se uma fábrica do plástico. Vamos precisar dela.

Sonhos? Acredite neles! Já falo um pouco de espanhol, mas voltei a estudar conversação e escrita. Vou armar minha tenda na Cidade do México, preferencialmente vizinho à maior agência da Multinacional Itaú Unibanco. Vou construir a “maior rede de venda de produtos financeiros com sede no Hemisfério Sul”. E não esqueça que o México fica no Norte, vizinho e parceiro dos Estados Unidos no acordo de livre comércio denominado Nafta, e nos Estados Unidos mais de 40% da população possuem cartões de crédito, numa média acima de cinco cartões por pessoa (ano base de 2006), e… é melhor parar!


Nilo Sérgio Bezerra

Diamante MegaBônus

www.meganegocio.info