Prefácio

Para um dicionário bastante surrado de minha modesta biblioteca, o termo 'Decálogo', segundo seu culto e confiável lexicólogo (Aurélio), vem expressar os 'Dez Mandamentos da Lei de Deus'.
No Espiritismo, mais exatamente em "O Livro dos Espíritos" (AK - 1857) também temos uma espécie de 'Decálogo' dos Espíritos Superiores que assim o firmaram a partir do Item 648:
Pergunta:

-"Que pensais da divisão da Lei Natural em dez partes compreendendo as Leis sobre a Adoração, o Trabalho, a Reprodução, a Conservação, a Destruição, a Sociedade, o Progresso, a Igualdade, a Liberdade, enfim, a Lei de Justiça, de Amor e de Caridade?"
Resposta:

-"Essa divisão da Lei de Deus em dez partes é a de Moisés e pode abranger todas as circunstâncias da vida, o que é essencial. Podes, pois, segui-la, sem que ela tenha por isso nada de absoluto, como não o têm os demais sistemas de classificação, que sempre dependem do ponto de vista sob o qual se considera um assunto. A última Lei é a mais importante: é por ela que o homem pode avançar mais na vida espiritual, porque ela resume todas as outras". (Opus Citado).
Mas notemos algo de fundamental na mesma: que ela não tem 'nada de absoluto'!
O que, mais uma vez, garante ao Espiritismo o epíteto de 'Ciência do Infinito', revelando, por tal mesmo, o fato de termos uma multidão de saberes por fazer, conquanto a ignorância e soberba do Espírito humano no pensar de que sabe tudo, quando, em verdade, sabe muito pouco, e, portanto, quase tudo tem por fazer, adquirir, conquistar, tudo consolidando ao campo íntimo e pessoal que implica valores cognitivos, éticos e comportamentais.
De outro modo não nos garantiria "O Livro dos Espíritos" (AK - 1857), em sua resposta ao item 169, de que "o progresso é quase infinito"; sendo, pois, suas revelações do Século 19, apenas o início de uma multidão de informes por fazer nos vindouros, ou seja, no Século 20 já transcorrido, neste novo Século 21, e, pois, nos Séculos 22, 23, 24,... , e assim por diante, nos tempos por vindouros; exceto, se quisermos nos paralisar, ou, nos engessar ao Século 19, e, por lá mesmo ficar estacionado quando, discorde, o Mundo e o Universo como um Todo nos conclama à renovação constante e salutar.
Todavia, recordemos que, na obra de Kardec mesmo, a Queda Espiritual da criatura falida se faz presente, e, quem não a reconhece, denota ignorância de tal obra, e, pois, não lhe conhece mais a fundo, sendo da mesma, apenas, um conhecedor pelas metades, algo insuficiente e superficial.
Para melhor análise da questão, estaremos a recordar e descrever no presente e.Book o nosso "decálogo", ou melhor, nossa dissertação em dez partes, ou, se o quisermos, dez situações do 'Fenômeno Involutivo-Evolutivo', ou, do que se entende, mais facilmente, como Queda Espiritual do Ser e de sua Salvação retratadas, pois, nas obras mesmas de Allan Kardec, ou seja, no Espiritismo Codificado e na Revista Espírita; obras, pois, que tem tudo a ver com nossa situação de Filhos universais, porém decaídos e, no presente instante terreno, se salvando por evolução.
Tais obras de Kardec são:

-O Livro dos Espíritos: 06 exposições;
-O Evangelho Segundo o Espiritismo: 02 exposições;
-Revista Espírita: Outubro de 1858: 01 exposição; e:
-Revista Espírita: Junho de 1862: 01 exposição.
Ou seja: por tais exposições codificadas e realçadas, somos, sim, Espíritos Puros e Conscientes (EPC) que, outrora livres no espaço espiritual, hoje nos achamos encarcerados a densos corpos animais, porquanto desprezamos tal liberdade por nossa incúria, nossa soberba, que, entrando em dissonância para com a Ordem da Lei, esta reagira para a sua correção, salvando-nos da rebeldia, da impiedade e da perdição.
Dito "decálogo", pois, estará a advertir espiritistas negadores do 'Fenômeno Involutivo-Evolutivo' que, por sinal, se anunciara no Século 19 de Kardec, se firmara no Século 20 e, como verdade incontestável, fora citado por profetas bíblicos e garantido pelo maior profeta de todos os tempos: Jesus: o Meigo Redentor.
Mas devo lembrar ainda que o presente livro digital nada tem de inédito, pois que, de tal tema, já tratamos noutros textos e e.Books, e que, mais uma vez, a Espiritualidade Amiga nos sugerira uma síntese mais completa de sua Doutrina - dos Espíritos Superiores no Século 19 - em algumas páginas que, talvez, sirva de lume aos negadores de plantão, espiritistas ou não.

Óbvio que não convenceremos a todos, pois que, do Espírito humano, em seu misoneísmo, se pode esperar de tudo, até que novas oportunidades palingenésicas possam renovar sua mentalidade neofóbica.

É que, para muitos, ainda - espiritistas ou não - a verdade tem que ser adiada em face de sua ignorância e soberba, ou, noutros termos, de sua incipiência, orgulho e deificação de si próprios, tal como se dera noutros tempos de sua origem, em que se divinizaram, e, pois, se acharam acima de tudo, bem como do próprio Deus, o Criador. O que ainda se dá com o Ser humano e suas crenças absolutistas, céticas e, pois, acima de tudo, tal como em sua gênese espiritual onde, e, quando, se pretendera estar no centro de todas as coisas, excluindo-se, com isso, o próprio Criador.
Mas aos céticos humanos se pode argüir:

Uma vez que sois incapazes de produzir, por exemplo, um grande Orbe estelar, tal como a Terra mesma, ou, o seu satélite lunar - já que são tão imensos, de tão grande peso, de movimentos tão complexos, e mais: de uma matematicidade incrível - façam algo menor, ou seja: um insignificante corpúsculo atômico; mas, apenas, e tão somente: um átomo, seu núcleo e sua constelação de elétrons, e já nos daremos por satisfeito de vossa tão imensa capacidade.

E pensar que este Deus, de que duvidais, o criou: ou seja, você mesmo: homem soberbo e incrédulo: com este complexo biológico fantástico dirigido por algo mais complexo ainda: a Consciência. Ora, somente a Queda Espiritual retratada pelo 'Complexo Fenomênico Involutivo-Evolutivo', pode explicar tamanha soberba, altivez e arrogância do Espírito humano; dentre tais, a de alguns espiritistas pouco conhecedores de sua própria e magnânima doutrina.
O humilde autor, como você mesmo: Leitor!
Instrução I:
MUNDO ESPIRITUAL PRÉ-EXISTE
Em "O Livro dos Espíritos" (AK - 1857), no Item 85, e, também na Introdução do mesmo, temos:

-Pergunta: "Qual dos dois, o Mundo Espírita ou o Mundo Corpóreo, é o principal na ordem das coisas?".

-Resposta: "O Mundo Espírita, que pré-existe e sobrevive a tudo".
E Kardec tratará de resumir os principais pontos do Espiritismo na Introdução daquela obra observando, em dado instante, que:

"O Mundo Espírita é o Mundo normal, primitivo, eterno, pré-existente e sobrevivente a tudo. O Mundo Corporal é secundário; poderia deixar de existir ou não ter jamais existido, sem que por isso se alterasse a essência do Mundo Espírita". (Opus Cit.).

Ora, sabemos bem que o Mundo Espírita é o que também se denomina Mundo Espiritual. E o Mundo Corporal, daquela expressão, vai comportar o Universo Físico como um todo, o Universo de Matéria espalhado pelos espaços siderais.

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