Espiritismo - Esclarecimentos
Publicado em 22 de outubro de 2008 por Claudio Schiavi
Santos, SP, 25 de setembro de 2008.
De: Alamar Régis Carvalho
Para: Jornalistas em Geral
Toda a Imprensa Brasileira
Senhores Jornalistas:
Partindo do princípio que o objetivo de todo jornalística ético e sensato é o
de informar bem, com coerência, honestidade, dignidade e imparcialidade,
preocupando-se sempre com o indispensável conhecimento da causa que leva a
reportar, venho apresentar-lhes uma contribuição em cima de um assunto que
muitos profissionais do jornalismo, embora bem intencionados, terminam
cometendo equívocos lamentáveis, por uma inexplicável ignorância que compromete
os seus nomes bem como o dos veículos por onde vinculam as suas matérias ou
reportagens.
Falo com respeito ao assunto Espiritismo, tema este que invariavelmente é visto
apenas no campo religioso, o que na verdade não é, e sobretudo, o que é mais
lamentável, sempre enfocado com afirmativas de conceitos absurdos, oriundos do
'achismo' e também de uma cultura criada na cabeça das pessoas, pela
intolerância e a desonestidade religiosa.
Não objetivo aqui defender crença ou fé nenhuma, porque não é isto que está em questão. Só quero
mesmo prestar contribuição ao gigantesco segmento honesto do jornalismo
acerca de uma coisa, como ela realmente é, para que ele esteja melhor
informado, sem a menor pretensão de querer fazer com que nenhum profissional o
aceite, concorde com os seus postulados e, muito menos, se converta.
Vamos aos assuntos:
Espiritismo não é igreja
Em princípio corrijam a conceituação inicial: Espiritismo não é simplesmente
religião. Ele não veio ao mundo com objetivo nenhum de ser religião. Trata-se
de uma doutrina filosófica, com base calcada na racionalidade, na lógica e na
razão, apenas com conseqüências religiosas, haja vista que os seus adeptos
ficam livres da submissão a qualquer religião, por não serem obrigados a coisa
nenhuma e nem serem proibidos de nada. Há centros espíritas que se portam como
se fossem igrejas, mas isto é produto da concepção equivocada dos seus dirigentes,
que ainda sentem a necessidade da rezação, em que pese o Espiritismo ser algo
muito acima disto.
Não existe 'Kardecismo', existe 'Espiritismo'
O jornalista equivocado costuma utilizar-se da expressão 'kardecismo',
para identificar algo que ele imagina ser uma 'ramificação' do Espiritismo,
achando que Espiritismo é um 'montão de coisas' que existe por aí, quando na
realidade não é.
A palavra 'Espiritismo' foi criada, ou inventada, como queiram, pelo
senhor Allan Kardec, exclusivamente, para denominar a doutrina nova que foi
trazida ao mundo, por iniciativa de Espíritos, e que tem os seus postulados
próprios.
Portanto, qualquer crença ou prática religiosa que utiliza-se da denominação
'Espiritismo', fora desta que se enquadre nos seus postulados, está
utilizando-se indevidamente de uma denominação, mergulhando no campo da fraude.
Daí a verdade que o nome disto que vocês chamam de 'kardecismo',
verdadeiramente é 'Espiritismo'.
Apenas para clarear o campo de conhecimento dos que ainda têm dúvidas, em achar
que Candomblé, Cartomancia, Necromancia, Umbanda e outras práticas
espiritualistas é Espiritismo, vai aqui uma pequena tabela, exemplificando
algumas práticas de alguns segmentos, para apreciação daqueles que consideram
relevante o uso da inteligência e do bom senso, a fim de um discernimento mais
coerente e responsável.
Veja quem adota e quem não adota o quê.
|
Procedimento, prática ou ritual |
Umbanda |
Catolicismo |
Espiritismo |
1 |
Uso de altares |
Sim |
Sim |
Não |
2 |
Uso de imagens |
Sim |
Sim |
Não |
3 |
Uso de velas |
Sim |
Sim |
Não |
4 |
Uso de incensos e defumações |
Sim |
Sim |
Não |
5 |
Vestimentas e paramentos especiais |
Sim |
Sim |
Não |
6 |
Obrigações aos seus praticantes |
Sim |
Sim |
Não |
7 |
Proibições aos seus praticantes |
Sim |
Sim |
Não |
8 |
Ajoelhar-se, sentar-se e levantar-se em seus cultos |
Sim |
Sim |
Não |
9 |
Bebidas alcoólicas em seus cultos |
Sim |
Sim |
Não |
10 |
Sacerdócio organizado |
Sim |
Sim |
Não |
11 |
Sacramentos |
Sim |
Sim |
Não |
12 |
Casamento religioso e batizados |
Sim |
Sim |
Não |
13 |
Amuletos, patuás, escapulários e penduricalhos |
Sim |
Sim |
Não |
14 |
Hinos e cantarolas nos cultos |
Sim |
Sim |
Não |
15 |
Crença na existência de satanás |
Sim |
Sim |
Não |
Como pode, então, um profissional que tem a obrigação de estar bem informado,
poder afirmar que Espiritismo e Umbanda são a mesma coisa? Não seria mais
coerente dizer que tem mais semelhanças com o Catolicismo, embora não seja
também a mesma coisa?
O espírita não tem a menor pretensão de diminuir ou desvalorizar o adepto da
Umbanda que, por sua vez, tem também a sua denominação própria que é Umbanda, e
não Espiritismo, apenas quer deixar claro que Espiritismo é Espiritismo e
Umbanda é Umbanda, assim como Catolicismo é Catolicismo, Protestantismo é
Protestantismo.
A afirmativa que alguns fazem, em dizer que tudo é a mesma coisa, com a
diferença de que na Umbanda se reúnem negros e pobres e no tal 'Kardecismo' se
reúnem o que chamam de elites, é extremamente leviana, desonesta e
irresponsável. O Espiritismo não faz qualquer discriminação de raças, cor ou
padrão social, já que em seu movimento existem inúmeros negros, mulatos,
brancos e de todas as etnias.
Allan Kardec não inventou o Espiritismo
Allan Kardec não inventou, ou criou, Espiritismo nenhum. A proposta veio de
Espíritos, através de manifestações espontâneas, consideradas como fenômenos,
na época, e ele, que nada tinha a ver com aquilo, foi convidado por alguns
amigos para examinar e analisar os tais fenômenos, em suas casas, oportunidade
em que foi convidado, pelos Espíritos, pela sua condição de pedagogo e educador
criterioso, a organizar aqueles ensinamentos em livros e disponibilizar para a
humanidade.
Ele foi tão honesto e consciente de que a obra não era de sua autoria, que
evitou colocar o seu nome famoso na Europa antiga (Denizard Rivail) como autor
dos livros e preferiu utilizar-se de um pseudônimo. É bom que se saiba que o
tal professor Rivail era autor famoso de livros didáticos e que tudo o que
aparecia com seu nome vendia muito, não apenas na França como em toda a Europa.
Atentem para o detalhe: Os Espíritos optaram por um pedagogo, um professor, e
não por um padre, um religioso, o que nos convida a entender que o Espiritismo
é escola e não igreja.
Sobre a reencarnação
Não é patrimônio exclusivo do Espiritismo e não foi inventada pelo Espiritismo,
posto que é algo conhecido pela maior parte da humanidade, por milênios, muito
antes do Espiritismo, que tem apenas 151 anos de idade.
O espírita, depois de estudar a reencarnação, não crê na reencarnação, ele
passa a SABER a reencarnação, o que é diferente. Exemplificando: Você crê que a
Lua existe ou você sabe que ela existe? Afinal, você pode vê-la e comprovar,
inclusive cientificamente? É isto aí.
Portanto a
afirmativa de que os espíritas crêem na reencarnação é infantil e sem sentido.
Sobre a mediunidade
Também não é patrimônio exclusivo e nem foi inventada pelo Espiritismo. É uma
faculdade humana normal e independe de crença religiosa, já que a pessoa pode
possuí-la, com maior ou menor intensidade, acredite ou não. O Espiritismo
apenas se dispõe a estudá-la, educar e disciplinar as pessoas que a possuem, para
que o seu uso possa ser benéfico a elas e aos outros, absolutamente dentro dos
elementares padrões de moralidade. Segundo os postulados espíritas ela não deve
ser comercializada, nunca, e deve ser utilizada gratuitamente; todavia é
praticada comercialmente em alguns lugares do mundo, por pessoas que são
médiuns, inclusive honestas, mas nada sabem sobre Espiritismo, numa comprovação
de que ela existe fora do meio espírita.
Qualquer afirmativa do tipo que 'alguém tem mediunidade e precisa
desenvolver' é vinda de pessoas inconseqüentes, mesmo algumas que se auto
rotulam espíritas, posto que o Espiritismo propõe que a faculdade deve ser
educada e não desenvolvida.
Sobre o caráter do centro espírita
É um local que deve atuar como escola e não como igreja. A sua proposta
é de estudos, sobretudo da matéria que trata da reforma íntima das pessoas,
dando ciência do papel de cada um de nós na terra, da nossa razão de existir
enquanto criaturas úteis ao nosso próximo, esclarecimento da nossa condição
espiritual no presente e no futuro e, principalmente, a nossa conduta moral.
Recomenda a prática da Caridade, sim, mas de forma ampla no sentido de orientar
e informar aos outros sobre os meios de libertações dos conflitos, das
amarguras, das incompreensões e do sofrimento em si e não esse entendimento
estreito de que Caridade se resume apenas a dar prato de sopa ou roupas usadas
para pobres, para qualificar o doador como bonzinho.
Adota Jesus, sim, inclusive como o maior modelo e guia que temos para seguir,
concebendo o seu Evangelho como a bula coerente a nos conduzir, e não como
sendo ele o próprio Deus.
Enfim. O centro espírita é um local de estudo e não de rezação.
Sobre quem é reencarnação de quem
Recentemente vimos um jornalista afirmar, nas páginas da VEJA, que os espíritas
juram que Fulano é reencarnação de Ciclano, o que se constitui em um absurdo.
Em princípio espírita não adota jura nenhuma. Segundo, que não consta da
atividade espírita a preocupação de quem é reencarnação de quem, uma vez que
esta discussão é irrelevante, não tem razão nenhuma, não acrescenta
absolutamente nada na proposta espírita para a criatura humana, em que pese alguns
espíritas, apenas alguns, (nem todos entendem bem a proposta da doutrina)
se ocuparem com esse tipo de discussão.
Falar em quem é ou talvez possa ser reencarnação de quem, é conversa amena de
momentos de descontração de espíritas, apenas em nível de curiosidade ou
especulação, jamais tema de estudo sério da casa espírita.
Ainda que possa existir, em alguns locais de estudos mais profundos e pesquisas
espíritas, interesses em trabalhar as questões da reencarnação, os estudiosos
apenas sugerem que fulano possa ser a reencarnação de alguém, mas nunca
afirmam, apesar de evidências marcantes e inquestionáveis, quando a condução da
pesquisa é séria e criteriosa.
Quem anda dizendo que é a reencarnação de reis, de rainhas e de personagens
poderosas do passado não são os espíritas, são apenas alguns bobos que
estão no Espiritismo sem consciência do seu papel.
Apologia ao sofrimento
Matérias de revistas e jornais, dentro deste equívoco que nos referimos,
chegaram a afirmar, diversas vezes, que o Espiritismo ensina as pessoas a serem
acomodadas em relação ao sofrimento e até chegarem a dizer que o sofrimento é
bom.
Não condiz com o coerente ensinamento do Espiritismo. Se algum espírita chega a
dizer isto, certamente é vítima do masoquismo e, provavelmente, deve
praticar um ritual em sua casa, quando, talvez uma vez por semana, colocar a
mão sobre uma mesa e dar uma martelada em seu dedo.
Sofrimento não é condição fundamental para a evolução de ninguém, embora
entendemos que, ao passar por ele, muitas pessoas terminam acordando para a
realidade da vida e mudando de conduta, sobretudo no campo do orgulho, do
egoísmo e da presunção.
Mesa branca
Não existe espiritismo mesa branca, alto espiritismo, baixo espiritismo ou
qualquer ramificação do Espiritismo, que é um só. O hábito de forrar mesas com
toalhas de cor branca, na maioria dos centros espíritas, nada mais é que um
hábito de alguns espíritas, de certa forma até equivocados também, uns talvez
achando que a cor branca da toalha ou das roupas das pessoas tem algum
significado virtuoso, quando na verdade não existe esta orientação no
Espiritismo. Muito pelo contrário, seria preferível utilizar toalhas (por
que tem sempre que ter toalhas nas mesas?) de outras cores, posto que
tecidos em cor branca tem maior facilidade de sujar.
Portanto a citação de 'espiritismo mesa branca' é mais uma expressão da
ignorância popular, o que não se admite nos jornalistas.
Terapia de vidas passadas
Não é procedimento espírita, em que pese ser recomendável em alguns casos,
porém em consultórios de profissionais especializados, geralmente psicólogos ou
médicos. É fato, existe, é comprovado, tem resultados cientificamente
respaldados, mas não é prática espírita.
Cromoterapia, piramidologia etc...
Se alguém usa uma dessas práticas no espaço físico de uma casa espírita, é por
pura deliberação da direção da casa, que se considera livre para fazer o que
quiser, até mesmo dar aulas de arte culinária, corte e costura, curso de
inglês, informática ou o que quiser, que são atividades úteis, sem dúvidas. Mas
não tem a ver diretamente com o Espiritismo.
Sucessor de Chico Xavier
Isto nunca existiu no Espiritismo, em que pese vários jornalistas terem
colocado em matérias diversas, quando o Chico Xavier 'morreu', e ainda repetem,
talvez querendo estabelecer alguma comparação do Espiritismo (que vêem
apenas como religião) com a Igreja Católica, que tem sucessores dos papas, quando
morrem. Chico Xavier nunca foi uma espécie de papa, de cardeal ou de qualquer
autoridade eclesiástica dentro do movimento espírita.
Divaldo Pereira Franco nunca foi sucessor do Chico, nunca teve essa pretensão,
ninguém no movimento espírita fala nisto, que é coisa apenas de páginas de
revistas desinformadas sobre o que verdadeiramente é o Espiritismo.
A sua relação com a Ciência
Faz parte da formação espírita a seguinte recomendação: 'Se algum dia a
Ciência comprovar que o Espiritismo está errado em algum ponto, cumpre aos
espíritas abandonarem imediatamente o ponto equivocado e seguirem a orientação
da Ciência'.
Mas isto não quer dizer que o que afirma determinadas criaturas, como o padre
Quevedo, que se apresenta presunçosamente como cientista, deva ser entendido
como Ciência, já que ele não é unanimidade e nem ao menos aceito pela maioria
dos cientistas coisa nenhuma. Ele é padre, nada mais do que padre, com um tipo
de postura que não aceita nem pela maioria do seio católico, quanto mais pelo
científico.
Não é à pseudo-ciência ou a opiniões pessoais de um ou outro elemento, que se
diz de Ciência, que o Espiritismo se submete, com esta recomendação, é a
Ciência, como um todo, em descobertas inquestionáveis.
Até agora a Ciência não conseguiu apontar e muito menos comprovar erro em um
ensinamento espírita, sequer.
Se alguém exige, por exemplo, querer provas por parte dos que afirmam
que existe vida fora da Terra, por questão de bom senso deve ter também provas
de que não existe. Será que tem?
Medicina e Espiritualidade
Alguns médicos, tradicionalmente, sempre afirmaram que os problemas de saúde
das pessoas nada tem a ver com problemas espirituais, porque estes se resumem a
crendices. Hoje existe um curso de 'Medicina e Espiritualidade',
oficial, dentro da USP (Universidade de São Paulo), a maior Universidade do
País, onde são estudados estes questionamentos que alguns continuam a dizer que
são crendices. Em nível de informação, sugerimos que os jornalistas se
interessem em reportar sobre este assunto, sem que vá aqui a menor intenção de
querer converter ninguém. Não se trata de questão religiosa, trata-se de
questão científica. Para melhor informação, as aulas deste curso podem ser
vistas no site: www.redevisao.net.
O telefone da Pineal Mind, onde são ministradas as aulas, é (11) 3209-5531 e o
e-mail é [email protected] onde poderão ser obtidas
maiores informações sobre o curso. Toda sexta-feira, às 19 horas, tem aula ao
vivo, pelo site, numa webtv.
Diante de todo o exposto sugerimos que os grandes veículos de comunicação de
massa, obviamente comprometidos com a credibilidade dos seus nomes, repassem
estes esclarecimentos aos seus profissionais de jornalismo, não necessariamente
para que eles sejam simpáticos à idéia espírita, já que ninguém é obrigado a
aceitar coisa nenhuma, mas para, pelo menos, não comprometerem as suas
honorabilidades dizendo mentiras, leviandades e até se expondo ao ridículo
reportando sobre um assunto que não entendem.
Abração.
Alamar Régis Carvalho
Analista de Sistemas
[email protected]