ESPIRITISMO E ASSISTENCIALISMO Se nós observarmos as casas espíritas, sempre tem um número pequeno de participantes e muito menor ainda é o número de voluntários. É de se perguntar, por que isto acontece? Simplesmente porque numa casa espírita se trabalha de verdade. Não há pagamento de dízimos, nem de taxas e todos precisam trabalhar para manter a casa. E as rendas de onde vem? A maioria delas faz alguns eventos durante o ano para arrecadar fundos, recebem pequenas doações, outros vendem livros espíritas, palestras gravadas, panos de cozinha, sacolas de lixo e outros meios de se angariar fundos. Tudo isto não é errado, mas algumas casas espíritas usam de atividades que não deveriam existir nos centros espíritas. Algumas casas saem pedindo alimentos pelas casas, nos bairros; fazem doações destes alimentos aos necessitados. Aqui temos um grande problema: muitos dirigentes espíritas vivem também destas doações, o que não é correto, já que o espiritismo verdadeiro diz que todos nós precisamos trabalhar para termos a nossa alimentação. Muitas casas espíritas fazem destas casas um órgão de assistencialismo. Hoje o governo já oferece uma série de assistência aos necessitados: temos o bolsa família, a distribuição de remédios, médicos, dentistas, casas populares, cursos diversos. É uma atividade do governo e não dos centros espíritas. Estamos assumindo o que é do governo fazer. Ele tem verbas para isto. O que precisamos é cobrá-lo para que tenhamos um serviço de melhor qualidade. Algumas casas espíritas distribuiem sacolões aos frequentadores. Todos os que frequentarem as reuniões públicas durante o mês, recebem um sacolão. Enquanto houver os sacolões, haverá também frequentadores. No dia que não houver mais nenhum sacolão, provavelmente também não haverá mais frequentadores. Não digo que não se deve dar um sacolão aos necessitados sempre que se precisar como aos idosos, doentes, mulheres com muitos filhos. Mas vincular a frequência aos centros a um sacolão mensal, não é correto. Outros oferecem médicos e dentistas de graça. Até aí não é tão errado. O que não se pode é atrelar estes atendimentos às reuniões públicas. Alguns criaram o natal solidário para os frequentadores e distribuem prêmios no natal de cada ano. Alguns distribuem sopão aos necessitados. Esta é uma atividade descente e deve continuar, pois há muitas pessoas que não tem onde se alimentar. Mas isto não é a verdadeira orientação aos centros espíritas. O que é que se deve fazer então? Em primeiro lugar deve-se divulgar a doutrina Espírita, colocar os frequentadores para estudarem as obras de Kardec e similares, tratar dos doentes espirituais, ministrando o passe e a água fluidificada. A finalidade do espiritismo não é fazer assistencialismo, mas sim melhorar o espírito para o futuro, fazendo com que todos se tornem melhores moralmente, saibam tratar a todos como verdadeiros irmãos, praticando a caridade. Infelizmente muitas casas espíritas estão pisando na bola na tentativa de manter a casa cheia. Não é bem assim. Que adianta manter a casa cheia, mas o coração vazio e os frequentadores não se melhorarem uma vírgula, não participarem corretamente das atividades dos centros, não fazer a caridade, não seguindo os dois princípios deixados por Kardec: “Espíritas, amai-vos uns aos outros e Espíritas, instruí-vos. Está passando da hora de começarmos uma mudança nas casas espíritas. Por isto que a Unificação espírita pregada pela Federação Espírita Brasileira é muito importante. Não devemos nos afastar dos postulados da doutrina e seguirmos outros rumos. Outro grande erro é cada casa espírita seguir um caminho diferente, não buscar um entrosamento. Daqui a uns tempos teremos várias cisões do espiritismo, cada um seguindo uma coisa, menos a doutrina espírita.