As relações entre a família e a escola são muito importantes para a educação e o desenvolvimento humano. Na escola as necessidades cognitivas, psicológicas, sociais e culturais da criança são atendidas de forma estruturada e pedagógica. A família não é o único ambiente em que a criança aprende e se desenvolve. Assim sendo, a boa integração entre a família e a escola está relacionada ao processo de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos.

Segundo Allen e Fraser (2002, apud CHECHIA, V.A.; ANDRADE, A.S., 2005, p.432) é importante o vínculo da família com a escola,

[...] é nas reuniões que são possibilitadas as condições de assistência aos pais, para que estes se conscientizem de sua importância para o desempenho escolar de seus filhos, conheçam sobre desenvolvimento e comportamentos de crianças e co-assumam responsabilidades em relação às atividades propostas pela escola.

Por isso, é primordial que os pais atuem como atores sociais, isto é, mantêm as redes sociais que podem ajudar na educação dos filhos; também, os professores podem aproveitar-se desse recurso para o aprimoramento da educação de seus alunos. Assim, se a escola, através dos professores, formar uma parceria com os pais haverá confiança mútua e estarão dispostos a colaborar plenamente para o desenvolvimento e crescimento da criança, aumentando, destarte, o seu desempenho escolar e minimizando possíveis conflitos.

Quando pais e professores estabelecem boas relações criam-se melhores condições de aprendizado e desenvolvimento para a criança. Desta forma o diálogo, e a busca de estratégias que propiciem novas opções e condições de trabalho em conjunto entre pais e professores são fundamentais.De acordo com Sulzer-Azaroff, Mayer, Rosenfied e McLoughlin (1989, apud POLONIA, A.C.; DESSEN, M.A., 2005, p.10):

[...] relação efetiva entre pais e escola é necessário que os professores aceitem a responsabilidade de se comunicarem de forma clara, simples e compreensível com os pais. Além disso, percebam que o sucesso da parceria pais-professores está interligado à compreensão das diferentes questões que os envolvem na ação educativa, com respeito ao aluno e sua história escolar, consideram que pais e educadores têm uma relativa igualdade no impacto sobre a criança, compreendem que pais e educadores devem ser honestos uns com os outros e aprendam a se adaptar uns aos outros e a concentrar o seu investimento sobre a criança. Todos estes aspectos são relevantes quando visam o seu bem estar e o seu desenvolvimento.

Por isto, é necessária uma educação que ajude a pensar e não ensine a simplesmente obedecer a ordens superiores. Para Freire a educação é absolutamente fundamental para os brasileiros, desde que “seja uma força de mudança e de libertação.” (FREIRE, 1967, p.36). O ensinar deve ser provocado, instigado para que as diferenças entre o professor e o aluno sejam minimizadas.

No Brasil, os educadores, tanto a família como a escola, a comunidade ou a sociedade, precisam implantar uma ação multidisciplinar para que as crianças possam abrandar os conflitos emergentes nos períodos de crise. 

Dentro deste contexto, Guzzo (1999), afirma que:

[...] o psicólogo escolar deve ter objetivos mais amplos do que remediar problemas individuais. Se o trabalho do psicólogo na escola se restringe ao atendimento do aluno-problema, estará não só limitando sua atuação, a qual poderia, se de outra forma, atingir um numero maior de estudantes, como também estará contribuindo diretamente para manutenção para o modelo educacional vigente e que é origem e a causa de muitos dos problemas encontrados nas escolas.

Para atingir estes objetivos, o psicólogo escolar e o pedagogo devem auxiliar-se mutuamente na ampliação do diálogo e da reflexão, contribuindo, assim, para a construção de uma escola mais democrática. (WALLON, 1937).

Outro ponto que merece ser lembrado, segundo Vokoy e Pedroza (2005), é o dos valores morais saudáveis – a cooperação, a solidariedade, o companheirismo, o coletivismo, entre outros – podem e precisam ser desenvolvidos pelos educadores (pais, professores, comunidade), uma vez que esta atitude facilitará a adaptação do sujeito ao mundo em que vive.

Conclui-se, então, que é fundamental a atuação do Psicólogo na Educação Infantil, seja ele Psicólogo ou Psicólogo Escolar, tendo em vista a formação de indivíduos autônomos, com a estimulação do pensamento crítico, a fim de colaborar com a construção de uma escola solidária e democrática.

Partindo desse principio e dessa tríade “ESCOLA x ALUNOS x PAIS”, a Psicologia nas escolas, Psicologia Escolar e a atuação do Psicólogo propriamente dito surge de uma necessidade educacional e escolar, decorrência de problemas de aprendizado e de comportamento de alunos, sendo benéfico para o aprendizado e também para o processo de ensino-aprendizagem.

Referente a participação da Psicologia no âmbito educacional sugere Martinez (2009) que em nosso país vivemos em constantes mudanças na atuação do psicólogo quando vinculado com o sistema educacional que muitas vezes sofre influencia das formas de orientação pelo modelo clinico- terapêutico que não corresponde as demandas que a realidade social coloca a psicologia, com a crescente sensibilização com a demanda.

Martinez (2003) menciona que o campo de atuação do psicólogo educacional tem como objetivo contribuir para otimizar o processo educativo, entendido este como complexo processo de transmissão cultural e de espaço de desenvolvimento e subjetividade.

A partir dos “princípios norteadores”, entendemos que o papel do psicólogo no contexto escolar, desde a educação infantil ultrapassa as funções trazidas por Patto (1984) que a princípio eram apenas para medir habilidade e classificar crianças quanto a sua capacidade de aprender e de progredir pelos graus escolares. O profissional passa a exercer funções associadas a dimensão psicoeducativas do contexto escolar, essa questão tem sido o objetivo principal na escola..

A participação da psicologia no contexto escolar é vital para o momento em que encontramos as escolas brasileiras, tendo em vista que hoje a educação escolar, por muitas vezes, pode ser o maior gerador de educação, devido à cultura de alguns sujeitos e o meio em que estão inseridos, e a construção de uma educação mais emancipatória e cidadã se faz importante, objetivando com que todos sejam participativos e não excluídos dentro da sociedade (Souza; Rocha, 2008).

Por outro lado o prestígio profissional dos psicólogos escolares é pequeno. Os que trabalham na área recebem pouco reconhecimento pelos seus serviços, são limitados de oferecer um maior número de serviços, recebem salários baixos e ouvem que seus serviços são “dispensáveis” (Guzzo, 2001).

Segundo Rossi (1996), ainda hoje se discute a respeito do papel da psicologia na área escolar, objetivando na busca de identidade profissional, que possam determinar uma atuação mais direcionada, assim, mudanças ocorrem para novos rumos na sua atuação.

Novaes (1996) fala do papel que o psicólogo tem em relação a necessidade da melhoria do processo educativo; bem como de promover uma mudança social. O psicólogo escolar também esta relacionado com sua capacidade de auxiliar os indivíduos a enfrentar futuras situações que lhes afetarão em sua vida.

Referências

CHECHIA, V.A.; ANDRADE, A.S. O desempenho escolar dos filhos na percepção de pais de alunos com sucesso e insucesso escolar. Universidade de São Paulo, Estudos de Psicologia (Natal), v.10, n.3, p.431-440, Natal, set./dez. 2005.Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2005000300012&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 16 mai. 2015.

DEL PRETTE, Z. A. Psicologia, Educação e LDB: novos desafios para velhas questões? In: GUZZO, R. S. L. (org.). Psicologia escolar: LDB e educação hoje. Campinas, SP: Ed. Alínea, 1999, p. 11 – 31.

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MARTINEZ, A. M. Psicologia Escolar e Educacional: compromissos com a educação brasileira. Psicol. Esc. Educ. v. 13 n. 1 Campinas jun. 2009, p. 169 – 177.

NOVAES, M. H. Perspectivas para o futuro da psicologia escolar. In. S. M. Wechsler (org) Psicologia Escolar: pesquisa, formação e pratica. Campinas: Alínea, 1996.

PATTO, M. H. S. Escola, sociedade e psicologia escolar do Brasil. Convergências: historia do Brasil e história da psicologia no Brasil. 3. Um exemplo concreto: a psicologia escolar. In:

PATTO M. S. H. Psicologia e ideologia: uma introdução critica a psicologia escolar. São Paulo: T. A. Queiroz, 1984, p. 96 – 112.

POLONIA, A.C.; DESSEN, M.A. Em busca de uma compreensão das relações entre família e escola. Psicologia Escolar e Educacional, v.9, n.2, p.303-312, Campinas, dez. 2005.Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-85572005000200012&script=sci_arttext>. Acesso em: 16 mai. 2015.

ROSSI, G.Psicólogo Escolar: atuação na opinião de professores e diretores de escolas publicas. Dissertação de mestrado apresentada ao Instituto de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, São Paulo (147 pgs). Internet. Disponível: http://www.pegar.com.br/pegar-tutor.gerais.asp?link-id=5498-27k, 1996.

SCHLÖSSER, A. et al. O que é educação, educador? A concepção de educação para professores e diretores de escolas da Região do Vale do Itajaí-SC. X Congresso Nacional de Educação-EDUCERE. Pontifícia Universidade católica do Paraná, Curitiba, 07 a 10 de novembro de 2011.

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