Por: Sydney Pinto dos Santos[1]

INTRODUÇÃO

Nossos antepassados foram sempre movidos pelas ações físicas do dia a dia, como correr, andar, caminhar, saltar, nadar, empurrar, escalar, escorregar, subir e outras. Mas isto por uma questão de sobrevivência e possibilitar o alcance do seu alimento e suprir suas necessidades diárias, como caçadas, plantio de roças, captura de peixes, extração de pequenas plantas e outras atividades.

Assim, ao longo dos tempos, e na evolução da humanidade e das diversas sociedades ao redor do mundo, os seres humanos não esqueceram de praticar algumas ações que envolvam os movimentos corporais, tão necessários para o fortalecimento da estrutura corpórea, sendo ela muscular ou óssea, como para a produção de anti-corpos nocivos ao corpo. Onde hormônios são necessários para que o corpo também se desenvolva e alcance os processos de amadurecimento possível.

Com o tempo, as pessoas passaram a buscar novas formas de se exercitar e buscar fortalecer o organismo, como também se adequar às novas formas de comportamento. E com nossos alunos não é diferente nos dias atuais, apesar de estarmos convivendo com novas situações, novas tecnologias e novas realidades: outros tempos, o qual depende muito de nós, de como podemos encaminhar as novas gerações dentro de um paradigma de bem-estar, saúde e lazer. Assim como também, possibilitar a busca de estratégias e ações, dentro dos espaços escolares, que venham permitir que os educandos se encontrem sempre ativos e possíveis de manter uma postura de vivência e convivência dentro dos moldes de movimento e mudança nos diversos campos, inclusive o corporal, atitudinal e comportamental.

COMPORTAMENTO FÍSICO: UMA REALIDADE BENÉFICA NOS DIAS ATUAIS

Uma pesquisa feita na escola de Ensino Fundamental Ezilda Aragão Brasil, localizada no Distrito de Santa Maria do Uruará, Município de Prainha, estado do Pará, durante 5 ano, com alunos de idade de 6 a 15 anos, alunos do Ensino Fundamental menor e maior, sobre o comportamento em relação as  orientações sobre as normas da escola na hora da entrada, nas necessidades fisiológicas (ida ao banheiro e tomar água), em relação ao horário da alimentação escolar e o período de circulação nos espaços como corredores e outras áreas do educandário.

A pesquisa feita teve como espaço as áreas da própria escola, exceto a sala de aula, área de diretoria e secretaria e banheiros, mas outras como hall de entrada, corredores, pátio de alimentação e áreas espaçosas como o campinho de atividades de Educação Física e outras. Quando a observação sobre o comportamento dos alunos nos seus deslocamentos nestas áreas foram o objeto do estudo que permitiram dar respaldo sobre aquilo que já sabíamos o que acontecia na evolução das idades e o comportamento dos alunos em seu deslocamento nos espaços escolares.

Assim, durante os anos foram sendo coletadas informações junto aos professores que atuam no Ensino fundamental menor principalmente, tendo em vista que neste período é muito mais visível fazer a observação dos pequenos quanto ao seu comportamento e atitudes dentro do espaço escolar.

Ressaltando que o período de observação correspondeu do ano de 2012 a 2017, dentro do período do ano letivo, o que significa dizer entre os meses de março até dezembro, visto que são os meses de trânsito na escola.

Desta forma, o primeiro espaço de concentração e circulação de alunos foi o hall de entrada da escola, constituído de portão de entrada e o acesso até as salas de aula, de onde os alunos se concentravam para poder receber a ordem do agente de portaria, de acordo com o horário, lhes permitindo o acesso até os espaços escolares, no caso, as salas de aula.

O segundo espaço foram os corredores da frente das salas de aulas, e os corredores de acesso á outras áreas, o que permite a circulação de alunos antes do horário das aulas, no recreio e no horário da saída. Outro verificado era o acesso dos alunos quando se deslocavam ao banheiro ou irem tomar água. Visto que, na hora da “merenda”, espaço/tempo para receber a alimentação escolar, onde o fluxo de alunos se concentravam em frente da copa/cozinha, onde seria oferecida a alimentação no horário estabelecido, ou seja, no meio tempo entre a entrada dos alunos na escola e a sua saída definitiva do turno.

RESULTADOS IDENTIFICADOS

Verificou-se neste período da pesquisa que, independente do ano em que as novas turmas ou os novos indivíduos passavam a frequentar a escoa, e tinham entre 6 e 7 anos de idade, seu comportamento nos espaços relacionados anteriormente, eram completamente diferentes das demais faixas etárias. Quando estes alunos, após receberem a ordem de entrada ou terem acesso ás suas salas de aula, mesmo solicitando aos mesmos que fossem andando, não conseguiam fazer isto. Saiam em “disparada”, sem que nenhuma ordem fizesse efeito para tal comportamento. O que, ás vezes, possibilitava a queda do aluno (a) no corredor ou mesmo ocorria algum empurrão com consequências mais ou menos grave. Estes alunos, eram aqueles que se posicionavam logo no início da fila ou quando esta não havia, eram os primeiros a quererem entrar no espaço escolar.

Já em referência aos alunos que correspondem a faixa etária entre 8 e 9 anos de idade, os mesmos preferiam ficar do meio para o final da fila, ou quando não havia esta não faziam muita questão de entrar primeiro, eram alunos que pela chegada ás salas de aula, sempre estavam no final das carteiras. Pouco corriam para ocupar os espaços nas salas de aula. Mas os passos no deslocamento eram agilizados, caso outro da mesma idade ou série se posicionasse a sua frente.

Em relação aos alunos da faixa etária entre 10 e 11 anos, as suas características eram as seguintes: na hora de entrada, ficavam mais distantes dos demais; sempre se posicionavam no final da fila, não tinham nenhuma pressa no deslocamento, e pouco importava onde iriam sentar na sala de aula. Geralmente, não apresentavam pressa alguma quanto a sua chegada na escola, pois entende-se que já regulavam seu horário de saída entre sua residência e a escola.

Com relação aos da faixa etária entre 12 e 13 anos, suas particularidades quanto a este tipo de comportamento é de um “sem muita pressa”, pois não se preocupava em chegar antes na escola, jamais se deslocavam correndo com os de 6 e 7, e de 8 e 9 anos. Pois, acredito que pela natureza de vivência com o espaço, e sabendo das diretrizes, passavam a obedecê-las de forma mais significativa. Assim, são alunos que estão mais ligados as normas, regras e acordos feitos na escola. E, que embora convivam diariamente com estes agentes de menores idades, não se dão nem conta que já passaram por estes processos ativos, em sua estada como aluno nos anos anteriores.

No que tange aos alunos da faixa etária entre 14 e 15 anos, quando a maioria, ou está finalizando o Ensino Fundamental maior ou já ingressaram no Ensino Médio, o comportamento em relação ao seu deslocamento dentro dos espaços anteriormente descritos, são muito diferenciando daqueles de menores idades, pois como se sabe, procuram gastar menos energia nestes processos, reservando-a para outras atividades vinculadas ás suas atividades extra-escola.

Ou seja, nas idades inferiores, observa-se uma pressa exacerbada dos alunos nos espaços escolares, e que a mesma vai diminuindo ao longo do tempo, quando sua idade vai aumentando. Assim, percebe-se que as relações estão no metabolismo, no gasto de energia, no quantitativo de alimentação ingerida e na disposição física destes. Assim como no quantitativo de hormônio produzidos nas diferentes idades e também nas mudanças físicas ocorridas no período que corresponde à infância à entrada à adolescência. Por outro lado, existem a questão cognitiva, onde os maiores são mais capazes de introjetar as informações e os conhecimentos repassados no ambiente escolar. O que facilita a obediência e o respeito às ordens e as normas estabelecidas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por ser um estudo que apenas busca identificar as faixas etárias e as maneiras comportamentais no deslocamento de alunos nos espaço escolar, pode-se dizer que é notório afirmar que nós seres humanos viventes e sobreviventes de um processo que se construí ao longo de milhões de anos, onde os mais fortes, os mais ágeis e velozes, os mais sapientes e espertos, os mais qualificados tiveram a capacidade de evoluir e sobreviver às diferentes mudanças ocorridas na evolução da espécie, desenvolvendo técnicas, táticas e estratégias para conseguir seus espaços no ambiente natural, o que certamente mais tarde os ajudou na construção das diversas sociedades espalhadas pelo mundo, e, claro, nas suas organizações diversas, onde as normas, leis e regimentos estavam presentes.

Por outro lado, buscamos salientar que, após um período de latência, o ser humano passa por um período de ativa movimentação, a qual vai passando paulatinamente de acordo com o passar dos anos, ou dos variados comportamentos impostos ou provocados pela sociedade. Como por exemplo, temos hoje a prevalência do uso dos celulares nos ambientes escolares, nas relações sociais e também em alguns espaços escolares. O que faz com que o indivíduo se torne na sua essência como agente de movimentos, uma pessoa estática, sedentária ou mesmo provocando o ócio exacerbado ou hábitos perniciosos que podem desenvolver patologias que venham prejudicar a saúde e o seus movimentos.

Diante disto, procuramos fazer uma reflexão sobre não só os hábitos de movimentos dos nossos alunos, mas também o que pode acontecer se houver alguns fatores intervenientes aos seus movimentos daqui para frente. Como por exemplo, se os hábitos forem se desenvolvendo no sentido contrário, como por exemplo os de alimentação, os de vivência (uso do celular), ou mesmo falta de incentivo pelos professores e pais às atividades físicas.

Assim, conviver diariamente com estes movimentos de crianças e adolescentes, não só faz um indicativo que nossos alunos ainda fazem parte de uma geração de movimento e que ainda não caíram no hábito de imobilidade corporal aos novos vícios impostos: televisão excessiva, alimentação desproporcional e não adequada, falta de exercício físicos, uso contínuo e sem controle das novas TICs (smartphone) e outros. Mas que ainda estão evoluindo e participando de uma sociedade escolar que permite e indica bons hábitos de comportamento de movimentos relacionados às suas idades, como correr, pular, saltar, caminhar, subir, escalar, e outros que fortalecem a estrutura corporal, permitindo-lhe estarem prontos para ações que necessitam de mobilização do corpo e de movimentos dos membros do corpo.

 

[1] Professor da Rede Pública Municipal de Prainha – Pará. Licenciado em Educação Física – UFPA. Mestrando em Educação (Formação de Professores) – UNINI/FUNIBER.