Era uma vez um cometa que orbitava por vários sistemas planetários. Era livre, rápido, ágil, brilhante, com uma calda cintilante. Esse cometa nasceu em uma nuvem no espaço intergalactico ao redor do nosso sistema solar. Era um bebê lindo e ágil, mal sabia quantas transformações iria passar.

Cada vez que passava perto do sol, ele queimava. Seu corpo gelado liberada gases gerando uma nuvem de poeira brilhante formando uma cauda magnífica. Para os habitantes dos planetas era um evento cósmico observar a passagem daquele belíssimo  cometa, com sua cauda majestosa. Mas, o cometa tinha um longa história de suas trajetórias orbitais.

Embora visitasse muitas luas, planetas e outros cometas e asteroides, a cada órbita ele tinha que passar próximo ao sol, e era sempre uma tortura. Era um dilema o que o solitário cometa vivia. O que ele não sabia, é que após cada momento de dor, ele se transformava cada vez mais espetacular, brilhante e suntuoso.

Todos sabiam, menos o cometa. Passado muito tempo, em tantas voltas que deu na galáxia, o cometa já tinha consumido boa parte do seu combustível volatil, e gradativamente foi perdendo seu brilho. Mercúrio viu, Vênus também, a terra e a lua observaram, assim como marte, jupiter e suas luas. Saturno com seus anéis, Netuno e plutão também comentaram, o cometa solitário estava com os dias contados.

E, assim, anos se passaram e o cometa apagou, se transformando num pequeno asteroide. Ele notou algo diferente e estranho,  sensações nunca sentidas. Agora ele passava pelo sol e não queimava mais e, antes, o que era tortura, virou um prazeroso passeio admirando o brilho do sol, a lua, os planetas e outras estrelas.

Um dia, acabou saindo de sua órbita devido á uma perturbação gravitacional. Para ele, era surreal, conhecer novos lugares, novos sistemas, planetas e luas. Porém, agora o nosso pequeno asteroide se perdeu no espaço interestelar. Não sabia onde estava indo, e simplesmente se deixou levar pela maré galáctica.

O bebê cometa, brilhante cometa, e pequeno asteroide caiu em um planeta, e agora tinha uma nova missão em seu poder. Um objeto caiu do céu, e semeou poeira do cosmo, dando base para se construir uma nova vida.

Cada um nasce, cresce, se desenvolve, envelhece e morre por um propósito. E quantas vezes, não vemos nosso brilho, e quantas vezes não toleramos a dor daqueles que nos transformaram em algo muito mais espetacular e lindo. E, sempre quando, saimos da dor, somos livres e plenos de paz. Lá fora ninguém mais vê nosso brilho. E finalmente, quando nos damos conta, estamos recomeçando, semeando uma nova vida.