Buranello, Mariana Colombini; et al. Equilíbrio corporal e risco de queda em idosas que praticam atividades físicas sedentárias. v.8, n.3, p. 313-323. Passo Fundo: RBCEH, 2011. 

Equilíbrio corporal e o risco de queda na terceira idade —  como prevenir?
 Kaique Machado e Thamires Paula¹

Sabe-se que, o corpo humano com o passar do tempo sofre transformações e que estas, fazem com que o ser humano se adapte ou adapte o ambiente em que está inserido. O estudo buscou apontar, os efeitos gerados no equilíbrio corporal pela inserção, ou não, da atividade física em um grupo de pessoas do sexo feminino, com idades entre 68 e 78 anos.
 Para fins comparativos, foram estabelecidos dois grupos em que, um deles foi formado por idosas que praticavam atividade física, há pelo menos dois anos consecutivos, com frequência mínima de duas vezes por semana. Este grupo foi chamado de grupo ativo (GA). O outro grupo, foi formado por idosas que não praticavam atividade física, sendo denominado de grupo sedentário (GS).
 Como norteadores da pesquisa, utilizou-se dois testes: o primeiro consistia na análise do comparativo entre a prática (ou não) de atividades físicas e o nível de incidência com que as quedas ocorriam, de acordo com a escala de equilíbrio de Berg (EEB); o segundo teste foi o Timed “Up and Go” (TUG).
 A fim de estabelecer melhor compreensão, o efeito causado pelo envelhecimento que será estudado, é a respeito da redução das capacidades motoras, que segundo Netto (2004 apud BURANELLO, 2011, p. 314), “[...] é a redução da capacidade funcional dos sistemas de controle de equilíbrio, fator relacionado à alta incidência de quedas nessa faixa etária. ”
 Isso significa que, há a necessidade de estudo e desenvolvimento de métodos que melhorem esta perda de função motora, logo, torna-se fundamental o desenvolvimento de pesquisas como a utilizada de referencial teórico, visto que, a partir do estudo, tem-se uma compreensão mais completa acerca do assunto.
 Segundo Papaléo (2002 apud BURANELLO, 2011, p.314), “o envelhecimento afeta, de forma geral, todos os mecanismos que atuam no controle postural, aferentes, centrais e eferentes [...]”, as mudanças fisiológicas, relacionadas às alterações das funções orgânicas; as bioquímicas estão diretamente ligadas às transformações das reações químicas que se processam no organismo. Com o passar do tempo, inicia-se um processo de perda óssea, que ocorre mais cedo em mulheres do que em homens, principalmente no período pós-menopausa. Essa perda acontece porque ocorre um desequilíbrio ou diminuição das células que controlam o crescimento e remodelamento ósseo, o que ocasiona a perda da habilidade de controle postural, tornando as quedas mais frequentes. Mudanças no sistema neuromuscular também ocorrem, o que é chamado perca de massa muscular ou sarcopenia. Essas diminuições dos impulsos nervosos se tornam mais lentos, o que resulta na menor qualidade de contração, força e coordenação de movimentos.
 Essas quedas podem trazer riscos extremamente graves para a saúde do idoso, tanto por lesão, quanto por traumas. Os dados fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), são alarmantes, sendo que um terço das lesões atendidas pelos hospitais do país, são pessoas com mais de 60 anos. O que agrava ainda mais a situação é o risco de complicações no quadro, devido ao risco de desenvolver problemas mais graves por seu tempo de recuperação ser maior.
 Pensando nisso, torna-se mais eficaz pensar em prevenção do que em tratamentos, sendo o foco da pesquisa realizada pelos autores.
 A partir dos dados coletados nos testes, verificou-se que:
 A média de idade dos grupos era semelhante, não sendo fator extremamente relevante;
 No teste EEB, verificou-se que o GS possui maior risco de queda;
 No TUG, também se verificou maior risco de queda no GS;
 Na análise de incidência de quedas, vê-se grande disparidade, onde o GA não apresentou nenhuma queda, enquanto no GS houveram 12 quedas e 6 quedas reincidentes.
 Estes resultados apresentados, mostram a eficiência e eficácia do uso das atividades físicas como fator de prevenção das quedas em um grupo de idosos, sendo comprovada a tese inicialmente apresentada. Diversas atividades adaptadas promovem o estímulo neuromuscular que trabalham o controle postural e que auxiliam na diminuição da perca óssea, como vôlei adaptado e exercícios de solo que são atividades de interesse desse púbico sênior trazendo melhores benefícios para a saúde postural, porém também é necessário que se tenha em mente, que adaptações do ambiente também se fazem necessárias e auxiliam na locomoção e qualidade de vida dos idosos, sendo fator que não pode ser considerado separadamente.

¹ Graduandos em Licenciatura em Educação Física da Faculdade Unida de Suzano, Suzano - SP