SILVA, Obdália Santana Ferraz. Entre o plágio e a autoria: qual o papel da universidade? Bahia: Revista Brasileira de Educação, 2008.

                                                                       [1]Filipe Janson

Obdália Santana Ferraz Silva, segundo informações do site “escavador”, é pedagoga e, atualmente, professora do Curso de Letras/Português da Universidade do Estado da Bahia, além de ser pesquisadora em diversas áreas, como linguagem, leitura, escrita, autoria, plágio, hipertexto, dentre outras. No artigo intitulado “Entre o plágio e a autoria: qual o papel da universidade?”, Silva procura expor o conceito de plágio inserido em um mundo “internetizado”, a problemática da formação de estudantes como meros repetidores de informações, e o papel da academia na proposição de novos caminhos para o desenvolvimento de sujeitos autônomos, em relação a leitura e escrita.

Com o advento da internet, os modos de ser e fazer foram reconfigurados. Por meio dela é possível ter acesso, de forma veloz, a um número imensurável de informações dos mais variados campos de interesse. Ademais, transformou-se em uma ferramenta indispensável para o universo acadêmico, pois propiciou a criação de novas formas de acessar, produzir e compartilhar textos.

Tendo em vista a facilidade de acesso aos textos digitais, é costumeiro que estudantes e professores os utilizem como fontes de conhecimento, a fim de fazerem composições textuais próprias, porém, muitas vezes, se apropriam indevidamente desses textos, não atribuindo créditos aos autores originais, configurando, assim, um crime de plágio. Nas palavras da autora:

[...] ,uma vez que a informação e os textos, nos tempos atuais, se encontram cada vez mais à mão, como um convite ao sujeito para mergulhar nos labirintos hipertextuais, para o exercício e a difusão da escrita ou para forjar como seu apenas um excerto, um parágrafo ou mesmo todo um texto, mediante cópia não autorizada.(Silva,2008,p.357).

Por intermédio de pesquisas feitas com graduandos de letras, a pedagoga constatou que são diversos os motivos que levam os estudantes a fazeres uso de hipertextos digitais, dentre eles, segundo ela, está a necessidade de “solucionar problemas referentes a falta de tempo e para dar-lhes embasamento teórico.” (Sillva,2008, p.358). Dessa forma, levando em consideração a velocidade, a descomplicada acessibilidade, e a riqueza de conteúdos, os alunos sentem-se tentados a fazerem cópias ilegais de outras construções textuais.

A professora advoga que a escola tem desenvolvido um papel castrativo na formação dos estudantes, uma vez que fazem com que os indivíduos, através de atividades pouco efetivas ou falta de interesse genuíno pela desenvoltura dos alunos, assumam uma postura passiva em relação leitura e produção de textos. Os estudantes, durante a educação básica, amiúde, não são motivados a desenvolverem uma autonomia em relação ao ato de ler e escrever, sendo assim são condicionados a se apropriarem indevidamente das ideias de outrem. Gerando, assim, sujeitos meramente repetidores de informações, plagiadores. De acordo com a pedagoga:

Portanto, no espaço e no tempo, a escola distanciou-se do objetivo de formar autores, no sentido já explicitado; isto é, sujeitos autônomos, que se responsabilizem pelo seu dizer/escrever; que possuam autoria; um “eu” que se assume como produtor de linguagem e, nesse sentido, confere voz à sua identidade (Silva, 2008, p. 363).

Destarte, é necessário que os estudantes em todos níveis de aprendizagem, sejam estimulados a serem a protagonistas no tocante a produção textual. Dessa forma, haveria uma formação de autores autônomos e conscientes quanto a importância da autenticidade. Evitando, assim, ou ao menos diminuindo, a prática de cópias não autorizadas.

Diante do exposto, é inegável que a internet remodelou todos os campos da sociedade, dentre eles o acadêmico, trazendo novas formas de criar e acessar conhecimento, por meio de textos digitais, de forma veloz e facilitada. Porém, alguns problemas que antes permeavam a produção textual, como o plágio, com a implementação dos meios digitais se intensificaram. A apropriação indevida de obras alheias é uma realidade, por parte de alunos e professores, que, muitas vezes, não são orientados a desenvolverem autonomia em relação a escrita e a leitura, orientação essa que deveria ser exercida pela escola, porém esse papel é negligenciado. O plágio é um ato grave, juridicamente criminoso e moralmente repugnante, praticado por sujeitos desinteressados e dependentes das ideias de outrem, visto isso é urgentemente necessária uma transfiguração desse paradigma. As ideias expostas pela autora, são essenciais para o entendimento do plágio na modernidade e para o conhecimento das possíveis vias que levam a uma solução da problemática.

 

 

[1] Aluno do Curso de Direito UniCEPLAC 2020/1.