ENTRE O IMAGINÁRIO E A NECESSIDADE: PERCEPÇÕES E VISÃO DOS USUÁRIOS DA POPULAÇÃO RURAL DE UNISTALDA/RS SOBRE SUA UNIDADE DE SAÚDE
Lizandréia Bataglin Dal-Zouto dos Santos1
Marisa Froes Marturano Hirata Vera2 RESUMO Com o objetivo de identificar quais as motivações e estratégias que a Unidade de Saúde exerce sobre a população rural em relação ao atendimento, colaboração e adesão a ela, recorreu-se à metodologia da pesquisa de campo, de natureza quali-quantitativa descritiva e, bibliográfica, para se construir um parecer capaz de ofere-cer uma visão de como tal Unidade é importante ou considerada pelos que ali atuam e sobre a população rural que se faz usuária dela. Na trajetória da pesquisa, autores específicos e interpretações pessoais concorrem sobre a importância das políticas de saúde e da fundamental importância sobre a percepção dos valores e da cultura local. Da população rural pesquisada, ficou clara a ideia de que as subjetividades concorrem com a razão das urgências para a promoção da saúde e qualidade de vida, pois na dimensão dos sentimentos a confiança e o reconhecimento da respon-sabilidade, solidariedade e outros, além das competências e habilidades, as famílias que povoam o meio rural em Unistalda/RS se constituem pessoas simples, de renda geralmente média-baixa e usufruem dos recursos que o Estado e município lhes ofe-rece como alternativa primeira antes de recorrerem a centros maiores, como o HCS e Pronto Socorro de Santiago/RS. Por outro lado, as estratégias utilizadas (ESF, PAISM, SUS, etc.) para aderir esse tipo de clientela são igualmente eficientes, pois a formalidade e a orientação presencial com o próprio agente de saúde, que os visita periodicamente, lhes oferta uma atenção psicológica muito intensa e significativa, uma vez que são famílias isoladas e que também sabem acolher o profissional da saúde de acordo com seus interesses e motivações, confirmados a partir da garantia da saúde e das relações de amizade, confiança e responsabilidade. Palavras-chave: Motivações. Estratégias. Percepção. Unidade de Sáude de Unis-talda/RS.
1 Enfermeira, Aluna do curso de Pós-Graduação em Saúde Pública com Ênfase em Saúde da Famí-lia – EAD, Santiago/RS, pela FATEC/FACINTER, UNINTER. 2 Mestre em Educação Permanente e Desenvolvimento de Recursos Humanos, Espec. em Saúde Pública, Administração Hospitalar, Gestão da Qualidade, Tutoria em EAD e Planejamento Gover-namental.
1 Introdução
No desenvolvimento desse artigo, inicialmente se lança um ponto de vista que tem estreitas ligações com o tema principal, uma vez que se tem a ideia de que a intervenção do Governo, estados e municípios para tentar responder e solucionar sobre as necessidades da população brasileira se fazem sérios desafios, uma vez que as políticas e estratégias de ação por si só não conseguem deliberar eficiência e até o sucesso das investidas. A saúde ocupa lugar de destaque no país, concorren-do paralelamente com as demais necessidades primárias, caso da educação, habi-tação, segurança, emprego e outras, pois cotidianamente o cidadão brasileiro, mes-mo amparado legalmente quanto aos seus direitos e obrigação do Estado, não con-segue retorno para garantir estabilidade em quase todos os sentidos em sua vida.
Na redefinição do título: Entre o Imaginário e a Necessidade: percepções e visão dos usuários rurais sobre a Unidade de Saúde do Município de Unistalda/RS pontuou-se como objetivo geral, a revisão sobre como se configuram os vínculos da Unidade de Saúde de Unistalda/RS com a sua clientela formada pela população ru-ral, o que vem de encontro com o problema levantado: Quais os caminhos e interfe-rências que mais influem na aceitação, desenvolvimento e satisfação com o trabalho proposto em Saúde da Família numa localidade interiorana, a partir da população rural?
A justificativa e motivação para se investir em tal tema e objetivo se deu não só pelo cumprimento de uma orientação de curso, mas pela compreensão que se pode ter a respeito do pensamento, das necessidades e estímulos que levam a po-pulação rural de Unistalda/RS a aceitar e aderir (ou não) com a proposta da Unidade de Saúde de Unistalda e do trabalho proposto pelos profissionais que ali atuam, ain-da, em tempo, revisar os caminhos que levam à coesão e harmonia nos trabalhos pela saúde da população pode endereçar a novas concepções sobre o imaginário dos usuários de tal Unidade, como pode, igualmente, contribuir para uma melhor vi-são e relacionamento com a população em destaque sobre os trabalhos e o fazer profissional.
Portanto, o desenvolvimento do presente artigo, a partir da literatura compe-tente, pela pesquisa bibliográfica e, das informações obtidas a campo, pode-se pon-tuar de forma segura a ideia que ambas as dimensões: a Unidade de Saúde (com seus profissionais) e a população rural se complementam em objetivo e imaginário,
desde quando a partir de então, se apresentam os fomentos e ideias que corrobo-ram tal opinião.
Decerto que a construção desse artigo obedeceu a uma sequência de ideias e de interpretações, onde primeiramente se colocam conceitos e conhecimentos, pa-ra então se destacar os resultados da pesquisa a campo, fundindo-se tais elementos que comporão uma consideração a respeito de todo o contexto aqui descrito.
2 PERCEPÇÕES E VISÃO DOS USUÁRIOS DA POPULAÇÃO RURAL DE UNIS-TALDA/RS SOBRE SUA UNIDADE DE SAÚDE
Pontua-se aqui, que a Estratégia de Saúde da Família (ESF) exercitada em todas as Unidades de Saúde, tem como uma das suas referências principais a reda-ção da Constituição Federal de 1988, que reza sobre a saúde como um direito de todos e dever do Estado (PINTO; et al., 2011). Algum tempo atrás, precisamente em 1994, emergia dentre várias ações por parte do Estado, o Programa Saúde da Famí-lia (PSF) com o objetivo de prestar assistência e cuidados aos cidadãos a partir da atenção básica, em conformidade com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, o PSF evoluiu e passou a se denominar como Estratégia Saúde da Família (ESF), cujo Manual de Condutas de Enfermagem em Saúde da Família (BRASIL, 2000) destaca como uma das estratégias mais eficiente de alcance e ade-são ao referido programa, a visita domiciliar pelos agentes comunitários de saúde (BRASIL, 2012).
2.1 AS UNIDADES DE SAÚDE E OS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
No início do desenvolvimento das ideias, achou-se necessária a apresenta-ção formal do significado de dois propósitos constantes no artigo que se constrói: do significado da Unidade de Saúde e, dos Agentes de Saúde.
Bem, as Unidades de Saúde Comunitária ou, Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou ainda, Postos de Saúde (PS) são pontos estratégicos em que o cidadão tem ofertado gratuitamente alguns cuidados básicos específicos nas dimensões da Pediatria, Ginecologia, Clínica Geral, Enfermagem e Odontologia desde a condição
de consultas médicas até procedimentos comuns (inalações, injeções, curativos, va-cinas, etc.) até a coleta de exames laboratoriais, tratamento odontológico, encami-nhamentos para especialidades e fornecimento de medicação básica (BRASIL, 2012).
Já o trabalho do Agente Comunitário de Saúde está previsto pela Lei nº 10.507/2002, que cria a profissão de Agente Comunitário de Saúde, o Decreto nº 3.189/1999, que fixa as diretrizes para o exercício da atividade de Agente Comunitá-rio de Saúde, além da Portaria nº 1.886/1997, que aprova as normas e diretrizes do Programa de Agente Comunitário e do Programa de Saúde da Família. Dentre suas especificidades profissionais, o agente comunitário de saúde, seja por meios de a-ções individuais ou coletivas, efetiva meios preventivos de doenças e promoção da saúde sob supervisão do gestor local do SUS (a Secretaria Municipal de Saúde), cu-jas atribuições básicas desse profissional são ditadas pela Portaria nº 1.886/1997 (Anexo (I), do Ministro de Estado da Saúde, estando à disposição dos municípios brasileiros e sob fiscalização do SUS (BRASIL, 2012).
2.2 DO CONTATO À ADESÃO DO CIDADÃO AOS SERVIÇOS E ASSISTÊNCIA PROPOSTOS
Da intervenção no processo saúde-doença até o planejamento de ações por parte dos profissionais (ou agentes) da saúde que objetivam a promoção de saúde da coletividade, a visitação domiciliária (VD), que deve ser considerada tanto no con-texto da saúde quanto da educação em saúde, porque pode possibilitar mudança nos padrões de comportamento inadequado à saúde dos indivíduos, e assim preve-nir doenças e promover saúde e qualidade de vida, mesmo considerando que o indi-víduo tem autonomia para adotar o estilo de vida que lhe pareça mais apropriado ou de acordo com sua cultura nativa, com seus valores e crenças (SOUZA; et al., 2004).
Frente a isso, entende-se que esse contato direto promovido pelo agente de saúde, trata-se de uma maneira da população interagir com os cuidadores, a fim de construírem ações junto a eles por meio de práticas e/ou concepções adequadas à saúde da família. Nessa lógica de pensamento, os autores Takahashi; Oliveira (2004, p. 03) dizem que a VD “[…] constitui uma atividade utilizada com intuito de
subsidiar a intervenção no processo saúde-doença de indivíduos ou planejamento de ações visando à promoção da saúde da coletividade”.
Oliniski; Lacerda (2006) acrescentam que
[…]Considerando que o cuidado de si é uma atitude e ação pessoal que de-pende das crenças, valores e objetivos que se tem, as formas utilizadas pa-ra promover ou realizar o cuidado de si podem ser as mais variadas possí-veis. […] ao adentrar esse espaço, o enfermeiro atenta para não impor à família suas crenças e valores pessoais, e sim nele inserir-se de tal forma que possa desenvolver suas ações e interações com a família (OLINISK; LACERDA, 2006, p. 308).
Portanto, a visita domiciliar é um momento no qual há o encontro do profis-sional de saúde com seu objeto e um dos seus interesses de trabalho, constituindo-se numa oportunidade de educação em saúde, de troca de experiência e saberes.
Dessa forma, o contexto domiciliar, configura-se em um espaço singu-lar de cuidado entre ambos. Já que no ambiente hospitalar, essa situação, geral-mente, é mais difícil de acontecer, podendo gerar stress aos familiares. O domicílio é o seu espaço, nele está refletido seu estilo de vida, sua condição socioeconômica e sua relação com as demais pessoas, podendo propiciar maior proximidade e tranqui-lidade do profissional com a família.
Entende-se, igualmente, que as vantagens que o profissional encontra para realizar a visita domiciliar seriam, entre tantas, a de um maior conhecimento sobre o indivíduo; da facilidade de planejar e executar as ações a serem desenvolvi-das no domicílio de acordo com os recursos de que a família dispõe; de um relacio-namento entre o profissional da saúde e o binômio mãe/recém-nascido, que pode ser menos formal e mais sigiloso em relação a outras atividades do serviço de saú-de; e do profissional poder propiciar maior liberdade para o cuidador expor suas difi-culdades em relação a si.
Assim, a VD realizada pelo enfermeiro (ou agente comunitário de saú-de) traz benefícios bem concretos, que inclui um conjunto de ações de saúde volta-das ao crescimento e desenvolvimento de uma melhor qualidade de vida pautadas na saúde e na harmonia das relações e cuidados cotidianos.
2.3 DO ESPAÇO EM QUE SE INSERE A UNIDADE DE SAÚDE DE UNISTALDA/RS
Do espaço em questão, Unistalda/RS, tem sua origem pela ocupação indí-gena, quando então começou todo um processo de colonização instaurado pelo Im-pério, com a vinda dos padres jesuítas espanhóis e portugueses. Entre os anos de 1935 a 1937, surgida da localidade então conhecida como "Carneirinho" (uma redu-ção jesuítica), começam a ser demarcadas ruas e lotes da vila, e a nomenclatura passa a ser "Unistalda", se identificando como 4º Distrito do Município de Santia-go/RS que, passou a ser povoado de fato quando se instaurou a condição de vila, lá pelos anos de 1940. Com o passar dos tempos, de acordo com o Ato nº 01/95, Lei nº 10.648, Unistalda passou de distrito para município, ou seja, passou a ser consi-derada como Município, mas somente em 01 de Janeiro de 1997 se efetivou esse reconhecimento (BRASIL, 2012).
O Município se destaca pela sua importância econômica, que está alicerça-da nas atividades agropecuárias: na agricultura, destaca-se a produção de grãos, na seguinte ordem: soja, milho, arroz, feijão e trigo; na pecuária, destacam-se a criação de rebanhos, nessa ordem: bovinos, ovinos, equinos, suínos e caprinos, então, per-cebe-se que o Setor Primário é a base de sua economia (os outros tem pouca ex-pressão). Sua estrutura social comporta escolas municipais e estaduais, além de uma Unidade de Saúde que funciona diariamente. Conta com instituições culturais, como um Centro de Tradições Gaúchas (CTG), uma unidade da CORSAN e da E-MATER, um posto avançado do BANRISUL, um posto da Brigada Militar, uma agên-cia de Correios e Telégrafos e uma rede telefônica de suporte.
Desse apanhado, o perfil original e considerado nessa pesquisa, se faz pela população rural, que conforme o último Censo se faz em torno de 1.540 habitantes, representando 62,8% da população (IBGE, 2012).
Da realidade da Unidade Básica de Saúde do referido município, ela está a-trelada à Secretaria Municipal de Saúde (Prefeitura Municipal) e, mantêm atendi-mento à outra Unidade, a Unidade Básica de Saúde da Comunidade de Nazaré. Na dimensão material, há toda uma estrutura nova de mobiliários, ferramentas e utensí-lios, instrumentos, além de estoque de medicamentos, curativos e outros aparatos necessários à rotina e, na dimensão de recursos humanos conta com profissionais da Clínica Geral, Pediatria, Ginecologia e Odontologia (01 enfermeira, 04 técnicos em Enfermagem, 06 agentes de saúde, 01 farmacêutica, 07 médicos) que obede-
cem a uma escala de presença semanal e/ou diária, advindos de Santiago/RS, além de profissionais da Enfermagem de nível técnico e graduados para complementar a organização e funcionalidade de tal Unidade, uma vez que atuam como administra-dores, profissionais e agentes de saúde, cobrindo toda a zona rural e urbana do mu-nicípio de Unistalda/RS, onde há atualmente (2012) 801 famílias cadastradas, sendo que 150 famílias pertencem à população rural, que por sua vez são assistidos e mo-nitorados por cinco (05) Agentes de Saúde da Unidade local, que mantêm contato presencial periódico para atualizá-los ou orientá-los em relação as suas necessida-des de saúde e bem estar.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 PESCURSO DA PESQUISA E DA METODOLOGIA UTILIZADA
Diante da proposta metodológica já descrita anteriormente e fundamentada na concepção de Minayo (2003), a pesquisa de campo, que foi qualiquantitativa e de natureza descritiva, remeteu-se à população rural assistida pelos Agentes de Saúde da Unidade de Saúde de Unistalda/RS que se fizeram em torno de cento e cinquen-ta (150) famílias (ou usuários) por um instrumento de pesquisa contendo questiona-mentos semiestruturados (Apêndices 3, 4), antecedendo-se à licença dos referidos entrevistados por um Termo de Livre Consentimento Assistido (Apêndices 1, 2).
A formalização da pesquisa de campo se deu nas condições de que a amos-tragem consideraria somente sujeitos maiores de idade, do meio rural e de cobertura da referida Unidade de Saúde de Unistalda/RS, independentes de sexo, religião ou condição econômico-social, cuja movimentação se deu no período entre os meses de Julho a Agosto de 2012.
Os dados foram interpretados pela tabulação simples [Office 2012©, Excel©] e apresentados de forma contextualizada, como conteúdo parcial do artigo, a seguir discutidos.
3.2 APRESENTAÇÕES DOS DADOS
Aplicando o instrumento de pesquisa sobre a população rural, quis se saber, conforme já demarcado desde o início desse artigo, sobre o limiar do pensamento dos mesmos como usuários nos sentidos concreto e subjetivo e, que os instrumen-tos de pesquisa analisados puderam oferecer algumas informações que corroboram com as ideias que já se tinham em mente a respeito da problematização levantada e registrada logo após, em "Considerações Finais".
O nível educacional de uma amostra pode ser representativamente funda-mental quando se está trabalhando com temas relacionados à pesquisa social, es-pecialmente em saúde, pois essa condição pode tornar as ideias muito mais signifi-cativas e de efeito da parte daquele que responde a um questionamento (MINAYO, 2003).
Figura 1 - Sobre o nível educacional dos usuários da Unidade de Saúde pertencen-tes à população rural
FONTE: Lizandréia Bataglin (Org.), 2012.
Vê-se que o gráfico faz visualizar uma aproximação entre aqueles que tem o Ensino Fundamental Completo daqueles que não o concluíram, portanto, pode-se dizer que os usuários, em sua maioria, têm condições de discernimento sobre o co-tidiano, dos processos e situações que tem de enfrentar e, pode isso indicar que tais usuários podem assumir consciente e responsavelmente decisões sobre algum en-frentamento.
NÍVEL EDUCACIONAL DOS USUÁRIOSDA UNIDADE DE SAÚDE35%2%6%57%CompletoIncompletoNadaNão responderamou não seencontravam
Figura 2 - Sobre a condição civil de relacionamento dos usuários da Unidade de
Saúde pertencentes à população rural
FONTE: Lizandréia Bataglin (Org.), 2012.
Uma maioria de 63% dos usuários mantêm relacionamento formal, ou seja,
a família foi constituída a partir do casamento, ao passo que 31% assume outra
condição de relacionamento informal e, uma minoria dessa população de 4% é solteira.
Ao assumir ou constituir uma família, os sujeitos responsáveis por ela tem de
tomar decisões que afetam a qualidade de vida das mesmas e seus dependentes.
Figura 3 - Sobre o tipo de contato mantido pelos usuários da Unidade de Saúde local,
pertencentes à população rural
FONTE: Lizandréia Bataglin (Org.), 2012.
CONDIÇÃO CIVIL
DE RELACIONAMENTO
63%
4% 2%
31%
Casados
Formalmente
Relacionamento
Informal
Solteiros
Não responderam ou
não se encontravam
TIPO DE CONTATO E CONHECIMENTO
DA UNIDADE DE SAÚDE
85%
12%
3% Formal
Informal
Não responderam ou
não se encontravam
Os usuários, em sua maioria, pontuaram como formal o tipo de contato man-tido com a Unidade de Saúde local, ou seja, entende-se por "formal" quando do con-tato direto com os agentes de saúde pelas visitações domiciliárias e, previsto como um fazer estratégico do agente; por "informal" supõem-se quando da interferência de um terceiro, ou vizinho, parente, amigo que indicou ou orientou o sujeito a procurar tal Unidade.
Figura 4 - Sobre o motivo do contato dos usuários da população rural com a Unida-de de Saúde
FONTE: Lizandréia Bataglin (Org.), 2012.
O sentido concreto do contato, ou seja, foi em sua maioria algum tipo de ur-gência que motivou a busca pela Unidade local. O fator emocional pode ser suben-tendido como uma necessidade também, mas subjetiva desde o momento em que se entenda que a busca pela qualidade de vida envolva as garantias de saúde e os direitos concedidos, pensados pelos usuários como um sistema posto à disposição dele para que a segurança, felicidade, saúde e confiança sejam destaque no seu co-tidiano.
MOTIVO DO CONTATO COMA UNIDADE DE SAÚDE23%3%74%NecessidadeFator EmocionalNão responderam ounão se encontravam
Figura 5 - Sobre a qualidade do atendimento ofertado aos usuários da população
rural pela Unidade de Saúde local
FONTE: Lizandréia Bataglin (Org.), 2012.
Da parte dos profissionais, que responderam ao instrumento de pesquisa
(Apêndice 04), sobre o atendimento promovido desde o contato com os agentes de
saúde até os profissionais postos à disposição do usuário rural pode ser entendido
como situado num nível aceitável e que o trabalho desenvolvido em tal Unidade
cumpre com seus objetivos, uma vez que uma minoria pontual de forma diversificada
e contrária essa situação.
Figura 6 - Sobre o nível educacional dos usuários da Unidade de Saúde pertencentes
à população rural
FONTE: Lizandréia Bataglin (Org.), 2012.
QUALIDADE DO ATENDIMENTO
NA UNIDADE DE SAÚDE
18%
2%
3%
7%
70%
Bom
Ruim
Exelente
Insuficiente
Não responderam ou não
se encontravam
PERCEPÇÃO SOBRE A OPERACIONALIDADE
NO ATENDIMENTO NA UNIDADE DE SAÚDE
64%
5%
31%
Eficiente
Ineficiente
Não responderam ou não
se encontravam
Os profissionais pontuaram como significativo e expressivo o atendimento ofertado aos usuários da população rural, uma vez que o conjunto deles (médicos, enfermeiros) tem em seu objetivo exercitar seus conhecimentos, competências e habilidades em função do objetivo e existência da Unidade de Saúde em questão.
Figura 7 - Sobre como os profissionais que atuam na Unidade de Saúde interpretam o usuário da população rural que fazem uso dela
FONTE: Lizandréia Bataglin (Org.), 2012.
De acordo com as respostas e a interpretação realizada, a maioria dos pro-fissionais vê no usuário da Unidade aquele cidadão que necessita de atendimento para várias ocorrências do cotidiano, desde o cuidado com o filho, consigo mesmo ou com outros, portanto, a razão prevalece, na visão dos profissionais, sobre a sub-jetividade dos usuários, quando eles procuram a Unidade local por questões de saú-de ou doença, ainda, por motivos econômicos ou urgentes, pois é mais fácil deslo-car-se da sua residência à Unidade do que vir até Santiago/RS para marcar consulta e cumprir com a burocracia até ser atendido para questões simples.
PERCEPÇÃO SOBRE A NATUREZADO ATENDIMENTO NA UNIDADE DE SAÚDE11%73%16%ConcretoSubjetvoNão responderam ou nãose encontravam
Figura 8 - Sobre as dificuldades que impedem a acessibilidade parcial ou total do
usuário da população rural até a Unidade de Saúde local
FONTE: Lizandréia Bataglin (Org.), 2012.
Os profissionais entrevistados, em entrevista, percebem em sua maioria que
a maior dificuldade que recai sobre o usuário da população é a acessibilidade, subentendo-
se a distância ou as condições físicas para essa acessibilidade acontecer,
talvez, a falta de um automóvel, estradas ruins, os horários, enfim, as dificuldades de
acessibilidade são, pela visão dos profissionais em conjunto, de natureza física ou,
por questões burocráticas.
Figura 9 - Sobre a configuração do usuário da população rural que faz uso da Unidade
de Saúde local
FONTE: Lizandréia Bataglin (Org.), 2012.
PRINCIPAIS DIFICULDADES PONTUADAS
PELO USUÁRIO NA UNIDADE DE SAÚDE
19%
23%
16%
42%
Acesso
Agendamento
Alguns Casos
Não responderam ou não
se encontravam
PRINCIPAIS USUÁRIOS
DA UNIDADE DE SAÚDE
20% 64%
16%
Pessoas com alguma
vulnerabilidade
Pessoas preocupadas
em se informar ou
prevenir-se
Não responderam ou
não se encontravam
Entendeu-se que os profissionais observam e afirmam em sua maioria que os usuários principais da Unidade de Saúde de Unistalda/RS são pessoas com al-gum problema de saúde, que requer no seu cotidiano algum acompanhamento ou orientação sobre qualquer mal estar físico e, em seguida, pontuam aquelas pessoas que por saberem estar situadas na área rural e que nem sempre é possível chegar ou acessar a Unidade e seus profissionais, lhe basta momentaneamente buscar ori-entação e apoio no sentido preventivo.
Figura 10 - Sobre o tipo de contato que motiva a acessibilidade ou conhecimento sobre a Unidade de Saúde e seus profissionais
FONTE: Lizandréia Bataglin (Org.), 2012.
Segundo a percepção dos profissionais atuantes na Unidade de Saúde, a maioria dos usuários da Unidade de Saúde e que fazem parte da população rural, lhes parece ter tido contato com a promoção da saúde que a Unidade e seus profis-sionais ofertam se deu por orientação e diálogo, uma vez que em percentual menor acreditam que essa acessibilidade e contato foi fruto da estratégia presencial, ou se-ja, com a presença do agente de saúde.
TIPO DE CONTATOOU ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO19%10%14%57%Orientação por diálogoContato presencialMaterial gráficoNão responderam ounão se encontravam
Figura 11 - Sobre o motivo dos usuários da população rural buscarem auxílio na Unidade
de Saúde local
FONTE: Lizandréia Bataglin (Org.), 2012.
Os profissionais, no geral, acreditam que algum motivo concreto, ou seja, de
urgência e física são o motivo de acesso da maioria dos usuários da população rural,
devido a falta de condições e conhecimento sobre a manutenção da saúde, ou
por estarem diretamente dependentes de algum procedimento de verificação, regulação
ou de administração medicamentosa. Parte e minoria desses profissionais acredita
que os recursos promovidos pela Unidade de Saúde, tanto materiais quanto
físicos, são norteados por uma visão subjetiva de confiança, de apoio, responsabilidade
e outros valores que os usuários da população rural tem sobre a Unidade e eles.
Figura 12 - Sobre a qualidade do trabalho promovido na Unidade de Saúde de Unistalda/
RS aos usuários da população rural
FONTE: Lizandréia Bataglin (Org.), 2012.
A equipe da Unidade de Saúde de Unistalda/RS afirma que a eficiência, assim
como a organização da estrutura e das competências postas em jogo por todos
MOTIVO DO USUÁRIO PROCURAR
A UNIDADE DE SAÚDE
11%
73%
16% Urgência
Confiança
Não responderam ou
não se encontravam
COMO PONTUA O TRABALHO DO COLEGA
NA UNIDADE DE SAÚDE
25%
16%
30%
29%
Organização
Eficiência
Competência
Não responderam ou não
se encontravam
os profissionais atuantes, disputam como as configurações que permitem ao usuário pertencente à população rural acreditar e confiar no trabalho e esforços concentra-dos na Unidade de Saúde local, ou seja, entenda-se que os profissionais trabalham em harmonia e conseguem superar os desafios cotidianos na referida Unidade.
3.3 DISCUSSÃO PROVISÓRIA
Se for realizado um confronto entre as respostas e interpretações obtidas por parte dos usuários da população rural e, dos profissionais atuantes na Unidade de Saúde de Unistalda/RS, pode-se afirmar que há um equilíbrio no modo de pensar e na forma como as motivações se distribuem entre aqueles que promovem e se fa-zem usuários dos serviços. Por isso se concorda com Souza; et al. (2004) quando afirmam a ideia de que as intervenções conseguem efeito e adesão desde quando os profissionais utilizam estratégias de fato significativas, trabalhando as urgências concretas do usuário, assim como reconhecendo valores que eles cultuam, pois es-sas condições alicerçam um vínculo realmente compensatório e de resultados na promoção da saúde.
As pesquisas e dados mostraram, entrelinhas, que buscar o contato com a população rural de forma presencial é muito mais eficiente que, por exemplo, uma convocação ou outro método informal, pois na pesquisa bibliográfica Lacerda; Oli-niski (2003) destacaram importante contexto, quando o saber-fazer do profissional da saúde, por exemplo, deve respeitar as crenças e o modo de vida do outro, só as-sim, entende-se, estará intervindo e não ferindo sentimentos, pelo contrário, estará conquistando para futuramente transformar a realidade a favor do usuário.
Também ficou inscrito que as estratégias utilizadas pelos agentes de saúde, pelas fichas ou outros sistemas de registro, quando dos esforços que desprendem para chegar até o usuário e formalizar seu ingresso ou acessibilidade, fazem-se es-forços com feedback garantido, uma vez que a população rural de Unistalda/RS possui cidadãos preocupados e conscientes com a qualidade de vida, pois estão um pouco afastados e até isolados, dependentes de alguma orientação ou auxílio, inclu-sive, somam-se questões concretas para tal, uma vez que recorrer a outros tipos de atendimento fora da região onde moram incide em custos e no fator tempo.
3 Considerações Finais
A literatura consultada conseguiu esclarecer e formar opinião a respeito do trabalho em razão da promoção da saúde. A gestão de pessoas e as estratégias pa-ra a promoção da saúde da família na Unidade de Saúde de Unistalda/RS pode ser considerado um caso de sucesso. Ali, tanto os profissionais quanto os usuários (em especial da área rural) conseguem uma correspondência baseada no imaginário su-portado por valores (responsabilidade, confiança, solidariedade, entre outros) com as urgências do cotidiano. Da mesma maneira se pode concluir que o trabalho dos agentes de saúde, em destaque quando realizam as visitas domiciliárias para garan-tir a permanência ou adesão do usuário (ou futuro usuário) jamais devem abandonar questões subjetivas que inspiram e motivam as pessoas a lhes confiar sua saúde e crédito pelas suas competências, uma vez que esse contato presencial pode ser va-lorizado como esforço sujeito a riscos e, ao mesmo tempo, uma atenção dedicada junto a essas pessoas que estão isoladas de um trabalho importante de promoção à saúde, sendo um dos únicos recursos disponibilizados na região onde moram.
Os gráficos em si, construídos a partir da iniciativa da pesquisa de campo, revelaram a harmonia situacional entre os usuários e profissionais que laboram e fazem parte da Unidade de Saúde de Unistalda/RS, fazendo refletir de que se deve lançar mão de dinâmicas, inclusive, como reuniões, especificação de algum dia es-pecial para atender determinada clientela (somente homens, mulheres, crianças, i-dosos, etc.), ou, realizando algum outro trabalho fora da rotina da Unidade, direta-mente com pessoas com maior agravo de saúde, por exemplo, ou, convidando ou-tros profissionais para fazerem parte em caráter especial de auxílio; outra tratativa que se pode afirmar é de que o trabalho burocrático e que fundamenta o controle do fluxo de usuários, bem como do efetivo na Unidade, parece responder bem aos ob-jetivos a que se propõem. Enfim, as estratégias funcionam, as subjetividades e a re-alidade são comprovadamente um caminho paralelo, são elementos que se fazem dependentes um do outro para a dinâmica da Unidade de Saúde de Unistalda ser, de fato, efetiva.
Referências
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