Introdução

O capitalismo influencia diversas áreas do meio em que vivemos e não haveria de ser diferente em relação à educação, estava claro que o mesmo continuava a insistir a escola dualista, proporcionando os conhecimentos construídos historicamente a uma pequena parcela da população e relegando à grande massa de trabalhadores um conhecimento dito fragmentado, com a finalidade de formar o aluno para o mercado de trabalho.

Nas últimas duas décadas houveram mudanças, eis que a indústria e as empresas passaram a necessitar de profissionais com perfil flexível, autônomo, criativo, crítico e com inteligência emocional, para solucionar os possíveis problemas enfrentados pelas empresas.

Devido a essa necessidade por um ser orgânico, dotado de censo crítico e capaz, não somente de fazer, mas também de pensar, houve uma quebra na dualidade até então presente no modo de educação, pois já não se faz educação como se fazia há 50 anos atrás.

 

Ensino Médio e Profissional: considerações sobre seus princípios e bases atuais

 

O Ensino Médio Integrado objetiva articular os conhecimentos tecnológicos, científicos e culturais, proporcionando uma formação politécnica, visando o esclarecimento do aluno frente ao trabalho, à cidadania e à efetivação da democracia, além do conhecimento das diversas transformações ocorridas no mundo do trabalho.

Além da categoria trabalho, o ensino médio integrado deverá fazer uso das categorias cultura, ciência e tecnologia, uma vez que são fundamentais para propiciar o domínio dos fundamentos científicos que permeiam o processo produtivo.

O autor afirma ainda que, ao passo que o ensino fundamental age indiretamente frente ao trabalho e sua relação com o conhecimento científico, tecnológico e cultural, o ensino médio estabelece relação direta com o trabalho, tendo como finalidade “[...] recuperar essa relação entre o conhecimento e a prática do trabalho” (SAVIANI, 2007, p.160).

Tendo o trabalho como princípio educativo, bem como as categorias ciência, cultura e tecnologia, o Ensino Médio Integrado assume o papel de propiciar a todos o domínio dos saberes construídos ao longo da história da humanidade, possibilitando aos jovens compreender e analisar a sociedade em que vivem.

O ensino politécnico deve ser entendido como o domínio intelectual, científico, que compõe a técnica, englobando não somente o produto, como a máquina, mas também a natureza e sua relação com o homem.

Adotar uma modalidade de ensino médio baseado na formação politécnica implica “[...] propiciar aos alunos o domínio dos fundamentos das técnicas diversificadas utilizadas na produção, e não o mero adestramento em técnicas produtivas. Não a formação de técnicos especializados, mas de politécnicos.” (SAVIANI, 2007, p.161)

É necessário propiciar às escolas recursos financeiros e capacitação para os professores obterem os elementos necessários para implantar na instituição educativa um programa de ensino verdadeiramente integrado.

 

O Ensino Médio Integrado e a superação da dualidade estrutural: reflexões sobre seus limites

 

Ensino Médio Integrado é uma possibilidade de superar a dualidade estrutural no campo educacional. Como reflexo das alterações ocorridas no interior da escola, encontramos a permanência das teorias administrativas no campo pedagógico, adaptadas ao novo cenário econômico, através dos conceitos de flexibilidade, produtividade, eficácia, excelência, eficiência, criticidade, autonomia, entre outros.

O homem é responsável pelo seu sucesso ou pelo seu fracasso, pois ele dispõe de capacidade física e mental para garantir sua sobrevivência pelo trabalho.

O que muda na lógica do sistema é a passagem da especialização para a flexibilização do trabalho, visando que o homem possa gozar de sua autonomia e criatividade para solucionar possíveis problemas enfrentados pela empresa em que trabalha. Mas o entendimento de que o homem é um ser livre apenas para vender sua força de trabalho a quem e quantos quiser, se quiser, bem como a responsabilização do indivíduo pela sua situação econômica permanece intacta.

Cabe à escola “[...] permitir que todos, sem exceção, façam frutificar seus talentos e suas potencialidades criativas, o que implica, por parte de cada um, a capacidade de assumir sua própria responsabilidade e de realizar seu projeto pessoal.” (DELORS, 2010, p.10)

A escola deverá melhor administrar os recursos que já possui e encontrar recursos para garantir boas condições de ensino aos alunos, adotando o voluntarismo, o comunitarismo e demais estratégias de gestão para expandir a qualidade e expansão do ensino.

As avaliações do MEC e as notas atingidas pelas escolas e computadas pelo IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira) tornam as escolas competitivas entre si, uma vez que o IDEB estabelece um ranking das redes de ensino. Tal iniciativa justifica-se sob o discurso da transparência, a partir do qual a sociedade possui o direito de saber e até mesmo cobrar da escola a melhoria da educação, como se a responsabilidade pelos baixos índices de ensino fosse a própria comunidade escolar.

 

Considerações Finais

 

Seria esta a finalidade do modelo até então empregado porém, devido ao embasamento no viés de Paulo Freire e as insistente visões marxistas presentes no modelo de educação adotada pelo estado brasileiro, hierárquica, a Educação continuará a ser o meio para disseminar os ideais marxistas, a visão de estado paternalista, opondo este indivíduo ao empregador, tornando a Escola um ambiente favorável à doutrinação e admitindo o ensino técnico em paralelo. O indivíduo poderá ser um produto capaz de modificar sua realidade e da comunidade onde vive, dependendo das condições de mercado em que se empenhar e sua capacidade de resolução de problemas complexos.

Tornar esses cidadãos seres capazes de alterar sua realidade é, atualmente, possível apenas se houver uma coação, conjunto de fatores a favor, professores empenhados, apoio da comunidade em tornar a escola um ambiente verdadeiramente focado em educar por excelência e tornar os alunos seres críticos.