ENSINAR E APRENDER: O DESAFIO.

AUTORREGULAÇÃO: UMA POSSIBILIDADE

 

Sebastião Maciel Costa*

 

 

 

1.RESUMO

            Este artigo apresenta a perspectiva de a autorregulação da aprendizagem vir a se constituir  instrumento do educador e da escola, capaz de influenciar positivamente os aprendentes nos aspectos ético e social através da  reflexão dialogada quanto ao ritmo de assimilação de conteúdos e aprendizagem. Aponta diretrizes iniciais para professores conduzirem esse processo no contexto escolar, destacando a necessidade de se ter motivação para usar fluentemente: a vontade de aprender, superando limites, atribuindo-se uma disciplina de estudo e trabalho, como forma de alcançar a aprendizagem.

Palavras-chave: autorregulação, reflexão, assimilação,  aprendizagem.

2.ABSTRACT

             This paper presents the perspective of self-regulation of learning prove to be an instrument of the teacher and school, able to positively influence learners in ethical and social aspects through reflection dialogued about the pace of assimilation of content and learning. Points initial guidelines for teachers to conduct this process in the school context, highlighting the need to have motivation to use fluently: the willingness to learn, exceeding limits, assigning a discipline of study and work, in order to achieve learning.

Keywords: self-regulation, reflection, assimilation, learning

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 INTRODUÇÃO

            A juventude do nosso tempo vive em permanente conflito com a sua  própria formação que recebe pelos  meios de comunicação de massa, das redes sociais, dos sofisticados sistemas eletrônicos e da família, geralmente afeita aos desajustes decorrentes das pressões sociais que insistem em impor seu ritmo cada vez mais severo e implacável. Encontrar a coerência na formação de caráter e preservação de valores é complicado que tudo é paradoxalmente contra a cristalização dos princípios que fundamentam a família, a escola e a sociedade. Nesse debate, aflora um dos maiores desafios dos últimos tempos que fazer com que seja ensinado o que o aprendente pretende e seja aprendido o que o ensinante idealiza como sendo o melhor para esta e para as próximas gerações. A escola se propõe a ensinar, a família se propõe a educar: juntas, investem na aprendizagem do jovem. Nem sempre ele é consultado a participar para ser agente de suas mudanças em busca do crescimento. Primeiro ele precisa ter a VONTADE; aceitar o propósito de SUPERAÇÃO dos seus limites; assimilar a DISCIPLINA necessária à APRENDIZAGEM.

            O presente trabalho busca apresentar, através de embasamento teórico, a importância de uma consciência critica quando o que está em jogo é  sua capacidade de o aprendente se autorregular. Fundamentando atitudes amadurecidas quanto ao ritmo de avanço em busca do conhecimento. Além de apresentar diretrizes para o desenvolvimento da avaliação permanente do seu desempenho acompanhada de um diálogo reflexivo em sala de aula.

O DESAFIO DE ENSINAR

            A Escola como ente também responsável pela formação integral do indivíduo, busca intermediar conhecimentos e vivências  entre seus educandos criando meios que propiciem uma formação adequada.  É uma forma de auxiliá-los a repensar hábitos de estudos e de reflexões, ressaltando valores humanos. 

            A autorregulação da aprendizagem busca  compreender tanto a situação do aluno quanto de "medir" seu desempe­nho,fornecer-lhe indicações esclarecedoras, evidenciar ferramentas do êxito, uma avaliação que se consagre à regu­lação das aprendizagens, capaz de orientar o aluno para que ele possa situar suas dificuldades, analisá-las e descobrir ou operacionalizar os proce­dimentos que lhe permitam progredir.(Charles Hadji -2001).

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            Para que essa prática seja bem sucedida é importante que o educador se permita estar aberto ao novo, se desvencilhando do atraso pedagógico abrindo espaço para a curiosidade, criação, liberdade de ação e verbalização por parte dos alunos, em todos os momentos da aprendizagem. Os instrumentos de autorregulação de aprendizagem não terão o mesmo sentido e não produzirão os mesmos efeitos, conforme seu lugar nos diferentes momentos desse processo de construção de auto-avaliação como ha­bilidade (Hadji 2001).

            Ensinar é um processo que envolve indivíduos num diálogo constante, propiciando recursos temporais, materiais e informacionais para que se desenvolva a auto-aprendizagem. Nessa perspectiva o maior desafio das sociedades tem sido a busca de efetivação de um processo que paralelo à ação de ensinar, assegure o ato confirmatório do processo que visa ao aprender. Limitar-se a repassar conhecimentos confere um papel passivo  àquele que se diz “ensinante”. Cobrir determinados assuntos, privilegiar outros, rotula e engessa a ação da ampliação do conhecimento. Ensinar é fazer com que o “aprendente” se comprometa num questionamento constante de princípios e fundamentos, utilizando-se de estratégias de discussão de fatos sociais. É permitir-se passar por análises de argumentos e posicionamentos,  validando ou refutando valores cultivados em várias gerações, levando sempre em conta, o coletivo.

            Em uma perspectiva sócio-interacionista, é instrumentalizar os alunos para perceberem que já possuem um conhecimento que trazem de suas casas, para integrarem esse conhecimento com outro sistematizado na escola através de atos comunicativos com seus colegas e seus professores e para criarem novos conhecimentos individual ou coletivamente. A autorregulação da aprendizagem se configura nesse viés de reconhecimento das potencialidades e limitações de cada aprendente em função do que se pretende ensinar.  Ensinar perpassa pelo favorecimento de condições para que o aprendente desenvolva as condições básicas de domínio das diversas linguagens, da escrita, de modo a sistematizar o conhecimento manifestando-se tanto nas próprias limitações quanto na busca de superação para descobertas e criações. “Ensinar, não é inculcar nem transmitir, é fazer aprender”, e ninguém pode aprender pelo aluno. O “mestre” deve, na melhor das hipóteses,  criar as condições que facilitarão a atividade específica da aprendizagem dos alunos. Neste sentido, afirmamos que se o educador pode ser considerado como um arquiteto, a sua ação não estaria diretamente voltada

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para o aluno, e sim para o espaço no qual o aluno se constrói e aprende (Hadji, 1995, p. 140).

APRENDER: O ANVERSO DO DESAFIO

            Aprender é construir "seus conhecimentos e sua afetividade na interação" com outros sujeitos e "por meio de influências recíprocas que vão estabelecendo cada sujeito constrói o seu conhecimento de mundo e o conhecimento de si mesmo como sujeito histórico" (LOPES, 1996:111).

            Significa ser capaz de reelaborar e reconstruir conhecimento através da formulação de questionamentos, de análise e síntese das descobertas. O indivíduo aprende é ao ser capaz de dialogar com o seu interlocutor, seja ele o professor, o livro, o jornal, o programa de TV, o vídeo ou a página da WWW. Significa ser capaz de pesquisar com olhos inquisidores, orientados por inquietações que tragam contribuições ao crescimento individual e coletivo. POSTMAN (1996:45) chama a atenção para o fato de só poder existir uma comunidade democrática e civilizada, se as pessoas que aí vivem, fazem-no de forma disciplinada como participantes de um grupo e que, portanto, precisam aprender a viver em grupo, onde as necessidades individuais estão subordinadas aos interesses do grupo. Aprender implica a capacidade de construir significados, reconstruindo o passado e projetando o futuro.

            O processo de aprendizagem não pode ser tratado como algo isolado, único no espaço da sala de aula. Faz - se necessário que o trabalho educacional transcenda os muros da escola como prática educativa que enlace o contexto social do aprendiz, proporcionando-lhes condições que possibilite o desenvolvimento da capacidade de criar um conjunto tendo em vista um conjunto social que estar inserido assim como diz Libâneo (p.17, 2006).

            Todos devem estar alerta às constantes transformações que ocorrem no mundo para além das paredes da escola. Professores e alunos, precisam praticar entre si, o ato comunicativo, reconhecendo que esse ato é um ato de aprendizagem.  "... É preciso reconhecer que quero me comunicar, que quero trocar informações com alguém e que, nesta troca, vou me transformar, vou aprender" (KENSKI, 1996:135). O desenvolvimento em equipe implica  saber trabalhar de forma interdisciplinar.

            A informação e o conhecimento, a habilidade, a capacidade e a inovação que derivam disso dão poder às máquinas econômicas que governam o mundo e produzem os elementos fundamentais de qualquer negócio, agência governamental ou entidade econômica, seja de que natureza for. E mais, a informação não é um componente insignificante. Vivemos nossa vida em um mundo repleto dela.

            Aprender através da linguagem implica que se tenha um bom conhecimento da linguagem ou se  corre o risco de não compreender o que "ler" ou não se sabe

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"escrever" sobre o que "ler". Aprender por experiência permite a manipulação da realidade, agindo e percebendo os resultados da nossa ação. Os alunos terão maior motivação para aprender e para estudar, pois com a experimentação e a simulação seguidas da reflexão estarão aprendendo mais do que apenas através da abstração. O professor deverá ter ideia do modo  pelo qual um aluno consegue efetuar a sua aprendizagem. (Reboul, 1984, p. 62),

                        A sociedade se depara em nossos dias com a preocupante realidade da degradação de valores educacionais que conduzam a horizontes positivos. É a desarticulação das linguagens, das culturas, das práticas sociais onde manda mais quem pode mais em detrimento do pensamento de que MANDA MAIS QUEM SABE MAIS. Esse confronto de queima de arquivo das instituições sociais historicamente responsáveis pelo equilíbrio social como a família, a igreja, a escola e a sociedade

leva o aprendente a não querer aprender. O ensinante  a não acreditar no que ensina pela prática de contra-valores que determinam para a juventude que não precisa aprender para vencer na vida. “De tanto ver vencendo as nulidades o ensinar e o aprender perderam a razão de ser, de valer, de decidir. Resistem, apenas.”

             O professor torna-se um mediador entre o ensino- aprendizagem, ele que irá fazer a estrutura do ensino e solidificar a aprendizagem. A auto regulação de aprendizagem por parte do aluno será um suporte para ação conjunta professor-aluno (ensinante-aprendente) enquanto funcionará como uma eficiente ferramenta à motivação, elemento vital para o alcance da aprendizagem. O conhecimento é adquirido a partir do que o aluno não sabe ou é incapaz de aprender sozinho, no qual o professor deverá ativar sua competência a fim de buscar habilidades e desenvolver conteúdos, tornando-os mais próximos possíveis da real situação do aluno, para que ocorra uma aprendizagem de maior qualidade. Por isso o papel do educador não é transmitir ao educando uma visão de mundo ou lhe, impor, mas dialogar para problematizar a realidade do educando. O conhecimento novo é construído no sujeito a partir de seu conhecimento anterior (prévio/antigo, seja para ampliá-lo, seja para negá-lo). “Não se cria a partir de nada; ninguém conhece algo totalmente novo” (Vasconcellos, pátio 2009, p: 45).

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Diante das dificuldades de os alunos se apropriarem da vontade de fazer, como forma de apreender os conteúdos trabalhados é que se concebe esta atividade como uma ferramenta inédita e experimental, prometendo, de antemão, que a vontade de fazer melhor, reforça a teoria sequencial da proposta      que atribui ao aluno, a responsabilidade de procurar identificar seus ganhos, avanços, procrastinações.

            O objetivo de qualquer professor é, ou deve ser, fazer com que os seus alunos aprendam. Para isto, são exigidas várias competências. Entre outras coisas, o ensino demanda um domínio mínimo da(s) disciplina(s) ensinada(s). É necessário também que se tenha algum conhecimento das características psicológicas ou psicossociológicas dos alunos. Enfim, e sobretudo, o professor deverá ter ideia do modo  pelo qual um aluno consegue efetuar a sua aprendizagem. Como salientou com presteza Olivier Reboul (Reboul, 1984, p. 62), “ensinar, não é inculcar nem transmitir, é fazer aprender”, e ninguém pode aprender pelo aluno. Os verbos “inculcar” e “transmitir” têm a dupla desvantagem de dar a entender uma visão redutora do papel do professor, fazendo dele aquele que se limitaria a modelar o aluno ou aquele que passa (ou coloca nas mãos do aluno) um objeto externo, neste caso o saber. Essa visão também subestima a atividade específica daquele que aprende, reduzindo-o a um sujeito, de certo modo, passivo. Então, o que o “mestre” pode fazer, na melhor das hipóteses, é criar as condições que facilitarão a atividade específica da aprendizagem dos alunos. Neste sentido, afirmamos que se o educador pode ser considerado como um arquiteto, a sua ação não estaria diretamente voltada para o aluno, e sim para o espaço no qual o aluno se constrói e aprende (Hadji, 1995, p. 140).

            Conseguindo “adquirir” a vontade de mudar para melhor, na prática do estudar a autoregulação por parte do aluno devolve para ele mesmo, toda a responsabilidade por um processo que há muito vem sendo discutido, reinventado e executado por educadores e estudiosos que muitas vezes se tornam impotentes diante a indiferença com o que o aluno recebe, apreende e repassa os conteúdos trabalhados. “Pedro não sabia ler. Pedro estava envergonhado. Um dia Pedro foi à escola e se inscreveu num curso noturno, O Professor de Pedro era muito bom. Agora Pedro sabe ler. Veja o rosto de Pedro (essas lições em geral são ilustradas). Pedro está sorrindo. Ele é um homem

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feliz. Ele tem um bom trabalho. Todos teriam que seguir o seu exemplo” (FREIRE -Pedagogia do Oprimido).

            Esta é uma das razões pelas quais a proposta de autoregulação fornece possibilidades de o aluno por si mesmo, enquanto aprendente, de remontar seus arquivo, de reler suas entrâncias,de reformar seus ideais e, vencer a acomodação, a preguiça, a má vontade e partir para novos passos ainda que lentos e pequenos. É se duvidando coletivamente, é anotando reforços e pendências que, a turma apoiará esse repassar de anotações, para uma retomada na  aula imediata, num novo discurso, numa nova leitura, numa nova versão. E o trabalho de reconstruir o repertório dos símbolos da produção de

sentenças, frases, tópicos e parágrafos já é, por si, um começo do trabalho de aprender.

            O aluno declara-se disposto a estudar, desde que não seja em sala de aula. Ele deseja se posicionar de forma diferente diante da turma e da família, como uma nova revelação de resultados positivos. Isso não ocorre. Pelo contrário: acirra os ânimos das tentativas de adultos buscando promover no aluno essa revolução no discernir entre o que é estudado e a aprendido e o que é ensinado e não assimilado.

            Assumindo “a vontade” de reconhecer suas limitações, suas omissões, seus hábitos, o aprendente ganha novo status: ele agora  reconhece as limitações e parte para a busca de superação dessas amarras que o impedem de avançar,  enquanto pessoa, enquanto pensador, enquanto cidadão. Perpassada a fase do querer aprender, parte-se para o rol de desafios que precisam ser superados a qualquer custo. “Os educadores só se preocupavam com a aprendizagem quando a criança parecia não aprender”, (Emilia Ferreiro) A  autoregulação não trata do fasto de que o aluno não aprende. Ele precisa aprender que aprender é conquistar autonomia sobre o que se quer, sobre o que não se quer mas que precisa ficar evidenciado em todas as esferas do conhecimento:-

            A autoregulação é o processo de regulação feita pelo aluno no processo da aprendizagem, ou seja, denota-se deste a responsabilidade de seus caminhos no processo de aprendizagem. Para Zimmerman (2000) a autoregulação ocorre a partir do momento em que se fazem “representações gerais de si mesmo, seus sentimentos e ações que são planeadas e adaptadas de maneira recorrente em função do que se pretende atingir como objetivos pessoais” (apud Laveault, 2007, p. 210, nossa tradução). Neste viés, Laveault (2007), refere que a autoregulação não se restringe apenas em assinalar sentimentos e ações. A autoregulação também tem a ver com o que se acredita em torno de diversas situações que podem originar dúvidas ou receios de acordo o contexto em que nos encontramos. Ainda segundo refere este autor, a dimensão atribuída a autoregulação é proporcional ao grau de interiorização do que

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subentende o conjunto das nossas ações. Com efeito, se faz importante considerar que as estratégias da autoregulação quando colocadas em evidência, na busca de objetivos, ativam o sistema de recompensa. Para tanto, é essencial assinalar que, "torna-se mais fácil ajudar um aluno a atingir seus objetivos do que o obrigar atingir os do professor. No primeiro caso, o aluno saberá dar prova da sua autonomia com a ajuda mais ou menos do professor. No segundo caso, na aquisição da sua autonomia é virtualmente impossível" (Laveault, 2007, p. 213, nossa tradução).A dimensão que se apresenta parece relevar à importância da responsabilidade partilhada no processo ensino/aprendizagem em que o aluno se vê envolvido com os objetivos que sustentam o ciclo de formação. Na medida que o aprendente, ao final de duas aulas, pode declarar suas dúvidas, abrindo novas discussões sobre o mesmo tema, abordado de formas diferentes, ele está tendo a oportunidade  de avaliar suas próprias convicções, sua disposição para a conquista e sua vontade de melhorar o aprender. A aprendizagem da autoregulação pode derivar de várias abordagens, entretanto, Laveault (2007) as sintetiza na categoria da “(1) auto-determinação; (2) aquisição de controlo de si mesmo e, (3) desenvolvimento de self” (p. 213, nossa tradução).Hadji (2011) ao subsidiar à reflexão também alinha na direção de que, a autoregulação, sendo uma das funções da avaliação formativa, é um dos mecanismos do processo cognitivo caracterizado pela capacidade de estar a nível do individuo podendo controlar suas atividades ou aprendizagens. Com isso, à autoregulação não depende unicamente a sinalização de uma dimensão, há que considerar condutas ao longo de um processo de desenvolvimento. Segundo lembra este autor, a autoregulação vista na perspectiva construtivista valoriza as interações sociais tendo em conta a regulação. Isto implica dizer que a autoregulação pode ser definida como “a capacidade, […] poder que «se enriquece» proporcionalmente ao controlo que o sujeito assume sobre os seus mecanismos primordiais de controlo cognitivo” (p. 46). Hadji sinaliza que no processo de ensino/aprendizagem, apostar na autoregulação seria a forma racional se não mesmo a única forma racional que os professores deviam investir em suas atividades. Esta é a postura ou deveria ser a postura do professor que efetivamente pretenda ajudar seus alunos a aprender, mostrando-lhes os melhores caminhos a serem percorridos entre a vontade de aprender, a superação dos seus limites, com a necessária disciplina a monitorar todas as etapas do trabalho de aprendizagem.

            Estudando-se os elementos textuais, constata-se que o aluno do 9º ano já ouviu falar em texto, em tessitura, em textura; em contexto, intertexto, pré texto e até o hipertexto. Mas, na prática, ele é ainda é incapaz de conceituar, situacionalizar,

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operacionalizar de forma coerente com o seu dia a dia, com a sua rotina, com os seus afazeres próprios da idade e do meio em que vive.

            Com a experiência do Box, que consiste em “amarrar” situações que ficam nos extremos de aulas e de atividades como forma de assegurar um sequenciamento, o aluno, por mais ingênuo, disperso e desmotivado que seja, ela prefere entender logo, tirar suas dúvidas de imediato e, aí entra o colega despojado de vaidades que se esforça, se esgueira para “explicar” o que o professor não conseguiu já que o aluno não estaria aberto a novos conteúdos. Por meio de um colega, o Box acelera o passo da autoregulação de aprendizagem com vistas às avaliações.

ESTRATÉGIAS E PROCEDIMENTOS:

            Inicialmente, na disciplina de Produção textual da 8ª série do Ensino fundamental serão desenvolvidas atividades como  laboratório da experiência que se pretende implantar, no segundo semestre de 2013, numa Unidade Escolar da Rede Particular de Ensino do Sistema Estadual. Quatro palavras serão trabalhadas pelo professor e seus alunos: vontade, superação, disciplina e aprendizagem. Analisados, cada termo será visto como uma sequência de procedimentos que levará ao objetivo do aprender.

            A partir desse pacto de reconhecimento desses valores, sempre aos 80 minutos das duas aulas semanais geminadas, o esquema de aula será interrompido e, democraticamente, os alunos vão listar os pontos que durante a aula apresentaram complexidade na compreensão e assimilação. No quadro-pincel, serão registrados todos os pontos que os alunos apontaram como merecedores de revisão, exercício de fixação, ou outras formas de exemplificar. Todos os alunos listam os pontos em seus cadernos fechando os seguintes compromissos:

a)      Aos alunos a promessa de pesquisarem, estudarem os pontos para a próxima aula;

b)      Ao professor, o compromisso de trazer através de novos meios de transmissão, novos recursos, mídias, vídeos, apostilas, sites, outras maneiras de sanar todas as dúvidas existentes.

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Essa experiência será repetida até a semana que antecede à avaliação do bimestre. Uma vez que, nesta última semana, o processo se inverte: o professor, ao final dos 80 minutos lista no mesmo espaço, no quadro, que assuntos foram privilegiados no o bimestre e que são pré-requisitos para o sucesso da avaliação e condição satisfatória para o avanço sequencial dos estudos dos próximos bimestre.A entrega do boletim, que no III bimestre é com a família, haverá o encontro de pais, alunos e o professor, para através de dados, provar a todos que a capacidade de se autorregular forneceu ao aluno o senso crítico de suas conquistas e resultados positivos para todos. A experiência prosseguirá até o final do ano com um diferencial: nas últimas semanas de efetivo conteúdo, o professor fechará o Box, com os pré-requisitos para promoção do aluno para a próxima série – 1º ano do Ensino Médio.

A concepção de “Box” para a presente proposta se reporta à história de longos espaços de tempo onde Box (caixa) encerra a local seguro, destacado, reservado para a reflexão do aprendente diante do recebido do ensinante. Implica dizer que o aluno que põe na caixa, no Box, as pendências do bloco de aulas e/ou conteúdos, de pronto ele assume um papel preponderante na responsabilidade coletiva que é o ensino-aprendizagem: identifica defasagens, socializa entendimentos, amplia oportunidades e auto-avalia suas potencialidades.

Aos poucos, a cada conquista, o aprendente elastece sua auto-estima, impõe-se diante da turma, do professor, da escola, da família e de si mesmo. Evidente que não basta o link estabelecido entre aulas e conteúdos correspondente, evidente que tudo vai depender da seriedade com que professor e aluno (ensinante e aprendente) imprimem no processo de troca de experiência e valorização dos equívocos para saltos mais valorosos em busca da aprendizagem e do conhecimento.

Vale ressaltar que a proposta responsabiliza o aluno enquanto auto-avaliador; o professor, enquanto agente de um processo e ponta do mesmo; a família como co produtora do incentivo ao estudo, à revisão e ao dever de casa e a escola como nicho da discussão, fórum dos debates, espaço democrático onde ocorre o crescimento verticalizado do que antes era apenas um mito: aprendem, os mais dotados.

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Na verdade, aprendem todos e quaisquer que  despertaram e pretendem mudar seu ritmo, seu status, se espaço, visibilidade. E parece óbvio que uma Escola da Rede Particular de Ensino reforce a lógica de que quem paga tem que aprender. Afinal, este é o papel primeiro da escola.

 

CONCLUSÃO

Para que o aprendente queira avaliar suas conquistas e o ritmo do seu tempo de aprender, ele precisa sentir que o ensinante tem plena  consciência crítica do porquê de ensinar determinados conteúdos e valores, provando que a vida vai utilizar-se desses conhecimentos como instrumentos para sair-se bem no grande desafio de viver em uma  sociedade altamente competitiva.

            A autorregulação de aprendizagem do aprendente tem que ser reflexo da dosagem exata de conteúdos postos em estudo, numa permanente associação entre o que a escola ensina e o que efetivamente prepara o aprendente para a vida. O ensinante precisa estar preparado, organizando-se através de um projeto claro e objetivo e se desvencilhando  de qualquer tradicionalismo que ignore o mundo que o aprendente traz em si e joga para análise em sua prática, para assim conquistar atenção e interesse de seus alunos para que possa dessa forma através de leituras e reflexões dialogadas, reestruturar os sentimentos, valores e atitudes de seus educandos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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REFERÊNCIAS

 

Hadji, Charles. Autorregulação da aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2001

LIBANEO, José C. Democratização da Escola Pública, a pedagogia crítica dos conteúdos. São Paulo Loyola, 15ª ed. 1985.

 

OLIVEIRA, Martha Kohl, de Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio- histórico/ Martha Kohl de Oliveira. – São Paulo: Scipione, 1997

 

PIAGET, Jean, 1896 – Para onde vai à educação? Tradução Ivete Braga, 8ª ed. Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1984.

 

VASCONCELLOS, Celso dos Santos, PERRONE Vito, Ivan iz, pátio, revista pedagógica (Desvendando a aprendizagem) Fev/abr 2009, nº 49.

(*)

DADOS DO AUTOR:

Bacharel em Administração de Empresas com especialidade em Planejamento Educacional

Atualização em Letras EAD com especialização de Língua Portuguesa e Produção Textual

Mestrado Livre em Comunicação Social e Desenvolvimento Sustentável

Mestrando em Ciências da Educação – Evolução da Gestão Pedagógica

Universidade Europeia no Brasil –UNIEUBRA – Polo de Ilhéus Bahia

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