Feito por Edilce Teresinha de Barros Miercalm

Ensaio sobre:  A afetividade e a superação da dificuldade na aprendizagem

Nos últimos tempos muito tem se falado sobre as dificuldades de aprendizagem que as crianças enfrentam na escola, no entanto pouco se perguntado sobre o que se pode fazer para superá-las.

Sabemos que as crianças com dificuldades não são crianças incapazes. Dificuldade não é sinônimo de incapacidade. Dificuldade segundo o dicionário Aurélio online significa: Qualidade do que é difícil./ Impedimento, obstáculo / apuro, aperto.

Muitas vezes a criança com dificuldade de aprendizagem é rotulada, sendo chamada de “incapaz”, de “perturbada” ou “retardada”. Conseqüências provenientes desse tipo de atitude levam a criança a se sentir desmotivada, com a auto-estima em baixa e os conflitos emocionais causados pelos rótulos impostos muitas vezes por colegas e professores interferem no seu rendimento e na aprendizagem.

A afetividade influencia muito nas atitudes da criança. Se as mesmas recebem um incentivo carinhoso durante toda a vida tendem a ter atitudes positivas tanto sobre a aprendizagem quanto sobre elas mesmas e por isso é muito importante considerar que fatores emocionais e afetivos influenciam a aprendizagem tanto na interação quanto na atenção e podem estar associados à falta de concentração e também no comportamento dos alunos.  Sabemos que é difícil equilibrar controle e liberdade, autoridade e afetividade dentro do ambiente escolar, mas este equilíbrio é necessário porque também os limites são importantes. Isto tudo não quer dizer que o aluno tenha que encarar o professor como um sujeito de poder em sala de aula, mas que se crie um ambiente de relações justas assumindo o caráter formador do espaço pedagógico.

É importante que o professor olhe para seu aluno de uma forma mais humana e próxima, considerando o contexto em que está inserido e também as diferenças encontradas em sala de aula para que a educação se desenvolva em sua totalidade.

Quando se constrói um ambiente de confiança e incentivo, as relações são cordiais e a convivência é aberta, carinhosa, tolerante e dentro das regras de organização da sala de aula favorecendo um aprendizado de melhor qualidade, neste sentido o professor pode e deve exercer sempre a sua autoridade, inclusive no sentido de estabelecer regras.

Segundo Vygotsky (1989) o auxilio prestado a criança em suas atividades de aprendizado é válido, pois aquilo que a criança faz hoje com o auxilio de um adulto, de um colega mais velho ou aquela pessoa que sabe do assunto tratado, amanhã ele fará sozinho. Dessa maneira o autor enfatiza o valor das interações e das relações sociais.

De acordo com os estudos de Wallon (1972), a escola como ambiente de democratização dos saberes, deve levar em consideração não apenas métodos e conteúdos, mas também o trabalho com o respeito e com as emoções individuais  e com isso a afetividade se torna o ponto de partida para o desenvolvimento de todos os aspectos: físico, social, intelectual e emocional.

Assim, faz-se necessário enfatizar que para conviver no cotidiano escolar com uma diversidade de alunos e suas dificuldades relativas a aprendizagem o professor deve ser um eterno aprendiz, sempre na busca de soluções e alternativas que facilitem a aprendizagem dos alunos em favor de uma educação de qualidade, e parafraseando Vigotsky(1989) devemos auxiliar os alunos em suas atividades de aprendizagem, sendo o mediador, hoje no que ele ainda não sabe fazer sozinho, mas que amanhã será capaz.

Referências:

AURELIO. Dicionário. Dificuldade. Disponível em: <http://www.dicionariodoaurelio.com> Acesso em: 19 dez. 2013.

VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989. 168p. (Coleção Psicologia e Pedagogia. Nova Série).

WALLON, H. As origens do pensamento na criança. São Paulo: Manole, 1989.