O Ensaio Filosófico Sobre a Dialética das Fonias e os BRICS

O que nos leva ainda a recordar dos grandes espíritos, como: a tríade de Mileto, Tales-Anaximandro-Anaxímenes, a dupla de Eleia, Parmênides-Zenão, Heráclito de Éfeso, a tríade de Atenas, Sócrates-Platão-Aristóteles, René Descartes, Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Isaac Newton, Albert Einstein, Immanuel Kant, Friedrich Hegel e Nietzsche, Karl Marx, Sigmund Freud, Jean Baudrillard, Jean François Lyotard, Bauman, Gilles Lipovetsky, Luiz Filipe Pondé, Leandro Karnal, Clóvis de Barros Filhos, Mário não só Quintana como também Cortella, Cheick Anta Diop, Molefi Kete Asante, Achille Mbembe, Chinua Achembe, Brazão Mazula, Severino Ngoenha, José Castiano e tantos outros que a Ciência arroga-se o direito de interpretá-los, não são as respostas que eles deram e/ou dão mas sim, são as questões do Mundo que colocam sobre o Mundo.

As respostas dadas por esses espíritos, na maioria das vezes, dependeu e ainda depende não só do coração, (lembrai que, foi por meio de Pascal que, soubemos que, o coração tem razões que a própria razão desconhece), como também, são respostas que florescem em função da afectividade. (Não foi acusada a ética kantina de ser a "ética do quarto", por ter seu núcleo duro, o indivíduo, acima de tudo, o "desinteresse"?) e também dependem das circunstâncias não só políticas, sociais, económicas como culturais vividas por esses espíritos.

São respostas condicionadas pelos paradigmas dominantes como diria Khun, mas paradigmas que obedecem menos aos critérios lógicos - científicos, senão mais aos critérios ligados ao poder, como nos legou Foucault da Microfísica do Poder.

Há um autor que por já recordo menos do seu nome, mas é necessário trazê-lo aqui por ter dito que "se quiser compreender melhor para que lado vai o mundo não pergunte aos políticos, mas questione aos filósofos".

Mas porque?

Nas linhas que se seguem, apresento raciocínios que julgo serem necessários, embora não tão suficientes, para responder a questão acima e tantas outras questões que intentam asfixiar o fôlego que agita aminha reflexão o. Quiçá a si também!

Não seria inoportuno começar reforçando que, não devemos sim questionar aos políticos sobre para onde vai o mundo, porque os políticos descrevem o mundo em função do conveniência, da obviedade e nunca na base da vida real dos indivíduos que se ensardinham nas favelas.

Seus discursos cheiram aromas de sofismas, até porque todos os políticos sem excessão, são capazes de prometer construir uma ponte em Cuando Gubango (Angola) até onde não há rios. Não são os mesmos políticos que forçam a juventude moçambicana a saltar por cima de riachos quando há uma ponte de lado do rio Save?

Os políticos interpretam o Mundo com base no ar condicionado da ponta vermelha e não em função do ambiente poluído vívido por aldeões. Pelo povão. O sofredor. Por isso, quem sim, quiser compreender melhor o aperfeiçoamento dos Direitos Humanos em Ruanda, por exemplo, não deve guiar-se com base na visão de Paul Kagame, porque ele terá uma visão deturpada e desnutrida de humanismo - por ser uma visão provinda não só dos olhos de quem está no topo do Poder, como também, de quem permite a violação dos direitos humanos e acima de tudo, por ser uma visão fecundada pelos áres da Capital do Ruanda, Kigali e não das periferias.

Notou porque não devemos questionar aos políticos sobre por onde o mundo vai?

Sim, não devemos questioná-los, porque todos os políticos consideram o seu umbigo como parte mais interessante de todo um corpo, sem saber que, como diz Azagaia (músico moçambicano) "o nosso corpo é tão valioso que não devemos apenas pensar no nosso umbigo". Não será por acaso que devemos sempre acordar cedo, pois não é bom ter a cabeça ao nível dos pés.

Aos filósofos devemos questioná-los porque embora realistas (Aristóteles, Maquiavel Stuart Mill, etc.), eles são capazes de atiçar sua cognição baseando na realidade vivida rumo à transcendência. Não será a República de Platão, a Utopia de Thomas More e o Manifesto sobre a Terceira Via (República) de Ngoenha e Castiano, o acúmulo de imaginações de uma cidade que não existe mas que deve ser o modelo de todos as cidades terrenas? Não será? Quê me responda num outro fórum, por agora, eu falo e meu prezado leitor me escuta. Estou soando arrogante? É problema seu. Ouviu? Se não quiser continuar, o que perco? 

Os filósofos têm dentro de si, um Mundo das Ideias, habitado pelas mónadas de Leibniz, atormentado pelo fogo de Heráclito, aquele fogo do inferno de Dante Alighieri. Um Mundo que, acolhe também o Daisen de Heidegger que embora seja autenticado pela morte, a sua existência é nadificada pela morte (Sartre).

Acima de tudo, os filósofos têm dentro de si, um Mundo dotado de maior consciência de liberdade, (aliás, não é sem fundamento a pretensão que Platão tinha ao almejar que a República fosse governada por filósofos).

E, a soma das acções dos espíritos dotados de maior consciência de liberdade reforçam a efetivação de um Estado absoluto com sua soberania consolidada, Estado tanto aplaudido por Hegel (espírito dotado de maior consciência de liberdade) ao ponto de defender a dissolução e a nadificação dos indivíduos no Estado razoável, Estado tanto defendido por Heidegger ao ponto de ver no Adolfo Hitler, uma autêntica renovação do Estado Alemão.

Esse Estado tem um nome. E, o seu nome é Europa. Assim, a Europa, porque idealizada por espíritos conscientes da sua liberdade e, porque estava tão excitada por não ter atingido orgasmos durante séculos, a Europa resolveu iniciar uma grande aventura lançando-se ao alto mar com destino ao corno da África.

Mas porque para atingir orgasmo feminino é necessário agitar apressadamente os clitóris, a Europa resolveu penetrar ao fundo do corno da África. Foi o que aconteceu. A Europa penetrou no corno da África e penetrou-se "lá mesmo". É isso mesmo que meu caro ouviu, a Europa penetrou-se "lá mesmo".

Assim, quando os reis e as rainhas dos Estados africanos, como por exemplo, Samuel Maherero (Namíbia) e Nzinga Mbandi (Angola) tentavam amedrontar com as pêles de animais ferozes, a Europa consciente da sua liberdade, não pousava no luxo de esquecer a sagacidade de Zaratustra que é replicada por Clóvis de Barros Filhos nas suas requisitadas palestras.

Eis a sabedoria de Zaratustra no pensar de Clóvis, agitada pelo autor deste texto: "Não recue nunca, ó Europa. Mesmo se for para pegar algum impulso. Nunca para atrás. Porque a África está cheia de gente querendo te penetrar. Sua bosta".

Estas vozes atiçaram a vontade da Europa de continuar a agitar os testículos dos reinos africanos. Por isso foi possível ver a Europa como berço da civilização ocidental, civilização precipitada não só pela revolução industrial, como também francesa. Foi por intermédio dela que, em 1776, houve a declaração da independência dos Estados Unidos de América na Pensilvânia.

Uma independência que agitou os espíritos europeus e que, por conta disso, em 1789 a França sentiu-se no "dever" de retirar a burguesia barriguda no topo da governança por meio de uma sangrenta revolução justificada com base nos princípios da Liberdade, Solidariedade e, Igualdade.

A par disso, volvidos sete anos depois, Kant publica o seu tratado sobre a "Paz Perpétua", publicação antecedida pelas análises cuidadosas feitas por Kant sobre a (im) possibilidade da pacificação dos espíritos humanos em plena convivência social. Pois, com a independência dos EUA, Kant espelhou logo o perigo da efectivação da dominação do Mundo por uma só Nação.

Mas, porque o Mundo resistiria à dominação dos Estados Unidos de América com muita raiva, então, Kant traçou linhas mestras que levariam o Mundo a convivência pacífica. Essas linhas mestras, em última instância é o que Kant chamou de "Paz Perpétua".

No entanto, depois de cinco séculos brincando com os testículos dos africanos, a Europa resolveu regressar a casa toda mas toda ela molhada de orgasmos alcançados no corno da África e, quando chega à sua, a Europa passou num "relaxamento total", o que a possibilitou instaurar uma vida de bobeira, usufruindo o ócio dos gregos clássicos.

Vivia a Europa numa plena burguesia barriguda, (não é por acaso que a Europa não passa de um Mundo velho). Note que,  a burguesia não é mais do que, a criação de barrigudos, e o exemplo mais notável da burguesia não passa também daqueles políticos africanos que engordam emagredendo o Povão africano, não só, como também, fornicam às crianças africanas desnutrindo-as descaradamente, enquanto investem bilhões de dólares em Dubai com o capital resultante das contribuições do Povo africano. E, isso é no mínimo muito o intrigante. Pelo menos, para pessoas racionais como eu. 

O regresso da Europa consumou-se levando com consigo grandes mentes brilhantes africanas, o que possibilitou a lavagem cerebral das mesmas, mentes não só de Cheick Anta Diop, mas também de Molefi Kete Asante, dizem que esse último é já um afro-americano. Ngoenha (filósofo moçambicano) já esteve lá (Roma, Paris e Genebra) onde regressou feito grande conhecedor da historiografia do corno da África, logo, um autêntico merecedor de vénias e likes por parte das académias dos PALOP.

Portanto, julgo necessário reforçar que, a Europa consciente da sua liberdade, ergueu um Estado absoluto com uma soberania consolidada, o que de grosso modo, levou a Europa a formar os partidos políticos.

Dito de forma simplória, a Europa, primeiro instituiu o Estado (a totalidade da eticidade dos espíritos) só mais tarde, veio a formar os partidos políticos, uma lógica que não se aplica quando se analisa com sinceridade a África, pois, em África, primeiro formaram-se os "gloriosos"  partidos políticos e só depois nasceram os Estados africanos.

Está lógica, faz com que, os líderes  africanos sejam concebidos com "absolutos", com estatutos partidários "soberanos", resultantes dos Congressos nacionais, facto que leva os indivíduos na sua maioria esmagadora jovens a defender os partidos políticos (principalmente, os partidos políticos que se arrogam o mérito de libertadores dos Estados africanos) em detrimento do Estado.

Daí, sucede que, por terem uma supremacia em êxtase, os partidos políticos em África, acabam deteriondo a economia do continente e com isso, engrandecem ora Europa que outrora mastrubou o corno da África, ora países do Médio Oriente, como Dubai, o grande paraíso fiscal do planeta que actualmente acolhe maiores hotéis dos políticos africanos, construídos com erário público, resultante dos impostos que o povão africano canaliza aos Estados africanos em gesto de contribuição.

No entanto, como avancei, a Europa chegou onde está actualmente, (ostentando e sim de forma justa), à génese da civilização ocidental pelo facto de, nela primeiro, existir um Estado absoluto, Estado que viu nascer os partidos políticos.

Os Estados na Europa são da humanidade, pois resultaram da conjugação dos esforços dos espíritos (pensadores) dotados de maior consciência de liberdade, por isso, na Europa  nenhum partido político arroga-se o direito da paternidade do Estado, ao passo que, na África, os Estados são dos partidos políticos "libertadores" e não de todos. Em África, quem ousar militar ideologias políticas adversas das dos "libertadores" é marcado como inimigo da Nação e aquele que milita o partido político no poder mesmo que saqueia o Estado é recompensado com cargos de chefia. Por isso, em África as competências são combatidas e a corrupção é aplaudida.

Por exemplo, enquanto, o Estado angolano é uma propriedade privada (John Locke) do MPLA, só por ter "expulso" o opressor colonial português, a FRELIMO em Moçambique, acomoda-se no direito de ser a padroeira do Estado moçambicano, como se vulgariza, só porque ela esteve na vanguarda da libertação do Estado do jugo colonial português e, tantos outros partidos políticos da África não oriental como também ocidental que são supremos que a própria África.

E, Os Países Emergentes - BRICS?

Como avencei, a Europa quando pensou em regressar a casa, levou consigo mentes africanas brilhantes e deixou não só para África suas línguas (inglês, francês e português) como também, sua religião (cristianismo).

Suas línguas foram acarinhadas ao ponto de serem incorporadas em organizações internacionais, o que de facto, chamo de dialética das fonias. O ponto essencial deste pequeno ensaio.

Dialética, porque estamos não só perante a desconstrução para a construção de algo novo, mas também, por estarmos diante do desdobramento do pensamento mediante uma lógica tríadica baseada na tese (língua inglesa) antítese (língua francesa) e síntese (língua portuguesa) E, fonias, pelo facto de, as línguas europeias veneradas em África serem agrupadas, claro, por iniciativa da Europa, numa lógica tríadica, como: anglofonia - o conjunto de países falantes da língua inglesa, francofonia - que envolve os países que têm o francês como língua oficial e, lusofonia - que constitui o grupo dos países que consagraram o português como língua oficial.

Note que, nessa dialética das fonias, nem a Rússia muito menos a China têm espaços para reivindicar suas vontades de incorporar suas linguas, porque quando a Europa dividia o corno da África na Conferência de Berlim, esses países nem tinham fôlego, porém estavam se preparando. Aí começa o problema, o qual equaciono com base nos pressupostos que a seguir apresento. Preparado? Então, vamos.

Quando a Europa fornicava a África, a Rússia e a China estavam se preparando. Só que, actualmente aparecem como emergentes, congregando uma corporação económica que não só põe em causa a otanização da da união europeia, como também, desafia a hegemonia da dolarcratização e a finançocracia dos Estados Unidos de América. É assim que surgem a BRICS - abreviatura dos termos em inglês: Brazil, Rússia, Índia, China e South Africa. 

Assim, BRICS, é um mecanismo actualmente constituído por cinco países chamados de emergentes como: Brasil, Rússia, Índia, China e África de Sul. Esse mecanismo tem peso econômico que pode abanar não só as grandes fonias europeias e também o Pentágono dos Estados Unidos de América. Não se trata de um bloco econômico, como FMI (Fundo Monetário Internacional) por exemplo, ou uma instituição internacional como OMS (Organização Mundial da Saúde) mas sim, um mecanismo internacional que simbolicamente ostenta um agrupamento não formalizado, ou seja, burocraticamente não tem princípios e nem cartas como as da ONU (Organização das Nações Unidas). Mas cuidado Europa otanizada.

Foi em 2001, que aproveintando-se das primeiras letras iniciais dos quatro países considerados emergentes, que detêm o invejável potencial económico que pode superar as grandes civilizações mundiais no máximo de 50 anos, o economista Jim O'Niel formulou a expressão BRICs, com "s" minúsculo no final para designar o plural de BRIC.

Com o passar do tempo, aquilo que parecia ser um pequeno agrupamento de países insignificantes porém emergentes, passou a ser um mecanismo internacional a partir de 2006, quando Brasil, Rússia, Índia e China decidiram dar à expressão BRICs o estatuto diplomático, na Assembleia Geral das Nações. Facto que levou o Mundo democrático a considerar essa postura como um grande desafio a ultrapassar. Uma autêntica insurgência socialista contra a dominação da democracia capitalista.

A partir de 2011, depois de longos anos de súplicas por parte daquela que é actualmente a maior economia não só da África Austral como do corno da África, os BRICs decidiram acolher a África de Sul. E, a expressão BRICs passou a ser chamada BRICS com "S" maiúsculo no final para designar o ingresso do novo membro, África de Sul. O "S" vem do país em inglês: South Africa.

Os BRICS, como garantem os estudos que tenho em mão, detêm mais de 21% daquilo que chamamos do PIB Mundial, facto que leva os países BRACS a tornarem-se os que mais crescem no Mundo. Representam 42% da população Mundial possuindo 45% da Força de Trabalho (nesses 45% da força de trabalho, incluem trabalhadores moçambicanos que oferecem suas forças de trabalho de forma barata nas minas do país de Rand, por falta de políticas humanas por parte do Estado moçambicano). A par disso, os BRICS, são o maior poder de consumo a nível do planeta. Até porque, a África já não se lembra dos simulacros importados do Ocidente otanizado e de América dolarcizada, porque, a China faz  e irá fazendo a questão de exportar de forma barra para África até agulha - produto mais insignificante, que a África não consegue fabricá-lo internamente por falta de políticas alternativas. Os BRICS, emergem com uma grande teleologia de dominar o Mundo assim como a Europa fez quando os BRICS adormeviam num sono dogmático.

O co-fundador da República Popular da China, Mao Tse-Tung, legou aos espíritos da China, a expansão do traço linguístico tibetano, isto é, o chinês ao Mundo no período de 70 anos, só que Xi Jinping (actual presidente da China) parece acelerar a materialização daquela utopia, ao conseguir obter aceitação em quase todo corno da África, semeando dívidas em nome de ajudas.

Assim, enquanto a França se especializa no domínio de exploração marítima com a sua G8, a China especializa-se nas áreas terrestres. É por isso que, a China aparece como a solução dos longos problemas dos africanos, problemas ligados com estradas esburacadas, aquelas deixadas pelos colonos, falta de furos de abastecimento de água sustentável e tantos outros problemas que África enfrenta resultantes da má governação dos líderes africanos. 

Portanto, este Mundo caminha em direção a algum rumo. Só que, esse rumo parece ser sem rumo. O pior de tudo, é que já não temos mais ismos a seguir, porque os ismos que outrora fundamentaram a Modernidade sólida, aquela de Descartes, se foram quando os coveiros de Nietzsche enterraram Deus na Gaia Ciência.

Agora ficamos com as "cracias", ancoradas na democracia, dolarcracia, finançocracia, eurocracria, rublocracia chinacracia, burocracia, embora sejam ainda sustentadas pelo grande "ismo" do sistema capitalista. Eis a genialidade do capitalismo astucioso.

A Dialética das fonias neste Mundo Hiper-Líquido - (hiper, porque é da exacerbação) (líquido, porque é marcado pela fluidez) com a ideologia capitalista, instaurado num Mundo livre mas sem justiça, continuará sendo o sustentáculo da sociedade contemporânea ou, os BRICS, com sua a ideologia socialista, que tornado o Mundo mais justo mas sem liberdades tratarão novos ares de cidadania?

Talvez será um certo instinto biofilactico, o desejo de continuarmos ainda vivos que irá nos permitir ir aguentando?

Sei lá?

Enfim, são questões sem fim.