Leonice Silva Ferreira

A escritora Bernadete A. Gatti, no seu artigo intitulado “Enfrentando o desafio da escola: princípios e diretrizes para a ação”; aborda como os indivíduos envolvidos na educação devem mudar certos “achismos” que provoca muitas mudanças no sistema de ensino, nos quais os resultados nem sempre são satisfatórios, mudanças essas que leva em consideração apenas uma realidade.

            A mesma discuti algumas abordagens que postas em prática trará grandes conquistas, e o ensino de forma geral será de sucesso e não de fracasso. Essas abordagens se postas em movimento vai tirar a educação dessa situação crítica que a mesma se encontra.

            Para que essas mudanças possam acontecer Gatti aponta quatro pontos que devem ser postos em prática, “da afirmação de direito subjetivo à educação básica, da necessidade de avaliação das ações técnicas e dos progressos das crianças para realimentação pedagógica e administrativa do sistema”.

            O primeiro ponto “afirmação do direito subjetivo à educação básica, segundo a estudiosa embora haja certo empenho a respeito dessa educação que envolve diversas instâncias e até afirmam parcerias para realização do plano, mas que são ideias que não chegam a sair do papel, na hora da realização por andamentos os administradores de ensino escapam ao que foi posto. “A razão fundamental para se oferecer educação...para todos é simplesmente o direito subjetivo de todos de ter acesso aos recursos necessários à vida social nos dias de hoje “ (p.6). A partir dessa raiz deve se ter uma educação de qualidade afirma Gatti.

            A respeito da “mudança de foco de atenção e de ação, Gatti aponta que deve haver a descentralização” da preocupação que se têm quanto às estruturas centrais de administração e de apoio técnico. Essa deve ser o foco de cada escola, a partir de reflexo do que a escola precisa de forma concreta para que o ensino possa acontecer nesse espaço que deve estar qualificado para melhor entender cada aluno no seu processo de aprendizagem.

            No terceiro momento a estudiosa fala sobre, “equidade, parâmetro ético na educação básica”. Assim, afirma que a equidade não é uma característica do sistema da educação, mas que poderá contribuir para que as diferenças dramáticas que se observa sejam na distribuição das rendas ou mesmo sobre o domínio das habilidades básicas iriam diminuir. Essa equidade quando realizada facilitará o acesso à escola e maior permanência das crianças menos favorecidas no sistema educacional.

            Essas distribuições seriam feitas com base na equidade vertical que permite aos desiguais serem tratados de acordo com as suas necessidades e a equidade horizontal que garante o tratamento para quem está na mesma posição. Para isso deve-se ainda fazer uma reflexão e negociação por meio de parcerias para que a equidade se estabeleça no conjunto das redes, para que não haja grandes diferenças entre escolas municipais e estaduais.

            No quarto momento trata sobre a importância de acompanhar as ações no âmbito escolar e avaliá-los, o que acontece de fato se o sistema é bem gerenciado, com o intuito de não só criticar, mas desenvolver ações de análise concreta, por meio dessas observações para qualificação do ensino.

            A autora afirma também que “avaliar não é punir, pois possibilita agir inteligentemente para a solução de problemas que aparecem no sistema de ensino”. Com base nesses princípios norteadores a estudiosa aborda as diretrizes que permitirá o enfrentamento desses desafios para provocar mudanças. Sendo o “fortalecimento e melhoria da escola”, que deve englobar não apenas a parte física, mas também a valorização do professor e os insumos pedagógicos que serão oferecidas a professores e alunos. Observa ainda que é necessário a “modernização e melhorias dos processos de gestão”, pois assim a gestão não estará agindo a partir de interesses de alguns, mas para isso acontecer tem que ter um comprometimento com o interesse de todos.

            Em seguida Gatti aborda a “construção e conquista de parcerias embora já existentes entre a União, os Estados e os Municípios, que nem sempre é eficaz”. “Para que estas parcerias se efetivem são necessárias, antes das decisões e implementações de ações, consulta mútua e discussões sobre a locação de recursos e revisão das formas de captação e repasse desses recursos” (p. 9). Por causa da falta dessa reflexão que muitas vezes essas parcerias ainda devem ir além, pois os diversos segmentos da sociedade e organizações devem estar envolvidos nesse processo visto que somente iniciativas e recursos do Estado são insuficientes.

            A autora conclui suas abordagens discorrendo sobre a importância da gradatividade, da cumulatividade e continuidade no ensino, por isso os envolvidos devem se ater a responsabilidade dessa sequência para que se tenha de fato o sucesso dos alunos envolvidos nesse contexto. Assim critica e aponta como desperdício de força e recursos as constantes mudanças que na maioria das vezes se operam apenas sobre “achômetros” e trocas de administração, em que se substitui isso por aquilo sucessivamente no vazio e sem uma razão concreta.

Referência Bibliográfica

GATTI, Bernadete A. “Enfrentando o desafio da escola: princípios e diretrizes para a ação”. Cad. Pesq., São Paulo, n.85, p.5-10, maio 1993.