3ª ETAPA DA CRISE (1)

Welinton dos Santos é economista e psicopedagogo

A crise mundial entra em uma nova fase, o emprego passa a ser a bandeira da política internacional. A primeira etapa foi à queda de credibilidade do sistema financeiro mundial, provocada pelo sistema hipotecário americano, com repercussões nas bolsas de valores e no sistema bancário global. A segunda fase foi marcada com queda da produtividade industrial, diminuição do crédito e do fluxo de capitais em circulação no mundo. A terceira fase é a questão do emprego, como criar novos postos de trabalho numa economia em processo de reestruturação.

O protecionismo defendido por vários países como o de nosso vizinho a Argentina mostram de forma clara a fragilidade do sistema econômico daquele país que sofre com desequilíbrios de competitividade, investimentos, credibilidade e perda dos valores de commodities que é base de parte da economia daquele país. Eles acreditam na intervenção maior do Estado aumente o volume de empregos.

Emprego não é gerado com estatizações ou protecionismo, quanto maior for o processo de intervenção do Estado no sentido da estatização ou na proteção de seu mercado, maior será a dificuldade de recuperação econômica e consequentemente de criação de novas frentes de trabalho.

O Brasil está direcionando suas atividades econômicas cada vez mais para o setor de serviços, onde há a maior concentração de emprego no mundo. Alguns dados interessantes: o Brasil já é a 13º economia de turismo e o 5º maior empregador em potencial do setor, olhando por uma ótica otimista, sabemos claramente que existem inúmeros espaços a serem explorados neste seguimento que demandará um volume enorme de mão-de-obra, porém, esta precisa ser preparada. Antes da crise comentava-se sobre a falta de profissionais especializados no mercado, isto ainda perdura, pois, muitas vagas de emprego encontram-se abertas por falta de profissionais adequados as funções oferecidas, portanto, investir em treinamento e aperfeiçoamento profissional é de suma importância para enfrentar os contrastes de nossa economia. Os vários níveis de desenvolvimento e modernização empresarial deixam claros que o pilar da empregabilidade está voltado para novas oportunidades que começam a ser exploradas em seguimentos de informação, construção civil, comércio e outros que valorizem a comodidade e praticidade do atendimento ao cliente.

O empreendedorismo pode ser forte aliado na criação de novos negócios. Hoje existe material didático disponível para acesso há muitos dos empreendimentos existentes no mercado, com cartilhas, informações, dicas de gestão e orientações de mercados, portanto a prática de abertura de um novo negócio está cada vez mais acessível. Um plano de negócio bem elaborado pode auxiliar na criação de renda e trabalho.

Fomentar tecnologia, produtos e serviços é outra ferramenta importante para criação de novos postos de trabalho e que a FINEP está realizando no momento.

Existem setores da economia que podem ser melhores explorados no desenvolvimento de oportunidades de emprego, dentre eles: a economia solidária; o setor de educação de interação social; a pesca esportiva; a psicultura; recuperação ecológica de áreas degradadas; setor sucroalcooleiro; setor artístico de valor agregado; logística; o combustível limpo – energia renovável; na agricultura a biomassa; eficiência energética gera empregos com energia solar ou aeólica, com aquecedores solares, reuso da água, otimização de processos de utilização de energia, dentre tantos outros que podem gerar uma cadeia de milhares de empregos. O crescimento do emprego verde é fundamental para a preservação do Planeta, a utilização da informática ecológica; aumento do processo de reciclagem para o setor de construção civil, que aumenta a eficiência e diminui o desperdício, proporcionando queda de custos da construção. A cadeia produtiva petrolífera gerará novas frentes de trabalho.

A indústria nacional tem capacidade de absorver parte dos processos produtivos de países mais desenvolvidos, que contam com custos de pessoal elevados.

A riqueza de nichos de mercados que podem ser explorados no Brasil mostram que no momento da criação o povo brasileiro aprende a buscar novas alternativas de ocupação profissional.

Várias expectativas reais de geração de emprego e renda existem no país, não podemos ficar de braços cruzados com medo da crise, as oportunidades batem à porta dos que a procuram.