EM EDUCAÇÃO, SOMOS A SOMA

Por sebastião maciel costa | 21/07/2023 | Educação

Em Educação, somos a soma.

        A educação é essencial para a manutenção da vida, nos moldes em que as sociedades se organizam em busca de mio que assegurem plena qualidade de vida, no entanto, a educação sistêmica é um  elemento escasso para a grande maioria da população em idade escolar. Esse, com certeza é um dos principais entraves que dificultam os avanços que os tempos nos impõem.

        Em que pese a nomenclatura EDUCAÇÃO está intimamente associada à ESCOLA, muito se tem discutido que, na verdade, não cabe à escola primordialmente, a tarefa de educar já que esse é o papel da família que, em educando, prepara a criança para quando chegar à escola, esteja apta a receber confortavelmente a escolarização dos conteúdos programáticos que darão suporte para a aquisição do conhecimento necessário ao seu desempenho profissional e social de que tanto  as sociedades futuras necessitam. Aqui, se pretende estabelecer esses dois aspectos, como eixos fundamentais para a construção de pessoas íntegras capazes de sentir o prazer em fazer bem, o que bem aprendeu a fazer: ser protagonista de fatos que satisfazem a si mesmo e aos outros, de modo  permitir que todos avancem e obtenham os melhores resultados.

        Segundo pesquisas oficiais cerca de 2 milhões de jovens (crianças e adolescentes de 11 a 19 anos) estão fora das escolas no Brasil, seja pelas dificuldades enfrentadas pelas estruturas sociais relacionadas às políticas públicas ou pelo histórico eminentemente agrícola que se arrasta em alguns segmentos, entraves esses acentuados por crises, endemias, pandemias, extensão territorial que justifica as grandes distâncias entre as pessoas e as escolas, fazendo com que a escola deixe de ser prioridade para muitos que precisam laborar pesadamente pelo seu próprio sustento.

       Esse eixo tem estado presente nos mais variados debates educacionais pelo país inteiro e entender os motivos para ele ser uma constante pode ser um primeiro passo para buscar diferentes soluções para uma temática sempre oportuna. Pesquisadores da Universidade de São Paulo, constatam que para a compreensão do tema é importante entendermos o papel da escolarização obrigatória. “A educação é um direito do cidadão e é dever do Estado oferecer a escola e garantir as condições para a permanência do estudante”,

       A Educação, enquanto referência que “habilita” o ser humano para assumir o comando da vida, é um elemento essencial para a sobrevivência do sistema social que sempre permeou as relações entre o homem e as demais espécies de vida sobre a terra. Sabe-se que a cada dia ela está se tornando cada vez mais escassa. Na história da humanidade, os “instruídos” desempenharam função elementar no surgimento e manutenção das civilizações.

          Existe até um trocadilho que afirma “ o difícil é apender a ler, pois o resto está escrito” Ora, aprender a pressupõe uma ação desafiadora de se superar diante de quaisquer fatos ou problemas. O ler aqui não se refere ao letramento mas, à capacidade de se obter uma “leitura” dos fatos, dos ambientes, do tempo, das realizações, da sociedade a fim de se obter condições para um julgamento baseado em argumentos e fundamentos bem fundamentados. A leitura que se faz das atuais sociedades em relação à educação considerada estrutural ou sistemática é de um problema muito sério, que exige posicionamentos firmes e definitivos para todos os segmentos que compõem os grupos sociais, organizados como estão.

       Não oferecer uma educação de qualidade em todos os níveis é negar que haja interesse em formar pessoas capazes de assumir o controle das situações de rotina nos mais variados espaços da sociedade humana. Ler o que não está escrito é alcançar  o sentido que os fatos dão à vida; ler o que está escrito já é um privilégio daqueles que tiveram acesso à formalidade educacional tão decantada por todos os governos em todas as sociedades de todas as épocas. Urge que encontremos alternativas para assegurar o efetivo acesso a todos os brasileiros à escola de qualidade que possa absorver crianças, adolescentes, jovens e adultos que egressos de um sistema educacional doméstico seguro possam estar preparados para assimilarem a sistematização de conteúdos, fazendo da escolarização um processo de cristalização de cristalização de conteúdos que transformados em conhecimento possam assegurar melhor desempenho de todas as funções inerentes a um cidadão que teve a oportunidade de aprender a ser.  

        No Brasil, o acesso a uma educação de maior qualidade é aquele que possui condições de arcar com um ensino privado, ou seja, as pessoas mais ricas do país, o que demonstra que a desigualdade social impacta no acesso à educação. Ora, se a alternativa para se assegurar acesso à educação passa pelas condições de vida quem levam as nossas populações, o foco será tentar reduzir as desigualdades sociais tão visíveis em todas as regiões do país, visto que um dos maiores motivos de evasão escolar se dá no ensino médio por adolescentes que precisam trabalhar, seja no ambiente externo ou em casa. Os espaços escolares caracterizam-se como espaço de poder e em decorrência da função específica de ensinar se torna desigual, pois passou a valorizar saberes, hierarquizar conhecimentos e oportunidades, selecionando os indivíduos, entre os melhores e os piores. Mas a expressão educar vai além do que transmitir conhecimentos. “Precisamos humanizar pessoas para transformá-las em elementos titulares de ações e de passos que edificarão a espécie.“

       Se desejarmos a superação gradual das desigualdades de oportunidades, é preciso lutar para que a escola assuma e real  o protagonismo que merece, pois, somente no seu espaço que poderemos vislumbrar  uma transformação da escola enquanto instituição e, da família como formadora de pessoas que farão da escola o espaço de confirmação da grandeza do ser humano frente aos seus destinos.

         Enquanto conjunto de atos e métodos que somam esforços e recursos a Educação responde por 100% de todas as instâncias de formação  do futuro da espécie enquanto soma de conhecimentos, soma de oportunidades, soma de experiências e perspectivas. Somando valores, tradições e conceitos, agregando conquistas e tecnologias que perpassam pela inteligência artificial, precisamos focar na alma de cada um, a  possibilidade de se dá os passos individuais que somados a outros tornar-se-ão  veículos de avanços, estabilização de conceitos e abertura de caminhos.

  • Sebastião Maciel Costa