Em Defesa do Presidente da República

Por Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho | 21/07/2025 | Política

As análises dos comentaristas políticos brasileiros a respeito da atual crise diplomática e comercial com os EUA, tais como postadas nas redes sociais e em todos os rincões da internet, são ridículas. Repito: quaisquer tentativas de atribuir a responsabilidade, pela escalada de tensões entre o Brasil e os EUA, ao atual Presidente da República, não passam de falácias.

Digo isso não somente por meio da reiteração de argumentos expressos nos outros artigos que postei sobre o assunto, mas também pelo fato de não se poder atribuir responsabilização, a quem quer que seja, em razão dos eventuais danos no modo linear. É uma culpa que o próprio Direito se mostra incapaz de nortear. A exemplo, é como se uma pessoa que sofresse a perda de um parente num acidente de avião quisesse processar um descendente de Santos Dumont pelo ocorrido, pois, se este último não tivesse dado vazão à sua invenção, o parente falecido não voaria, e, por consequência, não morreria. Afinal, numa contra argumentação infalível, diz-se que haveria inúmeras variáveis a serem consideradas se o avião não houvesse sido inventado, como os fatos de que os pais de muitos de nós não teriam se conhecido num destino estranho a ambos, e, assim, vários de nós não teriam nascido. Então, não há como processar.

Da mesma forma, como a direita truculenta e tendenciosa gosta de afirmar, são eles simpatizantes do armamentismo ilimitado dos “cidadãos de bem” (que, de um momento ao outro, podem se tornar assassinos) porque, vejam só, “armas não matam pessoas, e, sim, pessoas matam pessoas”. Realmente, é uma analogia a respeito da situação referida no parágrafo anterior (já que aviões não matam pessoas, mas sim imperícias, casos fortuitos ou forças maiores, de modo que o diferencial subsiste no fato de que aviões não foram inventados, especificamente, para matar pessoas). Odeio armas e penso que, sequer, deveriam ser fabricadas. Mas, na realidade cruel em que viemos, como nos casos dos aviões, não há como responsabilizar os inventores da pistola, ou seus descendentes, pelo tiros que alvejaram vossos parentes. Como é uma hipótese que resta impossível, deve-se responsabilizar quem puxou o gatilho. 

E quem puxou o gatilho, deflagrador da atual crise diplomática com a imposição de tarifas a cinquenta por cento sobre todos os produtos brasileiros exportados para os EUA, foi Donald Trump, induzido ou instigado por Eduardo Bolsonaro. A ambos, desta forma, deve ser atribuída a responsabilidade (somente ao Presidente da República e ao Ministro das Relações Exteriores, constitucionalmente e como tem sido feito, cabe conduzir a política externa do Brasil, e não a pessoas que, ao atentarem contra os interesses do Brasil, cometem crimes contra a segurança nacional, advocacia administrativa, usurpação de função pública, tráfico de influência, desacato e outros tipos penais a lhes serem imputados pelo Procurador Geral da República, se, um dia, retornarem ao país).

Agora, podem me perguntar se Eduardo Bolsonaro deve ser responsabilizado se você perder o emprego. Pelas argumentações que fiz neste artigo, é lógico que não, pois, como dito, é uma variante temporal não considerada. Mas só as condutas logo acima descritas já seriam suficientes para, somadas, lhe darem uns bons anos de cana (como “papai” gosta de atribuir aos outros…).