Em Defesa da Opus Dei, dos Arautos do Evangelho e da Igreja Católica Apostólica Romana em Geral

Por Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho | 02/05/2025 | Religião

As percepções que temos sobre outras culturas, ou a respeito de demais opções de vida dentro do nosso próprio modo de ser, dependem, em grande parte, das informações que nos são passadas pela mídia. Por exemplo, em razão da onda de ataques terroristas perpetrados por muçulmanos na Europa durante a década de 1980, apropriou-se das pessoas, no Ocidente, a falsa ideia de que o Islã é uma religião de assassinos, e não um oprimidíssimo grupo cuja minoria ínfima responde, travestida de argumentos religiosos, com ainda mais violência. Uma clara evidência do preconceito se deu quando, em abril de 1995, houve uma explosão criminosa que levou abaixo um prédio inteiro em Oklahoma, nos EUA. Muçulmanos nos EUA foram atacados, suas casas e negócios depredados. No final, o FBI descobriu ter sido o autor da barbárie um americano, cristão e militar veterano da Guerra do Golfo (Timothy MacVeigh), que acabou condenado à morte e executado em 2001.

Esse preconceito destrói vidas, mais ainda que as vidas ceifadas pela minoria de fanáticos.

Trazendo a discussão mais para o âmbito doméstico, tem se popularizado, nos filmes e livros há alguns anos exibidos e publicados, a ideia de que sociedades secretas, ou prelazias católicas romanas, são afetas ao fanatismo. Nas referidas mídias, a Opus Dei ("Obra de Deus", uma prelazia reconhecida pelo Vaticano, e fundada pelo religioso espanhol Josemaria Escrivá no final da década de 1920) é retratada como uma seita de fanáticos que recorre, inclusive, a grilhões de auto mortificação como forma de expiar os pecados existentes nos pensamentos dos fieis. Caros, a Opus Dei é, sim, um grupo altamente conservador, cujo principal objetivo é assegurar a chegada de seus membros à condição de santidade de facto por meio de uma rotina de trabalho dura e disciplinadora. E o Vaticano, corretamente, nada fez em seu detrimento: ao contrário, as ordens emanadas dos Papas dizem respeito, tão somente, à concessão de maior ou menor liberdade litúrgica e ritualística aos seus dirigentes. Claro que, em razão da atual não presença, na Igreja Católica Apostólica Romana, de uma mentalidade medievalista, se o Papa tiver provas de que a Opus Dei mantém em cárceres privados menores, humilha-os, ou, de qualquer outra forma, agride sua saúde física, mental e psicológica com métodos como humilhações e rigidez excessiva, vai dissolvê-la (ou, no mínimo, cambiar seus dirigentes da sede no país em questão). Mas, até o momento, não há evidências de quaisquer abusos cometidos contra menores, ou de uma auto mortificação de maiores que não seja de forma livre e consciente. Até mesmo porque, como dissemos, é uma sociedade secreta (lembro-me bem de, em vários noticiários sobre as festividades de Páscoa, mundo afora e em anos pretéritos, ter visto fiéis maiores de idade que se deixam crucificar para alcançar a graça, em países remotos como as Filipinas, e ninguém fala em punir os organizadores de tais festividades). É claro que recomendo que ninguém, absolutamente ninguém se auto mortifique.

Outra organização que, injustamente, aparece de forma jocosa na mídia são os católicos romanos dos Arautos do Evangelho, cuja fundação se deu pelo religioso brasileiro João Chá, também no século passado (creio que na década de 1960)

Por fim, como os detratores não têm argumentos a, diante do aumento do número de afetados por doenças sexualmente transmissíveis, pelas drogas e pela desagregação de toda uma estrutura que forjou nossa civilização como ibero-americanos, brasileiros e ocidentais, apelam para acusações destituídas de fundamento, utilizando-se muitas vezes das figuras de crianças, conservadoramente educadas pela Opus Dei ou pelos Arautos, para inventar supostos abusos que, na sua maioria, são falsos. Se há abusos, seja na Igreja como um todo, na Opus Dei ou nos Arautos, que sejam devidamente investigados e punidos, como mandam o Código de Direito Canônico e as leis laicas dos países onde ocorreram. E, se houve prevaricação de quem deveria investigar e punir, que sofra as devidas sanções. O que não se pode admitir é que tentem destruir uma Instituição que, como todas, tem suas mazelas, mas hoje é transparente, porque daí vamos querer eliminar toda a civilização humana, cujo erro doloso, embora onipresente, é minoritário.