“ELES SÓ FALARÃO QUANDO SOUBEREM O QUE SÃO”

Síntese do mecanismo fundamental do Cover-up, tão perfeita que une a todos, céticos e não-céticos, ufólogos ridicularizados e cientistas destemidos.

 

 

O “Senhor do Sigilo Total”, absolutamente vitorioso em sua engendração aparentemente injusta, já dava sinais de agir com toda liberdade desde a década de 80, quando começaram a cair de cansaço os primeiros ufólogos que acreditavam na hipótese extraterrestre para explicar os “estranhos céus” de que falava Arthur Clarke. Aquela citada liberdade começou com a série “Os Invasores” (1967/68), denunciando a invasão silenciosa do inacreditável; depois pulou para um seriado chamado “Projeto UFO”, de 1978/79, mostrando o quanto o Governo tratou de esconder a verdade; expôs-se espalhafatosamente em “Arquivo X” (1993) e depois numa série de outros filmes e seriados, os quais será uma injustiça não citar aqui (perdão). Todavia, ele se expressou mesmo, e de modo avassalador, foi com o lançamento do livro “Intruders”, de Budd Hopkins, transformado em filme anos depois.

Na oportunidade de falar isso agora com a mesma (?) liberdade deles (e talvez protegido pela própria desmoralização do assunto por eles promovida), vou me adiantar para registrar aqui o trecho excepcional onde a chamada “revelação cara-de-pau” foi divulgada abertamente, sem nenhum freio ou censura de qualquer espécie, provando ser no fundo encomendada pelos poderes que a premeditaram.

O trecho é o seguinte. Atente o leitor que ele será iniciado com << e encerrado com >>.

<< - Sou o general Hanley. Grato por vir. Aceita um drink?

- Não.

- Ok, Morritz. Feche a porta, por favor. [O mordomo já sabia que devia sair]. Sente-se.

- Muito obrigado.

- Li seus textos. Sobre Associação Psiquiátrica. Causaram comentários. Mas não ligamos para essas histórias de discos voadores... que aparecem em manchetes de quaisquer jornais. De fato, até as incentivamos. Mas, quando alguém como você, se envolve, nos preocupamos.

- Por que?

- Pela sua posição. Está na comunidade psiquiátrica. De você... Algo assim não seria facilmente desacreditado.

- Por que deveria?

- Contarei uma história. Hipotética, é claro. Suponhamos que um grupo foi criado para investigar um estranho fenômeno. E suponhamos que contamos com gente desse grupo, brilhantes homens, para desvendar tal mistério. E para ficar quietos até então.

- É um desses homens, Senhor?

- A maioria deles já morreu. Como disse, foi há muito tempo. O problema era que ninguém desvendou, apesar de se saber que havia algo lá. Não há dúvidas disso. Algo extraordinário. Mas quem?, por que?, o quê? E onde? Não sabiam. Não mesmo. Quer um charuto?

- Não.

- O presidente que formou o grupo decidiu esconder isso, chamando de “Projeto Negro”... Não detectável ao Congresso ou às Administrações. E finalmente quando surgiram respostas... O líder do grupo devia informar ao Presidente. O dia ainda não chegou.

- A história é interessante... Desculpe, mas nenhum grupo, governo, ninguém, nem o presidente, pode tomar esta decisão.

- Tudo bem. Então vamos supor que houve algo mesmo. O que aconselharia?... Que o presidente fosse à TV e dissesse ao povo... que temos prova de uma cultura superior... que vem sei lá de onde... talvez do espaço ou de outra dimensão. Estão abduzindo nossos cidadãos... fazendo experiências, coletando espécimens de óvulos e esperma... engravidando mulheres e depois invadindo seus corpos... e roubando o feto... por razões desconhecidas. Nosso mundo é baseado em fatos reais. Podemos fechar os olhos e dormir à noite... pois o mundo que conhecemos hoje existirá amanhã... Dois dias ou uma semana depois. Então, repito, até que não saibamos do que se trata... ou tenhamos respostas concretas, a política do Governo continua. Não existe nada. É só ficção científica, uma idéia muito maluca.

- Por que me chamou aqui?

- Gostaria que nos ajudasse a descobrir as respostas. Precisamos de gente como você. Agora, estão dispostos a fazer um bom acordo. E vão mostrar-lhe coisas que nunca sonhou.

- Não se tiver que manter segredo.

- Isso mesmo.

- Sinto muito, general. Não posso ajudá-lo. Se for só isso...

- Está sendo tolo.

- Talvez... Mas é isso que penso. Muito obrigado, Sr.

- Dr. Chase... Você será um homem muito solitário. Mas já deve saber disto. >>

 

Eis aí o grande diálogo do livro e o grande momento do filme, reproduzido a partir das legendas da edição em VHS. O que aí ficou patente? Duas coisas: Que os militares realmente engendraram o Cover-up, e que nem eles mesmos sabem o que são os discos voadores!... (Coisa, aliás, também expressa num outro diálogo do livro, onde um ufólogo diz justamente isso: que não sabe o que são, e se perguntado a 100 ufólogos, serão ouvidas 101 respostas diferentes!). O próprio Joseph Allen Hynek, considerado o pai da ufologia, também jamais expressou qualquer certeza de que tivesse chegado a saber o que são, até o momento em que pesquisava o assunto.

Resta saber se a atitude dos militares, expressa no diálogo supracitado, foi e é correta ou se o personagem do Dr. Chase estaria certo ao dizer que não ajudaria na busca das respostas, exceto se pudesse divulgar tudo (o general aí o chamou de tolo, e ele respondeu que talvez fosse mesmo). Hoje vejo que foi mesmo. Pois, portanto, para quê e por que espalhar uma notícia tão escabrosa que poderá deixar mulheres grávidas insones de pavor, crianças traumatizadas ou cidadãos indefesos em suas próprias casas?... Não seria tolice contar um segredo desses, da mesma forma que seria uma tremenda tolice uma esposa contar a um marido infiel que a linda moça que ela o apresentou transa com todo mundo? Não seria aquilo que o matuto chama de “dar carne a gato”???

Finalmente, o que dizer dos céticos e ufólogos descrentes da nova geração? Infelizmente, só uma hipótese se aproxima com lógica, expressa em duas possibilidades: (1) ou eles se cansaram de esperar e no desespero do silêncio revoltaram-se e negaram tudo, lançando-o na conta da ignorância ou enrolação de falsos ufólogos; ou (2) eles foram de fato alcançados por mecanismos remotos de “dedilhação” cerebral, talvez construídos por ETs, os quais fizeram de seus subconscientes a chave de expressão da vontade dos agentes do silêncio, até ao ponto de conseguir com que seus “conscientes de ufólogos” (se é que eram) chegassem a negar tudo aquilo com o qual vinham lidando!. Esta é, pelo menos, a hipótese inexorável com a qual teremos, todos nós, que dormir em nossos lares inseguros: “Estão certos os militares: para que saber de outras ameaças ao nosso lar, se bandidos e traficantes já sepultaram nossa paz há séculos?”. Então, sim, durmamos com um barulho desses...

 

 

Prof. João Valente de Miranda

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