Estudos epidemiológicos sugerem que a ejaculação precoce (EP) é a disfunção sexual mais frequente entre os homens. De acordo com dados norte-americanos, cerca de 21-30% dos indivíduos com idade entre 18-60 anos apresentam ejaculação precoce. A ejaculação precoce (EP) é definida como ejaculação que ocorre com estímulo sexual mínimo, de forma recorrente ou persistente, antes, durante ou logo após a penetração. A EP é considerada primária quando ocorre, quase sempre ou sempre, desde o início da vida sexual do indivíduo. Alguns estudos sugerem que a EP primária pode estar associada a uma redução dos níveis de serotonina no sistema nervoso central, a uma hiperfunção dos seus receptores ou a existência de um componente genético. A existência de hipersensibilidade no pênis não está cientificamente demonstrada. A EP é considerada secundária quando ocorre após um período de controle adequado da ejaculação. Uma série de fatores psicológicos e comportamentais podem estar envolvidos. Um dado relevante é que cerca de 30% dos pacientes com disfunção erétil também apresentam EP. Alguns autores sugerem que homens com problema de ereção intencionalmente apressam a ejaculação para prevenir a perda da ereção durante o ato sexual. A EP, por muito tempo foi campo de atuação quase que exclusiva de psiquiatras e psicólogos, sendo a terapia comportamental e a psicoterapia os únicos tratamentos disponíveis. Contudo, essas abordagens demandavam muito tempo e seus resultados até hoje não são consistentes. Estudos posteriores deram origem ao conceito neurobiológico da EP e ao lançamento da primeira medicação via oral para seu tratamento, a dapoxetina. O papel do sistema nervoso central no controle da ejaculação foi avaliado em diversos experimentos animais, sendo a serotonina o principal neuromodulador identificado. Esses achados constituem a base para o tratamento via oral da ejaculação precoce onde são utilizadas substâncias que inibem a recaptação da serotonina (SIRS) e, por conseguinte elevam seus níveis no sistema nervoso central permitindo ao paciente maior controle sobre a ejaculação. Os benefícios terapêuticos dos SIRS são observados após1 a2 semanas de uma dose diária. Diversas substâncias dessa natureza podem ser utilizadas no tratamento da EP, tais como: paroxetina, clomipramina, sertralina, fluoxetina ou citalopram. Estudos mostram que a paroxetina possui efeito superior na inibição da ejaculação quando comparada às outras drogas. O uso de anestésicos tópicos no pênis foi sugerido pela primeira vez em 1943. Trabalhos científicos realizados posteriormente mostraram a eficácia de preparações a base de lidocaína no controle da ejaculação precoce. A combinação de lidocaína aplicada no pênis associada ao uso contínuo de fluoxetina mostrou ser superior ao uso isolado da fluoxetina. O efeito adverso da aplicação de cremes anestésicos é a redução demasiada da sensibilidade tanto no pênis como na vagina podendo resultar em dificuldade em atingir o orgasmo (a menos que seja usado preservativo). O diagnóstico de EP é fundamentalmente clínico e baseado no histórico sexual do paciente. Uma vez que o objetivo principal do tratamento da EP é a satisfação do paciente e sua parceira, as opções terapêuticas devem ser amplamente discutidas com o casal.