EJA - TERCEIRA ETAPA: UMA IMPOSSIBILIDADE EM MUITAS SITUAÇÕES DO PROCESSO EDUCACIONAL

Produzido em 04 de janeiro de 2020 e publicado na mesma data

Por: Sydney Pinto dos Santos1

Ao longo dos anos tive a percepção o quanto a EJA – Educação de Jovens e Adultos - cria situações adversas ao processo educacional, inclusive a professores, pedagogos, a gestão escolar e mesmo aos alunos, os quais muitas vezes, estes não conseguem obter notáveis rendimentos durante a sua estada na EJA, inclusive na 3ª Etapa, a que corresponde a junção e funcionamento dos 6º e 7º anos;

Constituída, principalmente por alunos, que entre as mais variedades e características apresentam uma f[1]aixa etária mais avançada, pessoas que desenvolvem suas ocupações laborais no turno do dia, assim como senhoras que além de suas atividades dentro espaço de casa, ainda convivem com os filhos pequenos, ou mesmo esposos que por falta de conhecimento e informações sobre os benefícios da educação ao ambiente do lar, impedem que suas esposas estudem, inclusive no turno noturno.

Além destes fatores, há outros relacionados ao físico do estudante, quando por suas atividades laborais e a distância onde se executam seus trabalhos diários, implica em um afastamento do alunado, inclusive agindo diretamente em um dos aspectos avaliativos e analisados pelos professores: a frequência escolar.

Diante destas questões, observa-se um baixo rendimento e permanência dos alunos até ao final do ano letivo, o que leva desde o início um grande número de desistência e/ou mesmo ou mesmo de reprovação dos alunos da 3ª etapa, o que acaba por punir a escola nas avaliações do MEC e sua posição nos índices via INEP para as escolas públicas, inclusive aquelas onde funcionam a EJA e ainda por cima no turno noturno.

Não adianta possibilitarmos o direito de acesso e garantia de permanência a escola, se existem circunstâncias e fatores e um conjunto de particularidades que preocupa professores e especialistas, assim como não consegue manter o aluno em todo o período escolar e dentro dele com um bom aproveitamento. Mesmo que a mensuração de seu rendimento não seja baseada na avaliação de todos os aspectos que as series/anos ditas normais passam.

Desta forma, vejo que pelo processo analisado como professor e técnico de escola pública em mais de 20 anos, a EJA não trouxe os resultados esperados, mas sim um desafio longe de ser superado. No entanto, mesmo com os esforços dos professores, além de passar os conteúdos e servindo como agente alfabetizador, não conseguem alcançar os objetivos almejados. Assim sendo, tem-se algumas sugestões e propostas que poderiam elencar ou dar resultados positivos, no sentido de não deixar de funcionar ou mesmo dar possibilidade de dar continuidade aos alunos que querem e se veem ainda com chances reais de prosseguir os estudos, mesmo com as mais variadas vicissitudes e imbróglios existentes e pertinentes.

Entre as sugestões mais viáveis e coerentes podemos apresentar: 1 – funcionamento da 3ª etapa no turno do dia, mas que por falta de espaço, as aulas seriam ministradas nos sábados, das 8 horas as 10 horas, com duas disciplinas cada sábado (dia); 2 – a implantação da 2ª etapa, com objetivo de alfabetizar os alunos, para posteriormente estes participarem ativamente da 3ª etapa, sem apresentarem dificuldades nos eixos leitura e escrita (principais dificuldades encontradas pelos próprios alunos na entrada direta na 3ª etapa), tendo um excelente professor alfabetizador; 3 – funcionamento da 3ª etapa, onde o 1º semestre fosse um período exclusivo de alfabetização e o 2º semestre destinado a continuidade do processo normal, com componentes curriculares, tempos e conteúdos regulares a este nível de ensino.

Quem sabe, desta forma, os alunos que ingressariam nesta etapa de ensino, se sentiriam mais motivados, interessados e seguros quanto sua continuidade dentro do espaço e do processo ensino-aprendizagem, fazendo valer sua ansiedade, objetivos e particularidades sociais. Assim sendo, vale a pena tentar e desenvolver as melhores estratégias e ações educativas eficazes e eficientes a contornarem ou amenizarem esta problemática.

 

[1] Professor da Rede Pública de Ensino – EAB/SEMED – Prainha Pará. Mestrando em Educação (Formação de Professores) UNINI.