EJA e a importância da boa formação do educador

            No Brasil, logo no período do desenvolvimento industrial, século XX, com a necessidade de escolarizar o adulto para atender às urgências do sistema trabalhista da época, não com a intenção de qualificá-lo, mas de dominar a leitura e a escrita apenas, surgia um tipo de educação que atenderia aos adultos que não tiveram acesso à escolarização na idade certa. No início, na Educação de Jovens e Adultos, os professores eram voluntários ou docentes que usavam os mesmos procedimentos que os adotados no Ensino Fundamental e Médio, por entenderem que essa modalidade era como uma extensão dos outros níveis.

            Contudo, foi a partir daí que a Educação de Jovens e Adultos começou a ser marcada por movimentos ou iniciativas de grupos da organização privada, órgãos públicos e privados ou pesquisadores decididos a enfrentar o problema de uma população que não teve a oportunidade de ser alfabetizado ou mesmo conseguir frequentar uma escola regular ou mesmo não conseguiu sair dela.

            Na perspectiva de atender às diversidades nas classes da EJA, bem como as realidades diferentes do indivíduo, foi de relevância abordar na sala de aula, temas diversos que suprissem aos questionamentos do momento social e histórico do jovem e/ou adulto como, por exemplo, religião, raça, política, gênero dentre outros. É de suma importância considerar que, o convívio entre diferentes faixas etárias, do jovem com o aluno adulto pode ser relevante à vida de ambos, pois se trata de um ambiente enriquecedor, mas, é preciso que se estejam incluídas as reais necessidades do aluno jovem.

             Mas hoje, essa modalidade de ensino já ver os jovens e adultos como indivíduos diferenciados daqueles apresentados por crianças e adolescentes, por terem vivências ao longo da vida e por não terem finalizado os estudos na época adequada, precisam de uma educação também diferenciada, principalmente para se sentirem inseridos na sociedade e no mercado de trabalho.  Em razão disso, convém ressaltar a importância da questão da aprendizagem também do professor, uma vez que, enquanto sujeito singular, que possui uma história de vida, aprende e reconstrói seus saberes na experiência e precisa atender às reais necessidades do sujeito jovem e/ou adulto, pois este precisa de um educador que tenha conhecimento da significação da formação continuada, como espaço e tempo de reflexão e de produção pedagógica, o que vem a contribuir e estimular aos professores  e dessa forma, assumir  a total  responsabilidade de  seu próprio desenvolvimento  profissional  e  pessoal e levar isso também ao educando tão diferenciado que é o jovem e/ou adulto,  e  a participar  também como  protagonista  na  implementação das  políticas  públicas educacionais  dentro do  contexto  da  Educação  para  Jovens  e  Adultos,  que  emerge hoje  como  uma das  questões significativas  do  processo  educacional e para fortalecer assim, nossa sociedade e crescimento da nação. Pois uma sociedade bem preparada poderá desenvolver e viver em harmonia com os demais povos.

            Baseada numa produção dialética do conhecimento, essa formação continuada deve ser o processo de construção e reconstrução de saberes docentes, criando novas estratégias práticas de ações e assim, desafiar o educando a produzir novos conhecimentos, pois o educador terá a responsabilidade de construir novos saberes docentes direcionados para o ensino-aprendizagem de adultos, (re) significando sua práxis pedagógica. O resgate da trajetória histórica da Educação de Jovens e Adultos remete-nos a ideia que precisamos mudar e qualificar nosso trabalho enquanto educador. Afinal, somos responsáveis por uma clientela exigente e com certa urgência de mudança. Essa (re) construção de práticas pedagógicas na EJA pelo educador deve ser considerada e analisada, as competências devem ser construídas para o exercício profissional, já que o educador necessita de um repertório de conhecimentos, de saberes fundamentais a sua prática, uma reavaliação das disciplinas, dos curriculares, do processo pedagógico, da experiência ou da prática (esta exerce uma importância fundamental na definição da identidade profissional docente da EJA), e em meio a esse conjunto de saberes, recorremos à necessidade de estabelecer algumas referências teóricas acerca da racionalidade do saber da experiência e prática pedagógica, capazes de abarcarem todo o significado e amplitude dessa dimensão do trabalho do professor. Desta forma, apresenta-se através dessa discussão, a real necessidade de uma boa constituição da EJA, esta como modalidade de Ensino e do educador de jovens e adultos levando através da formação continuada, um atendimento maior a esta especificidade da educação e que esta venha contribuir para uma sociedade crítica e reflexiva, onde todos se compreendam e conheçam seus deveres e seus direitos, trabalhando não só em prol do desenvolvimento econômico, mas principalmente social e cultural do país.

            Repensar no movimento da EJA em nosso país, é que nos permite reavaliar através  da  formação  continuada e através da construção/reconstrução de um projeto pedagógico, a constituição e formação  do  professor  e esse deve constituir saberes  e competências  específicas  para  esta  modalidade de  ensino e  também  para a constituição  da boa  educação  formal,  na possibilidade  de acesso  a  vários conhecimentos, que serão importantes para que homens e mulheres interajam no mundo de forma contextualizada, reflexiva e consciente. Enfim, podemos afirmar que a trajetória histórica da EJA no Brasil sempre sofreu interferências do contexto histórico-sócio-político, isso de acordo a cada época, e na atualidade, a ênfase na educação de jovens e adultos surge com grande relevância, e é em respeito a isso, que devemos perceber a sua grande contribuição para nossa sociedade. Se o trabalho do educador também estiver qualificado para essa modalidade de ensino, é possível oferecer uma educação de qualidade com ideais reflexivos e transformadores para todos.