Será que no carnaval todos são iguais? As diferenças sociais e o abismo que separam A e B, será que terminam ao som dos trios elétricos? Certamente que não! O carnaval que não discernia cor, condição financeira, hoje não passa de um desfile de blocos dos abastados que se divertem mostrando para os proscritos que ali na avenida o dinheiro e os cartões de crédito fazem a diversão se tornar melhor para alguns foliões.
Já foi o tempo em que o carnaval era festa popular e que todos brincavam e se divertiam num mesmo bloco. Hoje a empresa carnavalesca criou a famosa seleção, onde não há mais igualdade, não há mais a integração de todos num objetivo de ser feliz. Quem tem compra seus "abadas" e sai se exibindo em blocos cada vez mais pomposos, separando o povo assalariado com suas cordas e cordeiros que impedem até se possível, de assistir a esse espetáculo da discriminação. Resta a essa classe excluída os restos de uma festa que foi feita para alegrar os abastados e em conseqüência calar os ânimos dos que sempre comem as sobras regurgitadas de uma elite pérfida e preconceituosa.
Uísque e cachaça jamais vão se misturar, como assalariado e cartões sem limites, por isso, uma corda separa brutalmente diversão e exibição. O povo se diverte mostrando uma alegria esfuziante, embora fugaz, mas brinca e rir desatinando na avenida e muitas vezes esquece até que tudo se acaba na quarta-feira. A elite, essa exibe seu dinheiro querendo engolir uns aos outros e esquece de brincar, sua festa acaba em doses de uísque que travam a felicidade. As cordas separam classes, mas a alegria e a diversão não estão em contas bancárias. O povo ainda ironiza cantando: "Ei, você aí, me dá um dinheiro aí..."

MÁRIO SÍLVIO PATERNOSTRO