Resumo

A presença de Salmonella sp. em suínos, desde a unidade produtiva até o abate, tem importância sanitária e na saúde pública, com foco na inocuidade de alimentos, pois esse agente, além de causar enterites em animais, causa intoxicação alimentar em humanos. Entre os mecanismos de controle da infecção de suínos por salmonelas, tanto na unidade produtiva como nas baias de espera de abatedouros-frigoríficos, encontra-se a correta limpeza e desinfecção das instalações, equipamentos e utensílios em contato com os animais. Sendo assim, é necessário que o princípio ativo utilizado para a desinfecção e a forma de utilização sejam eficazes em reduzir a carga bacteriana. Diversos fatores podem estar relacionados a falhas na eficácia do desinfetante, como a concentração utilizada, a presença de matéria orgânica e a cepa do microrganismo presente no ambiente. Neste sentido, o presente estudo tem como objetivo avaliar a eficácia de desinfetantes iodofor, glutaraldeído e cloreto de benzalcônio frente cepas de salmonelas isoladas de suínos ao abate, utilizando a metodologia de diluição, com teste de suspenção, descrita pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Os produtos desinfetantes foram adquiridos no comércio local, utilizando-se a concentração indicada pelo fabricante para a lavagem e esterilização de equipamentos, tanques, latões, abatedouros e frigoríficos. Os resultados levaram a concluir que, quando utilizado na concentração indicada pelo fabricante e sem a presença de matéria orgânica, os desinfetantes testados são eficazes na inativação de salmonelas.

Introdução

A salmonelose é uma das intoxicações alimentares com maior distribuição mundial, estimando-se dezenas de milhões de casos todos os anos e resultando em mais de 100.000 mortes. No Brasil, esse patógeno é responsável por 19,16% dos casos entre 2000 e 2011, com 1660 surtos confirmados (BRASIL, 2012). A contaminação ocorre pelo consumo de produtos agrícolas não processados, como frutas e hortaliças, e alimentos de origem animal, onde a carne suína malcozida representa um risco potencial (BRASIL, 2011). Desse modo, a presença de Salmonella sp. em suínos, desde a unidade produtiva até o abate, tem importância sanitária e na saúde pública, com foco na inocuidade de alimentos, e medidas de controle eficazes devem ser implementadas em todas as etapas da cadeia produtiva. A doença é causada pela bactéria gram-negativa Salmonella sp, pertencente à família Enterobacteriaceae (DE BUSSER, 2013). Diversos sorovares de salmonelas já foram identificados, sendo alguns espécie-específicos, enquanto outros podem infectar diferentes espécies, como é o caso da S. Typhimurium e S. Enteritidis. Essas são de grande importância na produção de suínos, poi para desinfecção de salas cirúrgicas, veículos de transporte e demais materiais, 1:3 e 1:500, respectivamente. Para a diluição dos desinfetantes foi utilizada água destilada estéril. Teste de eficácia O teste de eficácia dos desinfetantes foi realizado utilizando a metodologia de diluição, com teste de suspenção, descrita pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 1993). Para determinação da carga microbiana, as cepas de salmonelas foram diluídas de 10-1 a 10- 10 em água peptonada 0,1% e realizada a contagem do número de células por mililitro em ágar padrão para contagem (PCA, Oxoid®), utilizando-se 100μl da diluição 10-6 que contabilizou, em média, 108UFC/mL. Para o teste de eficácia, foi transferido 100μl da cultura-teste da diluição 1:100 para os tubos contendo o desinfetante. Após os tempos 5, 10, 15 e 20 minutos, uma alçada (10μl) do conteúdo de cada tubo foram retirados e transferidos para tubos de ensaio contendo caldo BHI, utilizado como meio de cultura para os microrganismos. Esses tubos foram incubados a 35ºC, observando-se a ocorrência ou não de turvação após 24, 48, 72 e 96 horas. Para interpretação do resultado, considerou-se tubos com turvação como positivos - nos quais a bactéria não foi sensível ao desinfetante e permanecia ativa; e não turvação como negativos - considerando as bactérias sensíveis e inativadas. [...]