RESUMO

A lombalgia, assunto central desta pesquisa, caracteriza-se na dor lombar que pode causar incapacidade física que compromete tanto as atividades laborais quanto as atividades cotidianas. É uma das principais razões para a procura de assistência médica em face do incômodo causado, que é perturbador e leva o paciente, até mesmo, a se abdicar de qualquer função para permanecer em repouso. Dentre as alternativas de tratamento não medicamentoso, tem-se aquelas fundamentadas na prática de exercícios e seções de fisioterapia. Neste contexto, decidiu-se discutir os efeitos do método Pilates em pacientes com dores lombares, sendo este o tema do estudo. Portanto, o objetivo foi descrever os efeitos do método Pilates no tratamento da lombalgia. A metodologia adotada foi a pesquisa bibliográfica, caracterizando o estudo como de revisão bibliográfica, cujos conceitos e teorias levantadas serviram para fundamentar as discussões apresentadas. Chegou-se à conclusão de que o Pilates pode trazer benefícios aos pacientes com dores lombares, pois envolve exercícios para o fortalecimento da musculatura, condicionamento físico e equilíbrio corpo e mente, cujos estudos que associam a prática em pacientes com lombalgia demonstram que há efeitos positivos na amenização da dor e restabelecimento funcional da coluna lombar. Palavras-chaves: Lombalgia. Tratamento. Pilates.

 INTRODUÇÃO

A lombalgia, também chamada de dor lombar, caracteriza-se pela dor, ou tensão muscular, ou rigidez cuja localização é abaixo da margem costal e acima das dobras dos glúteos. Pode vir acompanhada, ou não, de dor na perna. Atualmente, é considera uma das principais causas de afastamento do trabalho e perda da qualidade de vida e funcionalidade para as tarefas do dia a dia. Em decorrência disso, tem sido expressiva a procura por atendimento em saúde para o diagnóstico e tratamento desse problema que acomete grande parte da população. Conforme pesquisas feitas sobre o assunto, verificou-se como estimativa que cerca de 60% a 80% da população mundial tem, ou terá, alguma manifestação de dor na região lombar (FRANÇA; CLARET, 2008). Muitas podem ser as causas de lombalgia e, devido à sua incidência, diversas opções de intervenção têm sido aplicadas para restabelecer a harmonia na estrutura lombar e devolver qualidade de vida e condições funcionais às pessoas afetadas. As possibilidades terapêuticas, a partir do diagnóstico, incluem medidas medicamentosas e não medicamentosas, estas últimas sendo destacadas neste estudo sobre o tema “Efeitos do método Pilates em pacientes com dores lombares”. A técnica do Pilates consiste na execução de uma série de exercícios de alongamento, fortalecimento muscular e mobilidade articular e tem sido amplamente utilizada para amenizar dores musculares e lombares, restabelecendo condições de melhora das relações musculares amenizando das dores (SILVA; MANNRICH, 2009). Dentre as causas da lombalgia, uma delas está relacionada ao enfraquecimento da musculatura abdominal, sendo esta a mais frequente e que se associa diretamente ao objetivo geral deste estudo, que buscou responder à seguinte pergunta-problema: Quais os efeitos do Pilares no tratamento da lombalgia? Portanto, o objetivo geral da pesquisa foi descrever os efeitos do método Pilates no tratamento da lombalgia, visto que o método envolve exercícios que incluem alongamento, fortalecimento muscular e mobilidade articular, proporcionando condicionamento físico que se caracteriza como elemento terapêutico para dores e reabilitação de lesões, correção de desequilíbrios musculares, melhora da postura e tonificação do corpo. Nesta perspectiva, os objetivos específicos ficaram assim definidos:  Descrever a dor lombar caracterizada como lombalgia, suas principais causas, fatores de risco e alternativas de tratamento;  Relacionar as medidas não medicamentosas e seus possíveis resultados enquanto tratamentos para dores lombares; 7  Caracterizar o método Pilates e seus efeitos no controle da dor lombar. A escolha do tema teve como motivação o interesse pessoal em conhecer o método Pilates e sua aplicação para o tratamento da lombalgia, compreendendo que a operacionalidade do método é factível para os profissionais de Educação Física. Deste modo, diante da incidência de dores musculares, buscou-se por estudar um método que pode ser realizado por professores de Educação Física sem extrapolar sua competência profissional e sem invadir a área médica em relação ao problema. A relevância científica deste estudo pode ser definida na contribuição para as pesquisas que relacionam os tratamentos fisioterapêuticos e de condicionamento físico como possibilidades de intervenção nos casos de lombalgia. Outra justificativa, desta vez de caráter social, está na discussão de um método não invasivo e não medicamentoso – o Pilates – para o tratamento das dores lombares, o que pode beneficiar quem enfrenta esse problema e busca alternativas ao tratamento medicamentoso. Como hipótese de pesquisa, tem-se que o método Pilates traz como benefícios a prevenção de lesões e o alívio de dores crônicas, dentre elas a lombalgia, uma vez que estimula a circulação sanguínea e melhora significativamente o condicionamento físico, favorecendo maior amplitude muscular e alinhamento postural.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A ocorrência de dores na coluna vertebral se destaca tanto pela eventual gravidade do caso, quanto pela sua incidência. Estima-se que cerca de 60% a 80% da população mundial tem ou terá alguma manifestação de dor nessa região, e tal perspectiva vem despertando o interesse de pesquisadores pelo entendimento de suas causas e propostas voltadas à prevenção e tratamento (MOTA; DUTRA; BARBOSA, 2008). Conforme estudo apresentado por Nascimento e Costa (2015, p.1142): A dor lombar é uma condição que pode atingir até 65% das pessoas anualmente e até 84% das pessoas em algum momento da vida, apresentando uma prevalência pontual de aproximadamente 11,9% na população mundial, o que causa grande demanda aos serviços de saúde. Entretanto, esses valores podem estar subestimados uma vez que menos de 60% das pessoas que apresentam dor lombar procuram por tratamento. Esses dados demonstram a dimensão do problema, que deve ser analisado sob diferentes perspectivas, dentre elas: do paciente que sofre com os incômodos e se vê limitado em relação às tarefas do dia a dia; dos serviços públicos de saúde em função da alta demanda por diagnóstico e tratamento, sobrecarregando o sistema e elevando seus custos; dos custos para a sociedade em razão do fator incapacitante responsável pelos índices de faltas ao trabalho, ou seu afastamento definitivo. São dimensões que se relacionam e, mesmo que se dirija esforços para esta ou aquela perspectiva, o importante a destacar é que incidência de lombalgia deve ser investigada para que haja modelos de intervenção eficientes e capazes de minimizar seus efeitos, na tentativa de restabelecer a qualidade de vida e a autonomia de quem enfrenta o problema. Mota, Dutra e Barbosa (2008) deixam claro que a região lombar da coluna vertebral tem papel imprescindível para a acomodação de cargas advindas do peso corporal, da ação dos músculos e das forças aplicadas nos movimentos e ações do corpo. É, portanto, uma região que, devido às suas funções, tem que ser forte e rígida para manter em harmonia as relações anatômicas intervertebrais e proteger os elementos neurais. Almeida et. al. (2008) acrescentam que a região deve, também, ser flexível de modo a permitir o movimento, cuja capacidade de envolver essas duas funções – rigidez e flexibilidade – é adquirida por mecanismos que asseguram a manutenção do alinhamento vertebral. Quando tais mecanismos estão em desequilíbrio, produz-se a instabilidade lombar. Uma síndrome patológica nessa região tende a comprometer, primeiro, a qualidade de vida e autonomia, passando ao comprometimento da realização de tarefas comuns ao dia a dia e, ainda, afetando a relação de trabalho. 9 Por estas considerações iniciais a respeito do tema proposto neste estudo, esta seção de Fundamentação Teórica busca uma contextualização que permita o entendimento sobre as dores lombares, aqui tratada como lombalgias, das suas causas aos tratamentos possíveis para, finalmente, discutir o método Pilates como alternativa de tratamento que pode amenizar o problema. Sendo assim, a primeira subseção, a seguir, discorre sobre as lombalgias, suas causas, tipos e tratamentos.

2.1 DORES LOMBARES – LOMBALGIAS

O termo lombalgia caracteriza uma dor que se localiza abaixo da margem das últimas costelas e acima das linhas glúteas inferiores (Figura 1). Pode se manifestar com ou sem dor nos membros inferiores (LIZIER et. al., 2012). Ainda de acordo com esses autores: São locais para origem de lombalgia: disco intervertebral, articulação facetária, articulação sacroilíaca, músculos, fáscias, ossos, nervos e meninges. São causas de lombalgia: hérnia de disco, osteoartrose, síndrome miofascial, espondilolistese, espondilite anquilosante, artrite reumatoide, fibrose, aracnoidite, tumor e infecção. O número de doenças da coluna vertebral é muito amplo, porém o grupo principal de afecções está relacionado a posturas e movimentos corporais inadequados e às condições do trabalho capazes de produzir impacto à coluna (LIZIER et. al., 2012, p.842). São muitas as discussões em torno dos fatores que causam a lombalgia. Diversos estudos apontam causas diferentes e o que emerge disso é uma falta de consenso sobre os aspectos que podem desencadear essa patologia. O entendimento que prevalece aponta, inclusive, para dificuldades de diagnóstico. Nascimento e Costa (2015), em estudo sobre o tema, verificaram que um diagnóstico específico sobre as causas da dor lombar não é determinado em cerca de 90% dos casos devido, principalmente, ao seu caráter multifatorial. Mais adiante, nesta subseção, serão descritos alguns dos principais fatores relacionados ao surgimento da lombalgia. Por enquanto, retomando o estudo de Nascimento e Costa (2015), observa-se que muitos autores relacionam a presença de dor lombar a uma multiplicidade de causas, dentre elas: fatores sociodemográficos, como idade, sexo, renda e escolaridade; condição de saúde; padrão e estilo de vida; comportamentos, como tabagismo, alimentação e sedentarismo; e ocupação, relacionada, sobretudo, a trabalhos físicos pesados e movimentos repetitivos. Outro estudo, caracterizado como revisão sistemática, foi realizado por Vollin (1997 apud NASCIMENTO; COSTA, 2015). Este fez uma comparação entre os países desenvolvidos e os de baixa renda. Nos primeiros, cuja demanda física no trabalho é menos intensa, constatou- 10 se a incidência de dor lombar duas vezes maior quando comparado com a incidência nos países de baixa renda, onde a exigência física no trabalho é bem maior. A conclusão foi que o sedentarismo pode ter maior impacto na ocorrência de lombalgia em relação à sua causa ligada ao trabalho físico mais intenso. O fato é que pela localização da dor lombar, conforme mostra a figura abaixo, a dor e o incômodo, muitas vezes, são incapacitantes para as tarefas do dia a dia, destacando a impossibilidade para atividades laborais. Sendo assim, faz-se preponderante tanto a identificação das causas quanto a procura por ajuda médica e/ou intervenção a nível, por exemplo, de fisioterapia, de modo a restabelecer algum grau de normalidade que seja suficiente para a retomada da qualidade de vida e autonomia naqueles que sofrem com este problema. [...]