EFEITO DO EXTRATO ALCOÓLICO DE FOLHAS DE SAIÃO (Kalanchoe brasiliensis) NO CONTROLE DO CARAMUJO GIGANTE AFRICANO (Achatinafulica)

O caramujo gigante africano (Achatinafulica) é um grande problema de saúde pública por ser hospedeiro intermediário de nematoides que podem causar meningocefalite e angiostrogilíase, também pode causar prejuízos econômicos significativos e danos irreversíveis ao meio ambiente, pois competem ativamente por alimento e espaço com as espécies nativas e também destroem os cultivos agrícolas. Existem medidas de controle de moluscos usando produtos químicos, porém, além da alta toxicidade de tais compostos, que podem prejudicar diversas espécies de animais e contaminar o solo, nenhum deles apresenta eficácia no controle de A. fulica. Desse modo, os extratos vegetais vêm sendo empregados com sucesso como moluscicidas. O presente trabalho tem como objetivo geral avaliar a atividade moluscicida do extrato alcoólico de folhas de saião (Kalanchoe brasiliensis) sobre indivíduos de Achatinafulica e como objetivos específicos a avaliação da taxa de mortalidade de A. fulica, a ação de repelência do extrato alcoólico de folhas de saião e a observação do comportamento de escape da espécie. Os resultados mostraram que houve certa repelência nos grupos controle positivo (C+) e tratamentos (T1, T2 e T3) provavelmente por conta do álcool etílico 70% utilizado como solvente. Quanto ao potencial de mortalidade, os resultados mostraram que para o grupo T1 o extrato foi parcialmente ativo e inativo para os outros grupos de tratamento. No teste de repelência os caramujos não apresentam comportamento de escape. Já no teste de mortalidade, grande parte dos caramujos do grupo C+, T1 e T2, exibiram comportamento de escape, ficando retraídos dentro de suas conchas, mostrando que eles perceberam a ação do álcool e do extrato.Diante dos resultados expostos, novos testes utilizando o saião devem ser efetuados, porém realizando a destilação do álcool para assim obter o extrato bruto, pois sem o álcool sendo uma variável no experimento, os dados serão mais precisos quanto ao potencial moluscicida do saião.

Palavras-chave:Achatinafulica. Moluscicida. Kalanchoe brasiliensis.

1. INTRODUÇÃO

A espécie Achatinafulica, popularmente conhecida como caramujo gigante africano, é um grande problema de saúde pública por ser hospedeiro intermediário de nematoides do gênero Angiostrongylusque podem causar meningocefalite e angiostrogilíase (FISHER; COLLEY, 2005). Também é considerado como uma das cem piores espécies invasoras do mundo (COLLEY; FISHER, 2009).

Almeida et al. (2016) afirmam que entre os principais problemas causados por A. fulica, está o impacto causado pelo consumo de hortaliças e plantas ornamentais. Nos locais,onde está introduzido, tornou-se um grave problema econômico e ambiental, pois essemolusco compete ativamente por alimento e espaço com as espécies nativas e também destroem os cultivos agrícolas (TELLES; FONTES, 2002).

Existem medidas de controle de moluscos usando produtos químicos. No Brasil, existe uma grande variedade de moluscicidas sintéticos que, geralmente, apresentam substâncias como metaldeído, carbonatos e ferros fosfatados (VALIM, 2017). Porém, além da alta toxicidade de tais compostos, que podem prejudicar diversas espécies de animais e contaminar o solo, nenhum deles apresenta eficácia no controle de A. fulica (COLLEY, 2010).

Desse modo, os extratos vegetais vêm sendo empregados com sucesso como moluscicidas, devido à biodegradabilidade e também à baixa toxidade à biota (MIRANDA et al., 2012). De acordo com Vieira et al. (2016), a literatura mostra que são muitas as espécies vegetais possuidoras de substâncias moluscicidas, como espécies das famílias Asteraceae, Euphorbiaceae, Fabaceae, Moraceae, Phytolacaceae, Sapindaceae e Solanaceae[k1] [VR2] . Cantanhede et al. (2010), realizaram ensaios com extratos de diversas partes de algumas plantas e constataram mortalidade nas populações de caramujos, em algum nível, de todos os extratos utilizados.

A espécie Kalanchoe brasiliensis, popularmente conhecida como saião, possui uma série de compostos, como saponinas, purinas, compostos fenólicos e flavonoides. Os compostos fenólicos são originados do metabolismo secundário das plantas, sendo essenciais para o seu crescimento e reprodução (JACQUES; ZAMBIAZI, 2011). Santos et al. (2009) destacaram algumas substâncias tóxicas para moluscos, dentre elas estão os compostos fenólicos. Costa et al. (2015) afirmam que a toxicidade das plantas se deve à presença de substâncias como os flavonoides.

A partir desse contexto, surge a problemática:o extrato alcoólico da folha de K. brasiliensis, possui atividade moluscicida no caramujo gigante africano?

Espera-se que os resultados mostrem a eficácia na utilização do extrato vegetal de folhas de K. brasiliensis como moluscicida, promovendo significativa mortalidade entre os caramujos[k3] ,visto que, dentre os compostos encontrados em Kalanchoe brasiliensis, encontram-se as saponinas, que são muito tóxicas se injetadas na corrente sanguínea, por possuírem propriedades hemolíticas. Cantanhede et al. (2010)sugerem que a atividade moluscicida das plantas se deve à presença de metabólicos secundários como saponinas, esteroides e flavonoides, dentre outros.

O presente trabalho tem como objetivo geral avaliar a atividademoluscicida do extrato alcoólico de folhas de saião (Kalanchoe brasiliensis) sobre indivíduos de Achatinafulica e como objetivos específicos: a avaliação da taxa de mortalidade de A. fulica; a ação de repelência do extrato alcoólico de folhas de saião e a observação do comportamento de escape da espécie.

Diante disso, torna-se necessário o uso de moluscicidas para o combate de A. fulica. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso da niclosamida como moluscicida por ser o mais efetivo e menos prejudicial ao meio ambiente, porém essa substância apresenta ação biocida, afetando outras espécies e elevado custo de aplicação em áreas extensas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). Dessa forma, o presente trabalho traz uma maneira mais sustentável e rentável de controle de A. fulica, pois o extrato é relativamente simples de se fazer, além de não ser danoso ao meio ambiente, a espécie vegetal pode ser encontrada em diversos locais, e a aplicação é fácil e rápida. [...]