O presente artigo tem por finalidade avaliar as possíveis causas de conflitos em sala deaula, bem como a ausência de diálogos entre professores e alunos, o que por diversas vezes acaba por comprometer a motivação, interesse e sua relação com atitudes consideradas como indisciplinares, analisando também os acontecimentos do dia-a-dia na sala de aula, sob a ótica de quarenta e cinco alunos em média para cada sala de aula.

Em geral, na maioria das vezes, cerca de dez professores atuam nas mesmas classes, porém de forma individual, não havendo um trabalho diferenciado, contextualizado, coletivo e pontual. Busca-se analisar as colocações de cada um sobre as dificuldades apresentadas, seus pareceres, entendendo-os e buscando compará-los à luz da Proposta Curricular do Estado de São Paulo (referencial teórico).

Por meio dessa desta será possível avaliar as questões apresentadas, bem como apontar possíveis soluções que favoreçam o bom andamento escolar que vem dificultando o trabalho do professor e seu relacionamento com os alunos.

O professor deve ser um pesquisador de suas próprias atitudes e das atitudes dos alunos, e estar disposto a realizar mudanças nas formas de trabalho conforme a realidade de cada turma, que envolvem suas características.

As propostas de sequências didáticas nem sempre poderão ser aplicadas em todas as salas das mesmas séries, cada aluno é único, assim sendo os perfis tão serão outros.

É sabido que ser professor atualmente requer um esforço sobre humano, é preciso considerar que os conceitos de família, que constituía a base de apoio da escola pública em tempos remotos, hoje já não se pode mais contar com esse recurso, a família também teve seu perfil alterado, dado às grandes transformações sofridas pela sociedade ao longo dos tempos pós- modernos.

É verdade que o professor pode ajudar a despertar o interesse do aluno, mas existem muitos outros fatores que também devem ser levados em consideração, tais como: falta de material adequado, falta de apoio da família e falta de perspectiva para o futuro, pois o aluno está incluído num contexto que pode influenciar positiva ou negativamente.

Apontar o professor como único responsável pela não participação do aluno é mascarar a realidade. Ignorar que por parte dos alunos, por razões sociais ou pessoais, não querem, não gostam de estudar, e muito menos de se esforçar para aprender, é igualmente ignorar que o ser humano é múltiplo e que cada indivíduo reage diversamente aos estímulos recebidos, é ignorar também que, por muitas dessas variáveis, não podem ser superadas unicamente pelo trabalho do professor, por melhor que ele seja e por mais que trabalhe bem e se esforce muito. (ZAGURY, 2006, p. 35)

O aluno se espelha muito no professor e,  ele deve estar aberto para conversar com o aluno não somente sobre a disciplina que leciona; muitas vezes o aluno está carente de outras informações que não as da aula planejada, esta troca de idéias, terá resultados muito mais proveitosos em seu trabalho, porque conquistou a confiança do aluno e terá um melhor relacionamento.

No entanto, é preciso ter o cuidado para que este diálogo não venha a demonstrar falta de domínio da turma, gerando mais ainda a indisciplina, pois o aluno percebe muito fácil a falta de controle do professor, o que pode resultar em situações de indisciplina. É necessário mostrar-se como autoridade que está para manter um ambiente digno de sala de aula.

É preciso entender que: “Disciplina não é um conjunto de regras, regulamento e proibições rotineiras pelas quais se controla o comportamento, embora muitas vezes seja necessária, uma série de procedimentos para assegurar a ordem e garantir um ambiente de estudo eficaz, mas é aquela que permite a atuação dos alunos numa escolha pessoal, desenvolvendo trabalhos ajustados às suas necessidades fundamentais.

Segundo ANTUNES (2003, p. 34) “É essencial que o espaço da sala de aula seja o espaço da discussão, da oposição, das divagantes interpretações”. Quando se enfatiza sobre “Qual é a escola e aluno ideal”? A resposta é sempre a mesma: “Uma escola democrática e um aluno crítico, participativo e atuante socialmente e, para que isto se concretize, urge a necessidade de adotar metodologias que abram cada vez mais espaço, para que o aluno tenha oportunidade de se expressar e de dialogar na troca de informações”.

O aluno precisa reconhecer que a escola também lhe pertence enquanto um espaço social e crítico. Para tal, necessita-se a elaboração de planos de ações em seu Projeto Político Pedagógico, contendo propostas do próprio aluno, comunidade, professores, pais, e demais integrantes do processo educacional, para buscar a criação do Grêmio Estudantil como auxiliador nos processos de interações e intermediações dos conflitos que muitas vezes ocorrem por falta de diálogo e a interação dos envolvidos no processo de comunicação.

Outro fator importante a ser objeto de análise é a má distribuição das salas de aulas, mesmo sendo heterogêneas é necessário que seja revisto o percentual de alunos do sexo masculino e feminino, sem contar a observação de incompatibilidade entre alguns alunos, deve ser considerada e propostas pedagógicos (projetos) podem oferecer excelentes resultados. De extrema relevância também, é o trabalho interdisciplinar contextualizado a situações que podem gerenciar novos conflitos e como evitá-los?

Os alunos necessitam de normas sempre e, gostam delas, a exemplo podemos observar a harmonia que apresentam quando desejam irritar o professor, são muito unidos. No entanto é necessário que todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem, trabalhem e transformem essa união vista como ponto negativo, em fator positivo. Contribuindo para a construção de uma escola verdadeiramente democrática, sobretudo a equipe gestora deve estar sempre auxiliando o professor e o aluno na conquista desse espaço interpessoal e interacional, pois é dele que demandam situações de aprendizagens que venham contribuir para uma educação de qualidade garantindo os dispostos do ECA, LDB, e as dez metas para o novo milênio, onde certamente atos de violência não corroboram para a aquisição da construção de cidadãos com competência nos diversos letramentos em todas as áreas doconhecimento globalizado.

Defendemos a tese de que o melhor caminho é o diálogo permanente e a integração de todos os participantes da comunidade escolar, onde o carro chefe é o trabalho em equipe, evitar a ociosidade dos alunos constitui fator preponderante para evitar a geração de conflitos, portanto a palavra chave deve ser comprometimento.

 Assim sendo os trabalhos desenvolvidos em aula terão maior proveito e a aprendizagem poderá ocorrer num clima participativo, em que os alunos realmente sejam educados para viver e praticar a verdadeira cidadania, exercendo seu papel com responsabilidade e respeito numa sociedade mais digna.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ANTÚNEZ, e SERAFIN. Disciplina e convivência na instituição escolar. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002.

MATOS, Margarida Gaspar de e CARVALHOSA, Susana Fonseca Violência na escola: vítimas, provocadores e outros Tema 2, Nº 1 Setembro 2001

ZAGURY, Tânia, O Professor refém: para pais e professores entenderem porque fracassa a educação no Brasil/ Rio de Janeiro: Record, 2006.