EDUCAÇÃO PARA A RESISTÊNCIA CONTRA A BARBÁRIE

Ariely Stefany Pereira da Silva[1]

Cirley Neto Santos[2]

Fabiana Alves de Andrade[3]

Josilene Cristina de Jesus Aguiar[4]

Lurdes Maciak Bertoletti.[5]

Marlene de Almeida Leite[6]

Noemi Denardin Ferreira[7]

Theodor W. Adorno escreveu a respeito da educação escolar a partir do final da década de 1950. No decorrer da década posterior participou de vários debates e realizou conferências a respeito dessa temática. A preocupação com a formação do indivíduo, esta em toda sua obra.

A adaptação tem desenvolvido a instrumentação dos indivíduos e não mais a incorporação da cultura. A escola desenvolve competências para o trabalho e para a vida sem que se possa pensar o porquê delas serem necessárias.

Numa cultura prenhe de imagens, Adorno indica a retração da imaginação; a adaptação hiper-realista cria imagens que não falam mais do que mil palavras, pois são restringidas às poucas que as seguem. Sem imaginação não há pensamento. O pensamento não deve se reduzir às formas que reduzem todo conteúdo a elas, mas a experiência intelectual deve permitir o contraste entre o que é a forma de pensar do sujeito e o objeto pensado.

Adorno propõe que a educação vise à autonomia, à emancipação. Assim, é necessário que se volte para as contradições sociais, e não tente negar a sua existência; para isso deve ser, sobretudo, política. Deve ser voltada para a crítica à ideologia que nos é transmitida pela indústria cultural. Crítica voltada para o conteúdo e para as disposições psíquicas – para a explicitação dos mecanismos utilizados nesses produtos, que visam a captar o consumidor, e o levam a manter desejos infantis. A educação deve combater a adesão irracional e irrefletida a qualquer coletivo. A escola deveria esclarecer a manipulação para seus alunos.

Para ele a educação deveria suscitar a crítica à ideologia vigente; criticou a violência simbólica, porém, sem esquecer de criticar a sua origem material. Imaginou a educação escolar como instituição necessária ao combate à violência, como formadora de cidadãos autônomos, democráticos e emancipados, sem desmerecer os limites desta sociedade.

Na educação escolar atual, a racionalidade técnica, que criticou, faz parte do pensamento administrativo, que aproxima a escola de um empreendimento comercial, já no burocrático, que facilita a educação em massa; faz parte da organização dos espaços e dos tempos escolares, na organização das disciplinas e nos conteúdos, na parafernália tecnológica, que ajuda no aprimoramento da didática, responsável em tornar o aprendizado mais fácil e mais agradável, ausentando-lhe de si, seu caráter formador.

Adorno repudia a educação pela dureza, pelo sofrimento e também a que se propõe por meio de compromissos vínculos com ideais. É contrário à primeira porque suscita impulsos sadomasoquistas, própria de uma sociedade hierárquica. É contrário à segunda, pois proporciona a heteronomia de se deixar guiar de que o próprio indivíduo não é necessariamente convicto.

Para Adorno, a formação do indivíduo em nossa sociedade tem em sua base o medo; antes reação à ameaça das forças da natureza, na civilização avançada, esse medo é suscitado por ameaças sociais, que se puseram no lugar daquelas forças, e obrigam os indivíduos a atuar em conformidade com o que é esperado. Devido a isso a educação deveria se voltar à primeira infância, quando a estrutura da personalidade ainda não está formada, e para a criação de um clima cultural contrário à violência. As crianças deveriam aprender a expressar todo medo que têm, pois quando o medo é reprimido, em seu lugar surge a violência como forma de defesa.

O combate ao anti-semitismo medidas a curto e longo prazo. As de curto prazo consistem em intervenção direta dos educadores, inclusive na família, se for preciso; rebater com firmeza e com argumentos racionais todas as afirmações anti-semitas e não ter medo de fazê-lo; as de longo prazo se referem a uma educação que leve o indivíduo a prescindir da autoridade, saiba pensar por si mesmo – ênfase na autonomia.

Promover a identificação entre os alunos é fundamental. Essa identificação envolve o afeto e as crianças deveriam ser educadas com amor, como forma de combater a frieza. Esse combate pode ser feito dentro dos limites da educação, por meio do desenvolvimento da sensibilidade, da possível identificação com os mais frágeis, de um clima cultural contrário à violência, pela crítica à pseudoformação, mas, sobretudo, por uma razão que pense em si mesma e reconheça a violência que pratica, podendo assim dela se desfazer, ou ao menos a ela resistir.   

Adorno diz: que o progresso da educação, assim como o progresso em geral, não pode ser pensado linearmente; além do que é necessário entender que ele não se tem voltado, nos últimos tempos, de modo predominante para o bem-estar da humanidade, mas para a reprodução desta sociedade. A educação deve se voltar para a realidade; qualquer forma de idealismo deve ser combatida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CROCHIK, Leon. Educação para a resistência contra a barbárie. In: Revista Educação. São Paulo, a.2, n. 10, p. 16-25, 2009.

 

[1] Graduada em: Pedagogia pela Universidade Uniserra de Tangara da Serra e Professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

[2] Graduada em Pedagogia pela Universidade Unopar e Especialista em: AEE-Especialista em atendimento Educação Especial, pelo Instituto Cuiabano de Educação e Professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

[3] Graduada em: Pedagogia pela Universidade Anhanguera e Especialista em: Ludicidade e Psicopedagogia Clínica e Institucional, pela Faculdade Futura e Professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

[4] Graduada em: Pedagogia pela Universidade Unopar e Especialista em: Educação Infantil, pela Faculdade Unopar e Professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

[5] Graduada em: Pedagogia pela Universidade Unopar e Especialista em: Educação Infantil e Letramento, pela Faculdade Integrada de Cuiába (FIC) e Professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

[6] Graduada em: Pedagogia pela Universidade Anhanguera e Professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

[7] Graduada em Pedagogia pela Universidade Unopar e Especialista em: Educação Especial/AEE, pela Faculdade das Águas Emendadas-Brasília/DF e Professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.